Na foto ao lado, o Air Data Inertial Reference Unit (Adiru) danificado do Airbus A330-303, voo 72 da Qantas
Um equipamento presente nos modelos da Airbus 330 e 320, chamado Adiru (sigla para Air Data Inertial Reference System, unidade inercial de informação), tem um histórico de falhas em vôos que pode ter se repetido no caso do avião da Air France que caiu no domingo na costa do Brasil.
Existe possibilidade de erro de projeto ou de manutenção do aparelho, que concentra todos os dados do avião, e, em casos de acidentes, ele pode tomar "decisões erradas automaticamente". As informações foram apuradas pela reportagem da rádio BandNews FM e confirmadas pelo professor da Escola Nacional de Seguros, o engenheiro Gustavo Tavares da Cunha Mello, autor de tese de mestrado sobre acidentes aeronáuticos.
A pedido da BandNews FM, o professor fez um levantamento dos acidentes mais recentes envolvendo esse equipamento no Airbus e semelhanças são observadas nos casos. O professor defende o recall das aeronaves desse tipo ou o fim do uso desse aparelho.
Abaixo, as informações passadas pelo professor Gustavo Tavares da Cunha Mello, a partir de levantamento pedido pela rádio BandNews FM.
"Em 7 de outubro do ano passado uma aeronave da companhia Qantas estava seguindo de Cingapura para a Austrália, com 313 pessoas a bordo, também um Airbus 330, e de repente o Adiru entendeu que estava em velocidade muito baixa, que o avião poderia despencar, e resolveu acelerar muito e mudar o ângulo do nada. Ele estava em rota de cruzeiro e deu grande voo para cima. Aí, percebeu que estava errado e despencou. 70% dos passageiros se feriram. Depois, o piloto conseguiu controlar a aeronave e pousar e as pessoas foram medicadas."
"No dia 27 de novembro, um outro Airbus, um 320, no sul da França, estava sendo entregue pela fábrica para uma companhia da Nova Zelândia, sem passageiro, e caiu com todos pilotos e técnicos. De novo porque o Adiru resolveu tomar conta do avião, entendeu que o vôo estava errado e acabou caindo no Mediterrâneo. Era um vôo de treinamento na França."
"No dia 20 de novembro do ano passado teve um outro acidente, de Sydney para Xangai, também da Qantas, e foi a mesma coisa. Inclusive, quando teve o lançamento do A320 pela Airbus, quando se estava fazendo o vôo de demonstração, ele colidiu com algumas árvores. O mesmo sistema falhou, o piloto quis arremeter e não conseguiu e bateu nas árvores ao final da pista, num vôo de demonstração em Paris."
"Então, o Airbus tem esse problema? Tem. Que se retire esse equipamento, ou que se modifique o equipamento, o projeto dele ou a sua manutenção. Isso tem de ser verificado e modificado. Tem de se fazer um recall dessas aeronaves e alterar esses procedimentos, para que o piloto consiga ter o controle da aeronave, se necessário até retirar essa peça do avião. O problema do Adiru é que é uma peça que concentra todas essas informações e resolve tomar decisões. Isso está errado. Você não pode ter um engenheiro a bordo e sim um piloto."
Fonte: UOL Notícias - Foto: ATSB
Existe possibilidade de erro de projeto ou de manutenção do aparelho, que concentra todos os dados do avião, e, em casos de acidentes, ele pode tomar "decisões erradas automaticamente". As informações foram apuradas pela reportagem da rádio BandNews FM e confirmadas pelo professor da Escola Nacional de Seguros, o engenheiro Gustavo Tavares da Cunha Mello, autor de tese de mestrado sobre acidentes aeronáuticos.
A pedido da BandNews FM, o professor fez um levantamento dos acidentes mais recentes envolvendo esse equipamento no Airbus e semelhanças são observadas nos casos. O professor defende o recall das aeronaves desse tipo ou o fim do uso desse aparelho.
Abaixo, as informações passadas pelo professor Gustavo Tavares da Cunha Mello, a partir de levantamento pedido pela rádio BandNews FM.
"Em 7 de outubro do ano passado uma aeronave da companhia Qantas estava seguindo de Cingapura para a Austrália, com 313 pessoas a bordo, também um Airbus 330, e de repente o Adiru entendeu que estava em velocidade muito baixa, que o avião poderia despencar, e resolveu acelerar muito e mudar o ângulo do nada. Ele estava em rota de cruzeiro e deu grande voo para cima. Aí, percebeu que estava errado e despencou. 70% dos passageiros se feriram. Depois, o piloto conseguiu controlar a aeronave e pousar e as pessoas foram medicadas."
"No dia 27 de novembro, um outro Airbus, um 320, no sul da França, estava sendo entregue pela fábrica para uma companhia da Nova Zelândia, sem passageiro, e caiu com todos pilotos e técnicos. De novo porque o Adiru resolveu tomar conta do avião, entendeu que o vôo estava errado e acabou caindo no Mediterrâneo. Era um vôo de treinamento na França."
"No dia 20 de novembro do ano passado teve um outro acidente, de Sydney para Xangai, também da Qantas, e foi a mesma coisa. Inclusive, quando teve o lançamento do A320 pela Airbus, quando se estava fazendo o vôo de demonstração, ele colidiu com algumas árvores. O mesmo sistema falhou, o piloto quis arremeter e não conseguiu e bateu nas árvores ao final da pista, num vôo de demonstração em Paris."
"Então, o Airbus tem esse problema? Tem. Que se retire esse equipamento, ou que se modifique o equipamento, o projeto dele ou a sua manutenção. Isso tem de ser verificado e modificado. Tem de se fazer um recall dessas aeronaves e alterar esses procedimentos, para que o piloto consiga ter o controle da aeronave, se necessário até retirar essa peça do avião. O problema do Adiru é que é uma peça que concentra todas essas informações e resolve tomar decisões. Isso está errado. Você não pode ter um engenheiro a bordo e sim um piloto."
Fonte: UOL Notícias - Foto: ATSB
2 comentários:
Mas a ADIRU não toma decisões,ela somente fornece dados do ar e posicionamento da aeronave no globo (velocidade, atitude, altitude e dados de posicionamento). O FMC, flight management computer que e um computador que faz o gerenciamento dos dados informados pela ADIRU,EEC e outros. (dados de posicionamento, velocidade, altitude, atitude, parametros de motores e outros. Bom pelo menos isso na aeronaves da BOEING que são as que conheço e trabalho!
É nestas situações que eu lamento que tenham substituido o engenheiro de carne e osso, flight engineer, por um electrónico, ecam. Por vezes a economia sai cara, e as pessoas não se convencem que há situações em que a máquina nunca poderá substituir o homem. Mas conseguiram, á custa de quantas vidas humanas?
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