domingo, 5 de dezembro de 2010

Nem avião escapa da falta de vagas de estacionamento

Relatório da Aeronáutica mostra que hoje já falta espaço em pátios de praticamente todos os grandes terminais de aeroportos do País

Não são só os motoristas que sofrem para encontrar vagas para seus carros nos estacionamentos de aeroportos. Falta espaço também para os aviões. Relatório reservado do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) aponta escassez de vagas para aeronaves em praticamente todos os grandes terminais do País.

A radiografia elaborada pelos militares esmiúça as condições de infraestrutura de 20 aeroportos. O Estado selecionou dez deles, conforme a importância no cenário nacional e o aumento da demanda nas férias. Só nesses terminais, o déficit é de 141 vagas para a aviação regular.

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a necessidade de vagas equivale a 52% do total de 267 posições existentes hoje nesses aeroportos. A maioria das obras previstas no cronograma da Infraero para a Copa de 2014 contempla a ampliação dos pátios e a readequação de pistas problemáticas.

Enquanto isso, pilotos dizem conviver com congestionamentos diários. Nos horários de pico, a espera por uma vaga nas pontes de embarque (finger, no jargão em inglês) e nas posições remotas (áreas distantes do terminal de passageiros, onde embarque desembarque são feitos com escadas) não é diferente da enfrentada no estacionamento de shopping lotado, por exemplo.

Mais do que as empresas aéreas, que em geral conseguem tirar o atraso ao longo do percurso, os grandes prejudicados por esse gargalo de infraestrutura são os passageiros. A falta de espaço nos pátios é um dos fatores apontados por experts do setor para explicar atrasos em voos.

A situação torna-se ainda mais crítica quando um aeroporto tem de ser fechado por causa de condições meteorológicas adversas. Como a maioria dos terminais trabalha no limite, já houve casos em que um voo previsto para pousar em Congonhas acabou desviado para Uberlândia (MG) por falta de vaga nos aeroportos paulistas. "A capacidade de pista tem de ser condizente com a do pátio, caso contrário, você não consegue dar fluidez ao tráfego aéreo", explica o engenheiro Jorge Leal Medeiros, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP.

O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, sintetiza o cenário descrito por ele. Desde o acidente da TAM, em 2007, as operações ali estão limitadas a 36 pousos e decolagens por hora - na prática, porém, só 34 movimentos são autorizados. Ainda assim, as vagas no pátio são insuficientes. Pelo relatório da Aeronáutica, as 23 posições existentes para a aviação regular comportariam 28 movimentos por hora. Para acomodar 30 operações por hora, seria necessária a criação de mais oito vagas.

Fonte: Bruno Tavares (O Estado de S.Paulo)

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