quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Transferência de tecnologia pesa no mega-acordo militar

Decisão de comprar caças, helicópteros e submarinos franceses envolve transferência de tecnologia e promessa de aquisição de aeronave de carga produzida pela Embraer

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Além de reforçar a posição da Embraer no setor aeronáutico mundial, o acordo do governo brasileiro com o francês pode abrir portas para a venda da aeronave KC-390 a outros países, na avaliação de especialistas do setor. Para eles, a possibilidade de a França participar do desenvolvimento e comprar um lote do cargueiro abre caminho a pedidos de outros países. O plano de desenvolvimento tecnológico deste avião será de propriedade do Brasil e custará à Força Aérea Brasileira (FAB) US$ 1,3 bilhão.

Na avaliação do pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Unicamp, Marcos Barbieri, a intenção da França de comprar dez unidades do cargueiro facilita o acerto de parcerias com empresas francesas no projeto do KC-390. Outros países começam a sinalizar interesse em participar do projeto em execução pela Embraer, como os Estados Unidos.

Embora tenha destacado que o interesse da França em comprar os KC-390 dá mais credibilidade ao projeto, o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Respício do Espírito Santo Junior, ressalvou que a decisão é política, uma “espécie de troca de gentilezas”, e poderá gerar protestos no futuro. É que a fabricante europeia EADS, controladora da Airbus, trabalha em um projeto bastante parecido com o da brasileira no momento.

A intenção de compra do KC-390 contou pontos a favor da França, mas o que norteou as negociações do governo brasileiro foi a transferência de tecnologia ao Brasil. O processo beneficiará toda a indústria aeronáutica brasileira. Analistas consideram que o Brasil poderá aprimorar um ponto que lhe é particularmente crítico: o de sistemas eletrônicos, principalmente aqueles que integram o funcionamento de armas e mecanismos que permitem ao piloto fazer curvas súbitas e manobras ainda mais arrojadas.

Ao deter o conhecimento para desenvolver partes complexas de um supersônico, o Brasil ganha flexibilidade, pois terá autonomia tecnológica em assuntos estratégicos e condições de manter sua frota atualizada. É de se esperar que o conhecimento técnico repercuta não só na indústria militar, mas também na civil, principal nicho da Embraer. A transferência tecnológica deve durar de um a três anos.

Fonte: Michelly Teixeira e Bethy Moreira (O Diário Maringa) - Infografia: O Diário

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