sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Bogotá e Washington concluem negociações sobre uso de bases militares colombianas

O governo colombiano informou nesta sexta-feira que foram concluídas as negociações do acordo militar com os Estados Unidos, que permitirá que unidades norte-americanas utilizem bases em território colombiano com o propósito de combater o narcotráfico.

"Este acordo reafirma o compromisso das duas partes na luta contra o narcotráfico e o terrorismo", afirma um comunicado oficial divulgado na noite de hoje.

Os termos do documento deverão passar por "revisão técnica das instâncias governamentais de cada país para sua posterior assinatura", acrescenta.

A possível presença militar dos EUA em território colombiano, como se prevê nesse acordo, provocou incômodo entre os demais países latino-americanos e motivou uma viagem do presidente colombiano, Álvaro Uribe, pela região com o objetivo de "esclarecer" os termos do documento.

O convênio permitirá que militares americanos usem até sete bases colombianas para operações conjuntas de luta contra o tráfico de drogas as quais eram realizadas anteriormente na base equatoriana de Manta, cuja concessão não foi renovada pelo governo do presidente do Equador, Rafael Correa.

"Presença mínima"

Em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal equatoriano "El Comercio", o norte-americano Christopher McMullen, subsecretário adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, afirmou que o convênio com a Colômbia "durará dois ou três anos", após o que a presença americana na Colômbia será "mínima".

Essa é uma das razões, segundo McMullen, pelas quais o país busca assinar acordos militares com a Colômbia. É para ter acesso "em caso de haver uma emergência humanitária, um desastre, mais problemas com as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] ou com outros grupos irregulares", disse.

"Mas, em geral, estamos nos preparando para regularizar nossa assistência", acrescentou ao jornal.

O subsecretário americano explicou que os acordos militares que o país negocia com o Governo colombiano, como o destinado ao uso compartilhado de bases na Colômbia que causou mal-estar e polêmica em nações vizinhas, buscam modernizar convênios "dos anos 50, da Guerra Fria" e atualizar "convênios informais".

Para ele, "houve confusão" na interpretação desses acordos feita por certos líderes da América Latina.

"Não queremos nem temos planos de construir bases na Colômbia. Usamos bases a partir do princípio do Plano Colômbia (contra o tráfico de drogas)", contou.

McMullen explicou que os convênios revisados atualmente se referem às três bases colombianas que os Estados Unidos já utilizaram, apesar de fontes colombianas falarem em até sete.

Para o funcionário americano, que dentro de seu departamento se ocupa do Escritório de Assuntos Andinos e Brasileiros, as opiniões de alguns dirigentes latino-americanos sobre o acordo entre os dois países "parecem uma travessura" e buscam "promover uma ideia que não existe".

Ele destacou que os comentários sobre a possibilidade de uma situação bélica na região "não são responsáveis".

"Desafio para Unasul"

O projeto, contudo, enfrenta críticas. O chanceler argentino, Jorge Taiana, afirmou que encontrar uma saída para o mal-estar em relação às bases militares é o "novo desafio" da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

A Unasul "tem vontade política de encontrar uma solução, embora [a organização] ainda esteja muito submissa a condicionamentos internos e a relações ainda frágeis", assinalou o chanceler, em reunião com um grupo de correspondentes estrangeiros.

Taiana evitou falar sobre detalhes da cúpula extraordinária da Unasul, que será realizada na cidade de Bariloche, na Argentina, no dia 28 de agosto, após a polêmica gerada na recente reunião de Quito.

No entanto, considerou que é importante recuperar a capacidade de diálogo entre os membros da Unasul e admitiu que o conflito afeta o Conselho Sul-americano de Defesa, que não tem previsão de nenhuma reunião extraordinária antes da cúpula em Bariloche.

O encontro, que previsivelmente terá uma agenda aberta, permitirá a abordagem de temas como o armamentismo, o tráfico ilegal de armas e o terrorismo, entre outros.

O fornecimento de armamento aos países da zona, segundo Taiana, não é motivo de tensão para a região.

"Não acredito que seja um tema que pode interferir nas relações entre a região, não vejo motivo de tensão", afirmou o chanceler argentino.

Veja onde são as bases que os Estados Unidos poderiam usar na Colômbia


Fonte: UOL Notícias (com agências internacionais)

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