terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Empresa cria poltronas mais finas para dar mais espaço às pernas em voos

Estes assentos foram criados pela Acro com um encosto mais fino,
aumentando o espaço para as pernas

Uma companhia aérea britânica está introduzindo uma poltrona de aeronave que ocupa menos espaço e, segundo a empresa, permite aos passageiros gozar de mais espaço para as pernas na classe econômica.

A cadeira foi invenção do engenheiro britânico Chris Brady, de 1,90m de altura, que se debruçou sobre o problema em parte para resolver o seu próprio apuro.

"Eu estava cansado de bater meus joelhos no assento da frente. Nossa ideia foi criar algo melhor", disse ele.

A poltrona não reclina mas, graças a uma espécie de encosto esculpido, consegue preservar o conforto do passageiro que estiver sentado nela, ao mesmo tempo que dando mais espaço para o de trás.

"Uma expressão da simplicidade", afirmou Brady a respeito de sua invenção.

O britânico já havia trabalhado para a companhia aérea Virgin Atlantic. Em 2008, ele co-fundou a Acro Aircraft Seating perto do aeroporto de Gatwick, nos arredores de Londres, e desenhou o novo produto com ajuda e apoio da Jet2, uma empresa de aviação de baixo custo que opera voos a partir do norte da Inglaterra.

Primeiros pedidos


Geralmente, as companhias aéreas pensam as cadeiras que usam em seus aviões em termos de vida útil. As mais simples, principalmente as que não são reclináveis, têm menos peças, ou seja, menos partes podem dar defeito ou simplesmente quebrar. Daí a menor necessidade de manutenção e troca de peças.

A Acro afirma ter afinado os encostos em apenas alguns centímetros

Outro ponto importante, levando em conta o aumento no preço do combustível, é que as poltronas mais simples, sem o mecanismo para reclinar o encosto, podem ser bem mais leves.

Segundo especialistas, mesmo uma diferença pequena no peso pode significar uma boa economia para a companhia aérea.

A Jet2 já queria comprar poltronas não reclináveis, mas não conseguia encontrá-las. A companhia simplesmente comprava assentos normais e desabilitava o mecanismo para reclinar o encosto, o que não mudava em nada o peso total.

Depois de um longo período de testes para avaliar a segurança destas novas cadeiras, Chris Brady conseguiu seu primeiro contrato com a companhia aérea, que apoiou o projeto desde o começo.

Espaço extra


Em um mercado competitivo como a aviação moderna, soluções para aumentar o espaço dentro de uma cabine de avião não são exatamente fáceis de encontrar.

A retirada de uma fileira de assentos e o aumento do espaço entre as poltronas reduz os lucros de cada voo, dia após dia, mês após mês.

A Jet2, companhia aérea regional da Inglaterra, foi a primeira cliente da Acro

Saídas de emergência nas asas precisaram ser colocadas no plano do avião, então retirar uma fileira de assentos pode não significar espaço extra para os passageiros.

Um Boeing 737, por exemplo, tem a capacidade máxima de 189 passsageiros, estabelecida pela própria Boeing e agências reguladoras do governo. O espaço entre as cadeiras varia entre 73,6 e 76,2 centímetros.

Uma poltrona com encosto de 12,7 centímetros deixa apenas 63,5 centímetros de espaço para o passageiro.

Reduzindo a espessura deste encosto em alguns centímetros, que é o que a Acro e outras empresas estão fazendo, e o passageiro poderá ter até 71,1 centímetros de espaço.

Existe também um ganho de conforto devido ao material usado no estofamento. Isso porque o que parece couro nos assentos dos aviões não é exatamente couro.

A companhia E-Leather, também da Inglaterra, foi fundada por Chris Bevan, um inventor que nunca tinha conseguido emplacar suas criações. Mas ele descobriu uma forma de usar as sobras de couro das fábricas de sapatos e botas em isolamento reciclado.

A E-Leather pega o couro que vai para o lixo e o transforma em rolos de material usado para cobertura. O material atende às exigências dos assentos de aviões, é mais leve que o couro convencional e agradável ao tato.

Outra vantagem: vem em rolos, o diminui a perda de material, algo que não ocorre com o couro.

De uma necessidade pessoal, combinada com vigor empreendedor, nasceu um produto que se converteu em um negócio promissor.

Fonte: Peter Day BBC News - Fotos: Reprodução

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