quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Jato da brasileira Embraer recebe permissão para voar na Rússia

Imprensa local teme concorrência do E-190 com seu par russo, o SSJ-100; especialistas acreditam que ambas as aeronaves irão encontrar seu nicho no mercado da CEI (Comunidade de Países Independentes composta por ex-repúblicas soviéticas) e que não deve-se temer a concorrência por arte da empresa brasileira.

Embraer 190 - Foto: Divulgação/Embraer

O avião regional Embraer 190, da brasileira Embraer, obteve permissão para operar na Rússia.

Apesar de a imprensa local temer uma eventual competição com seu par russo, SSJ-100 (Sukhoi Superjet), especialistas acreditam que cada aeronave encontrará seu nicho no mercado da CEI (Comunidade de Países Independentes, composta por ex-repúblicas soviéticas) e que não se deve temer a concorrência por parte da empresa brasileira.

"Recebemos a certificação para o avião Embaer 190 e agora podemos vendê-lo na Rússia", disse Jackson Medeiros de Farias Schneider, vice-presidente da Embraer, durante o “Fórum Empresarial Brasil-Rússia: fortalecendo a parceria”.

O certificado havia sido emitido pela CIA (Comissão Interestatal de Aviação), autoridade russa que concede as autorizações a aeronaves estrangeiras para operar na Rússia e alguns países da CEI.

A medida veio em ocasião oportuna. A Rússia sofre com escassez de aeronaves desse tipo. Na mostra de aviação executiva, realizada no outono passado em Moscou, a Embraer apresentou seu novo avião executivo, o Embraer Lineage 1000, uma versão da linha Embraer 190.

A aeronave é capaz de transportar, em condições confortáveis, 19 passageiros e voar nas rotas entre Moscou e diversas regiões do oriente.

A Embraer havia afirmado planejar instalar um escritório na Rússia e criar uma divisão para promover a aeronave E-190 no mercado do país.

Em entrevista à Gazeta Russa nos bastidores do Fórum, Jackson Schneider disse que a empresa ainda não tem pedidos de compra consolidados no país e está apenas em negociações.

O executivo considera que o E-190 tem mercado na Rússia e avalia sua capacidade em 300 aeronaves até 2020.

Empresas russas

A decisão de conceder a um avião brasileiro a permissão para operar na Rússia na época em que a indústria aeronáutica nacional, outrora uma das maiores do mundo, está prestes a entrar em coma foi muito audaz. 

Para apoiá-la, o governo decidiu unir as empresas isoladas em uma corporação aeronáutica unificada (CAU). Um dos frutos desse trabalho é o avião regional Sukhoi Superjet 100, concorrente direto do Embraer 190.

O SSJ é um avião mais novo, com um valor de catálogo US$ 5 milhões, menor do que o do Embraer 190, e custos operacionais cerca de 8% inferiores aos de seus pares da brasileira Embraer e da canadense Bombardier. Mesmo assim, a quantidade de SSJ em operação no mundo é extremamente pequena.

SSJ-100 (Sukhoi Superjet). Foto: sukhoi.org

Para apoiar a demanda pelo avião no país, os ministérios da Defesa e para as Situações de Emergência, o Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo) e o Gabinete da Presidência irão encomendar à CAU, fabricante do Sukhoi Superjet, 130 aeronaves no valor total de 200 bilhões de rublos (cerca de R$ 13 bilhões), informou o jornal Védomosti, citando o vice-ministro da Indústria e Comércio da Rússia, Iuri Slusar.

Também serão encomendadas aeronaves An-148 (produção mista russo-ucraniana que opera em um segmento próximo dos SSJ-100 e Embarer 190), Tu-204SM e aviões de carga Il-476.

Esse contrato pode ser a última chance para a indústria aeronáutica russa, a qual não deve ser perdida. 

Mesmo assim, especialistas estão otimistas em relação ao futuro do E-170, também da Embraer, e do E-190 no mercado da CEI.

"Até agora, no segmento de aviões a jato regionais desse tipo, tivemos apenas o An-148 (produção mista russo-ucraniana) e o SSJ-100. Esse último, porém, não está disponível no mercado secundário. Isso quando toda uma série de companhias aéreas nacionais continuam fazendo compras no mercado secundário de aeronaves. Portanto, para as empresas interessadas em colocar rapidamente em operação aeronaves com capacidade para 90 passageiros, essa é a única opção possível", disse o chefe do serviço de análise da agência especializada AviaPort, Oleg Panteleev.

“Se compararmos o E-190 e o SSJ-100, veremos que o avião russo é um projeto mais recente, utiliza sistemas mais novos de segurança de voo e oferece mais conforto aos passageiros.”

Além disso, o avião russo é mais barato e não paga direitos aduaneiros na Rússia, acrescentou o especialista.

"O SSJ-100 é bastante competitivo em relação à aeronave brasileira: detém melhores especificações, é mais barato e não enfrenta barreiras alfandegárias. A aeronave brasileira, por seu turno, está disponível no mercado secundário e apresenta melhores condições de financiamento. Obviamente, nessas condições, o E-190 tem boas chances de ganhar um lugar ao sol no mercado da CEI e da Rússia", disse o especialista. 

Competição

Enquanto no setor de helicópteros Rússia e Brasil se dispõem a cooperar, no setor de aviação os dois países parecem estar começando a competir. O que, com o tempo, só tende a aumentar.

O projeto de avião de carga militar brasileiro KC-390 têm na mira um mercado cobiçado também pela Ucrânia e a Rússia. Para tanto, a Ucrânia já atualizou seu avião Il-76 e está prestes a começar a fabricar a versão Il-476, enquanto a Rússia oferece uma linha de aviões de carga de grande porte da série An.

"Ainda recentemente, a Embraer tinha um enorme sucesso em seu segmento e estava à frente da Bombardier. Por outro lado, 2012 foi um ano de muito sucesso para a empresa canadense. Agora, a questão é saber se isso irá estimular o interesse da Embraer por uma parceria com a Rússia", disse Panteleev.

Fonte: Gazeta Russa

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