segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Parentes das vítimas da Gol criticam Aeronáutica

Familiares das vítimas da queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro de 2006, questionaram a Aeronáutica no domingo pelo vazamento à imprensa do relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a tragédia. É o que conta a reportagem de Cássio Bruno e Henrique Gomes Batista na edição do GLOBO de segunda-feira. De acordo com Angelita de Marchi, presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, o episódio demonstra o descaso dos militares com os parentes dos 154 mortos na colisão da aeronave com um Legacy.

- Isto é inadmissível, reforça o desrespeito que a Aeronáutica tem pelos parentes. Nós já estávamos reclamando do dia e da hora da divulgação do relatório para nós, na quarta-feira, às 13h, em Brasília. Precisamos trabalhar, pedimos para ser no fim de semana. Eles disseram que não podia, mas agora vemos que o relatório já estava pronto - disse Angelita, afirmando ter sido pega de surpresa com o noticiário do fim de semana.

Aeronáutica diz que relatório final será apresentado primeiro às famílias

Irmã do executivo Plínio Luiz da Siqueira, de 38 anos, que estava no vôo da Gol 1907, Juliana Siqueira, de 43, será um dos parentes dos mortos do acidente que vão participar da reunião.

- Espero que o relatório seja fiel, claro e verdadeiro sobre a culpa dos pilotos. Todos os familiares estão ansiosos para receber as informações - afirmou Juliana Siqueira.

No dia do acidente, Plínio Luiz voltava para casa, em Campinas, vindo de Manaus, para onde viajara a trabalho. A irmã dele disse esperar que os pilotos do Legacy, desta vez, sejam ouvidos sobre o caso.

- Se o transponder não estivesse desligado, era a chance de salvar aquelas vidas. O que nos deixa indignados é que eles foram embora (para os Estados Unidos) sem dar qualquer declaração. Nossa luta é que eles prestem esclarecimentos - revelou Juliana Siqueira.

O relatório aponta que os pilotos americanos Jam Paladino e Joe Lapore, comandantes do Legacy, desligaram acidentalmente o transponder - "localizador" da aeronave, que também tem a função de alertar sobre possíveis choques e que poderia, inclusive, alterar automaticamente a rota do avião. Esta é a principal novidade do relatório.

O resultado da investigação aponta ainda para diversas falhas dos controladores de vôo, que teriam errado na definição da altitude do vôo do Legacy, que partiu de São José dos Campos (SP) em direção a Manaus. O Boeing da Gol partiu de Manaus para Brasília. O relatório do Cenipa não objetiva a indicação de culpados, e sim a entender o acidente para criar formas de prevenção de outras tragédias.

Fonte: O Globo

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