A TAP cancelou um pedido de mais oito aviões de médio curso A320, embora o negócio até fosse “tentador”, porque perante a crise “o melhor seria usar a prudência”, revelou o CEO da companhia, Fernando Pinto, em entrevista ao semanário “Sol”, na qual avança ainda que até Outubro os prejuízos situam-se“na faixa dos 170 milhões de euros”.
“A intenção era substituí-los por aviões com os contratos de leasing a terminar, mas preferimos ficar com a flexibilidade do aluguer e cancelámos”, explicou Fernando Pinto.
“Os contratos até já estavam assinados, mas repensámos a estratégia a médio e longo prazo”, acrescentou.
Na mesma entrevista, Fernando Pinto avança que a TAP, até Outubro, acumula prejuízos “na faixa dos 170 milhões de euros”, um valor que representa um agravamento na ordem dos 30 milhões de euros face aos primeiros oito meses deste ano, em que a companhia apresentou prejuízos de 132 milhões (clique para ler:
TAP: impacto da subida do preço do fuel é mais forte que a perda operacional).
Este agravamento já era previsível tendo em conta o perfil mensal de resultados da TAP nos anos anteriores, reflectindo a sazonalidade do transporte aéreo.
A companhia, normalmente, tem prejuízos acumulados sucessivamente maiores até ao final de Junho, em Julho, Agosto e Setembro ganha dinheiro, Outubro e Novembro são meses negativos e Dezembro é o mês que define o resultado final.
Fernando Pinto justifica o agravamento dos prejuízos com o custo dos combustíveis, que não baixaram como esperava, porque a descida do preço do jet fuel “é mais demorada” e sublinha: “comparando resultados, temos prejuízos de 170 milhões de euros, mas há que realçar que a factura de combustíveis subiu 160 milhões”.
Além do combustível, Fernando Pinto realça ainda um agravamento de 25 milhões de euros nos encargos com pessoal, pelos automatismos — “todos os anos a nossa folha salarial cresce um pouco acima da inflação, devido a automatismos”, disse —, e a absorção do prejuízos da Groundforce, no valor de 13 milhões.
Na entrevista ao “Sol”, Fernando Pinto destaca que, apesar desse agravamento dos prejuízos, as receitas operacionais “são um ponto positivo”, tendo ficado pouco abaixo das previsões, apesar da crise.
“Tínhamos previsto 1.803 milhões de euros e vendemos 1.797 milhões de euros”, disse.
Fernando Pinto, que confessa ao “Sol” que 2008 foi um “ano para esquecer”, avança na mesma entrevista que o orçamento da TAP para 2009 “apresenta algum lucro e visa um projecto de recuperação”.
O executivo também diz na mesma entrevista que a TAP está com uma situação de tesouraria confortável.
“Precavemo-nos contra esta crise. Obtivemos financiamento numa boa altura, negociámos taxas fixas e a um bom custo. Os bancos acreditaram na TAP”, afirma Fernando Pinto, que conclui: “Estamos muito bem para a situação actual e temos tesouraria para aguentar um Inverno difícil”.
Fernando Pinto admite que gostaria que a TAP tivesse mais capital próprio, nomeadamente para poder fazer hedging de combustível, e reforça que desde que chegou à TAP que defende “que é preciso um aumento de capital”.
O executivo não se pronuncia, no entanto, sobre se a solução é a privatização, remetendo essa decisão para o accionista (o Estado português). “Eu faço a minha parte, que é ultrapassar esta crise”, acrescenta.
Proposta conjunta com a TAAG
Fernando Pinto avança ainda na entrevista ao “Sol” que a TAP está em conversações com a companhia angolana TAAG “para um aumento de voos para Angola”.
O CEO da TAP diz ainda que antes da demissão da anterior administração da TAAG (clique para ler:
Governo angolano termina mandato do conselho de administração da TAAG), a TAP estava “muito perto de assinar um acordo de cooperação para que a empresa obtivesse a certificação necessária para voar para a Europa”.
O jornal acrescenta que a demissão atrasou o processo negocial com a TAP.
Fonte: presstur.com