quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pilotos de Airbus não seguiram altitude de plano de voo

Mudanças são comuns, desde que avisadas; motivo ainda é desconhecido

Às 22h48, avião deixou radar com a altitude de 35 mil pés; neste ponto, ele deveria estar a 37 mil pés, segundo o plano de voo original

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO

Os pilotos do AF 447 não seguiam a altitude prevista em seu plano de voo quando a aeronave foi registrada pela última vez pelo radar de Fernando de Noronha, às 22h48 (horário de Brasília) do domingo.

Elaborado antes da decolagem, o plano de voo previa que o Airbus deveria subir de 35 mil pés (10,7 km) para 37 mil pés (11,3 km) depois de passar pelo ponto virtual Intol (565 km ao norte de Natal). O avião, porém, se manteve a 35 mil pés à frente do ponto, segundo informou a FAB no dia do acidente.

O motivo para isso é desconhecido. A informação pode ser relevante para as investigações ou tratada apenas como um procedimento de rotina. Alterações são comuns, desde que comunicadas. Os pilotos muitas vezes têm de alterar sua rota devido a mau tempo, turbulências ou porque voos diferentes têm planos coincidentes.

"O plano é elaborado com o objetivo de que o voo seja o mais eficiente possível, mas nem todo mundo pode voar na mesma rota", diz o diretor da Azul e ex-presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral, Adalberto Febeliano.

Só é possível comparar o plano de voo obtido pela Folha com a rota efetivamente percorrida pelo Airbus em um único ponto, onde a aeronave deixou a área de cobertura dos radares brasileiros. As altitudes em outros pontos virtuais não foram informadas pela FAB.

Também não há registro de que os controladores tenham autorizado o Airbus a se manter a 35 mil pés no ponto onde ele deveria estar a 37 mil pés.

A FAB informou que no último contato dos controladores com o piloto, este informou a localidade (ponto Intol) e o próximo ponto de contato por rádio (ponto Tasil) -a aeronave sumiu antes de chegar lá.

Após deixar a área de controle de Noronha, o que havia à frente do voo AF 447 era uma grande tempestade, composta por nuvens chamadas cumulus nimbus, em cujo interior há fluxos turbulentos, correntes ascendentes e descendentes, chuva e raios. Pilotos sempre tentam evitá-las.

A própria FAB havia alertado, em sua rede de meteorologia na internet, que a tempestade era forte e tinha seu topo variando entre 37 mil e 38 mil pés (11,6 km), ou seja, acima do nível em que o Airbus estava quando deixou a cobertura de radar brasileira (35 mil pés).

Se a manutenção do nível de voo tem alguma relação com a tempestade, essa é uma pergunta que ficará sem resposta até que se tenha acesso às informações das caixas-pretas.

Fonte: jornal Folha de S. Paulo

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