Antes de embarcar, o Papa e o seu séquito subiram por uma rampa colocada a 25 centímetros do solo, apoiada por dois degraus vermelhos - uma exigência do Vaticano (que recusou, no entanto, que fosse instalado um corrimão para Bento XVI se apoiar). No exterior dos helicópteros foram colados, na quinta-feira, autocolantes com o brasão do Papa, mas a maior preocupação centrou-se nos interiores.
A cabine - um espaço de 14 metros quadrados por 1,82 metros de altura - tem ar condicionado e 16 cadeirões de pele branco-pérola, emprestados à FA pela empresa construtora dos helicópteros. No entanto, a cabine só irá transportar 12 passageiros. Quatro das poltronas têm braços de descanso e o chão foi forrado com alcatifa cinzenta. Na cabine, o Papa vai ficar sentado a 2,5 metros de distância do cockpit e terá ao lado um cadeirão vazio, só para apoiar um par de auscultadores que usará para comunicar com a tripulação - o tenente-coronel António Moldão, o major João Carita e o sargento-ajudante Manuel Parreira. De resto, até os auscultadores serão diferentes do habitual. Normalmente são construídos com esponja, mas os de Bento XVI serão de silicone, para aumentar o conforto. Perto do Papa estará sentado Manuel Parreira, que assumirá a função de operador de sistemas, e Georg Gaenswein, secretário pessoal de Bento XVI. Para o caso de alguma coisa falhar, a Força Aérea preparou uma réplica do helicóptero - com interiores exactamente iguais.
Amanhã os helicópteros vão descolar da Portela e farão um desvio para sobrevoar o Cristo Rei, em Almada. Só depois seguirão para Fátima. Primeiro descola, por razões de protocolo, o aparelho de Bento XVI, que, no entanto, será sempre o último a aterrar. Cinco minutos depois descolam os helicópteros que transportam o resto da comitiva (e uma réplica). Na sexta-feira vão sobrevoar as vinhas do Douro, depois do que devem aterrarem na serra do Pilar. Antes de regressarem ao Montijo, os helicópteros da FA reabastecem em Ovar.
F16 escoltam avião do Papa
Depois de entrar no espaço aéreo português, o avião que transporta o Papa é escoltado por quatro aviões F16 até aterrar no Aeroporto em Lisboa.
Uma missão que, apesar de inédita para os pilotos da base aérea de Monte Real, não é diferente de outras missões militares.
Carlos Lourenço, de 39 anos, é o comandante da Esquadra 301 que na manhã desta terça-feira vai escoltar o avião papal até ao seu primeiro destino.
Assim que o aparelho que transporta Bento XVI entrar no espaço aéreo português, quatro F16 da Base Aérea de Monte Real estarão posicionados para uma missão idêntica à de qualquer Chefe de Estado.
A saudação será visual e, em princípio, não será feito qualquer contacto via rádio entre os aviões, explica o Major Carlos Lourenço.
Além desta missão, os caças da Base de Monte Real vão estar em alerta no chão e outros vão sobrevoar o espaço aéreo nacional para prevenir qualquer ameaça à segurança de Bento XVI.
Para garantir que o espaço aéreo português tem segurança para receber o avião do Papa, o Comando Aéreo e Controle, em Monsanto, tem todos os mecanismos a funcionar em pleno.
Três radares e uma vasta equipa de técnicos passam a pente fino toda a zona de exclusão aérea e, durante os próximos quatro dias, todos os aviões vão estar sob vigilância apertada.
A sala do Comando Aéreo Militar, em Monsanto, é um “bunker” com acesso restrito, com turnos de 12 horas técnicos de controle e intercessão de aviões estão de olhos postos nos ecrãs.
Os três radares fazem a cobertura do espaço aéreo português e nesta altura mais do que nunca, as Forças Armadas não querem facilitar. Se durante a visita do Papa aparecer nos céus algum aparelho não autorizado, accionam-se os mecanismos de defesa, explica o Tenente Coronel Telmo Reis.
Fontes: Rosa Ramos (i-online) / Rádio Renascença