R$ 5,34 bilhões serão investidos nos 16 aeroportos das 12 cidades-sede para a Copa do Mundo de 2014. Principal porta de entrada para os turistas estrangeiros, o sistema aeroviário brasileiro é considerado o principal gargalo do Brasil, na opinião do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. “Eu costumo dizer que temos três problemas graves: aeroporto, aeroporto e aeroporto. Precisaremos necessariamente de uma melhoria nesse setor”, afirmou Teixeira em novembro do ano passado. Os investimentos visam a melhoria global da infraestrutura, pois as demais cidades também devem receber apoio na ordem de R$ 1,1 bilhão.
Com base em estudo apresentado na última segunda-feira, em reunião na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) promete ampliar para 171,8 milhões de passageiros por ano a capacidade dos aeroportos das cidades da Copa. No ano passado, a demanda foi de 104 milhões de passageiros por ano. Ou seja, em cinco anos haverá crescimento anual de 8,6% na busca por viagens aéreas. No período do evento, estipulado em dois meses, a Infraero prevê aumento máximo de 10,3% no número de passageiros. As melhorias suprem, no papel, qualquer limitação observada hoje nos aeroportos.
De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), os cronogramas de obras apresentados em janeiro pela Infraero estavam no limite. Atrasos em licitação, licenciamento ambiental ou execução de obras, e mesmo questões climáticas poderiam impedir a conclusão das melhorias previstas até o evento. “Pelo cronograma apresentado, todas as obras serão concluídas no prazo”, diz Ronaldo Jenkins, diretor-técnico do Snea. “Historicamente, porém, sabemos que as concorrências costumam causar problemas e atrasos”, diz. Como as novas programações foram apresentadas no último dia 3, o Snea ainda não avaliou os novos prazos.
Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Apostole Lazaro Chryssafidis considera os riscos de execução grandes, mas acredita no sucesso. “Diante do planejamento apresentado, a Abetar acredita na competência da Infraero em cumprir os prazos previstos, deixando o Brasil preparado para receber a Copa do Mundo”, afirma Chryssafidis. A África do Sul, que enfrentou grandes dificuldades para concluir suas obras de mobilidade urbana, deu aula de planejamento na reforma de seus espaços aéreos. O aeroporto de Johannesburgo e suas avenidas de acesso foram consideradas intervenções de primeiro mundo.
Superlotação
Por e-mail, a Infraero informou à Gazeta do Povo que as obras e reformas vão ampliar a capacidade dos aeroportos, aumentando os níveis de conforto e segurança na área operacional e para passageiros. “É importante destacar que os empreendimentos seguem padrões internacionais”, diz a nota. Por esse motivo, existe a esperança de transformar os cenários encontrados com frequência nos aeroportos, especialmente as filas e os atrasos. No Aeroporto Internacional Afonso Pena, não é preciso se esforçar para ver as enormes filas das áreas de embarque e para passar pelo raio X, além da falta de conforto e de espaço nas salas de embarque.
Entre as melhorias previstas pela Infraero estão a construção da terceira pista (que ainda está na etapa de estudos preliminares) e a ampliação do terminal de carga, duas das principais reivindicações de quem trabalha no Afonso Pena. Além disso, há a possibilidade de instalação do ILS-3 (equipamento que permite a decolagem e o pouso de aviões, mesmo com nevoeiro), prometida pelo Ministério da Defesa e pela Infraero em abril deste ano. Somente as duas melhorias devem custar cerca de R$ 342 milhões. Apesar de não receber voos intercontinentais, o Afonso Pena deve ser muito visado pelos turistas durante a Copa do Mundo em razão da proximidade com Foz do Iguaçu e Paranaguá, duas cidades turísticas paranaenses.
Calendário
Copa ocorre durante período crítico
Aeroporto Afonso Pena: jogos da Copa devem ocorrer durante a temporada de nevoeiro
As datas da Copa do Mundo de 2014 coincidirão com um dos períodos de mais cancelamentos de voos por causa de nevoeiro no Aeroporto Internacional Afonso Pena. No ano passado foram cancelados 289 voos devido à condição climática, sendo 42 em junho e mais 50 em julho (32% do total) – meses em que historicamente o Mundial é realizado.
O mês com mais cancelamentos em 2009 no Afonso Pena foi agosto, com 62 voos. Estudos apontam, no entanto, que a incidência de nevoeiro é maior em junho. Segundo a pesquisa “Estudo, modelamento e predição sinótica de nevoeiro e suas implicações na aviação comercial, na região de Curitiba”, do professor Cícero Barbosa dos Santos, em junho há mais nevoeiro por por causa da transição do outono para o inverno.
Especialista em meteorologia aeronáutica na Universidade Tuiuti do Paraná, Santos observou, entre 1998 e 2002, que os nevoeiros chegam a levar, em média, 11 horas para se dissipar totalmente na região do terminal. “O Afonso Pena está em uma área que tem muitos lagos e rios. Temos nevoeiro que se forma sobre as áreas alagadas e o deslocamento de vento pode transportá-lo para a região do aeroporto”, explica.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Infraero no Afonso Pena para falar sobre o problema de nevoeiro. A entrevista não pôde ser agendada até o fechamento dessa edição, segundo a assessoria.
Fonte: Vinicius Boreki (Gazeta do Povo) - Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
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