Muitos reclamaram que o aviso para colocar o cinto não foi dado a tempo
A aeronave envolvida no incidente
Airbus A330-223 - prefixo PT-MVN
Clique na foto para ampliá-la - Foto: Jerome Mervelet
Passageiros do voo 8095 da Tam, que seguia de Miami (EUA) para São Paulo, relataram ontem os momentos de pânico que viveram quando a aeronave passou por uma forte turbulência na noite de anteontem, meia hora antes de pousar no aeroporto de Guarulhos (SP). Vinte e um deles ficaram feridos - oito foram encaminhados a hospitais. Duas pessoas permaneciam internadas ontem. Segundo a companhia aérea, elas sofreram fraturas, mas não correm risco de morte. A Aeronáutica começou ontem a investigar as causas do incidente.
Os passageiros contaram que, pouco antes de chegar a São Paulo, por volta das 19h35, receberam um aviso de turbulência. Logo após o alerta, o avião com 154 passageiros fez duas descidas muito bruscas, e algumas pessoas não conseguiram prender os cintos de segurança. Algumas caíram no corredor e outras bateram com a cabeça no teto da aeronave.
"No momento em que o piloto deu o aviso do cinto, o avião já deu uma caída muito feia. Quando ele caiu de uma vez, todo mundo bateu a cabeça em cima. Estragou a parte de porta-malas do avião toda. Na hora em que ele parou de cair, as pessoas voltaram para o chão. Não sei dizer quanto tempo ele ficou caindo. A impressão é que foi a vida inteira", contou o corretor de seguros Marcelo Garcia.
A empresária Marilda Torres, 56, ficou com o olho roxo e sofreu cortes no supercílio e no nariz. Ela contou que ia para o fundo do avião levar sua bandeja de comida na hora da turbulência. "A menina (comissária de bordo) tinha esquecido de pegar minha bandeja. De repente, o avião "caiu" mesmo. Eu subi, mas acho que as pessoas me seguraram. Não cheguei a bater no teto do avião. Acho que uma mala caiu por cima de mim."
A aposentada Ana Maria Bernardes de Lima,73, fraturou o fêmur e duas vértebras. Ela está internada no hospital alemão Oswaldo Cruz, na capital, e deve passar por uma cirurgia amanhã. A aposentada contou às filhas que tinha acabado de desatar o cinto para ir ao banheiro quando houve a primeira turbulência.
Ontem uma garota, menor de idade, foi encaminhada para o Hospital de Ribeirão Preto, onde ela mora. Segundo a Tam, a criança não está na lista dos feridos informada anteontem e é acompanhada por um médico, com suspeita de fratura.
Demora
Alline Garcia Cury, filha do empresário Francisco Celestino Garcia, 59, que continua internado, disse que o pai ficou uma hora e meia no chão da aeronave, após o pouso, esperando ser removido para uma ambulância. "A frase que (os bombeiros) disseram para ele foi: ‘Vamos tirar primeiro os mais graves’. O problema é que ele estava entre os bancos e, quando foram retirá-lo, perceberam que teriam de remover os assentos. Isso demorou bastante. O outro problema é que meu pai é muito alto e não tinha maca para o tamanho dele", disse. Ele usa prótese e, após sofrer deslocamento de bacia, foi submetido a uma cirurgia que durou cinco horas.
Passageiros do voo 8095, da empresa aérea TAM, deixam o Hospital Geral de Guarulhos, em São Paulo - Foto: Werther Santana (Agência Estado)
OAB: aviso deve ser dado antes
O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo, José Eduardo Tavolieri disse que, se o aviso para atar os cintos só foi dado depois da primeira perda de altitude, como dizem os passageiros, a Tam pode ser responsabilizada.
Fonte: O Tempo
TAM diz que responsabilidade de tirar passageiros feridos de avião é da Infraero
A TAM informou, na tarde desta terça-feira, que a responsabilidade por retirar passageiros feridos de uma aeronave é da autoridade aeroportuária - no caso brasileiro, da Infraero. Na noite de segunda-feira, o voo JJ8095, que decolou de Miami às 12h11m (horário de Brasília) com 154 passageiros a bordo, foi atingido por uma forte turbulência, que deixou inicialmente 21 passageiros feridos. Na tarde desta terça-feira, o número de feridos subiu para 22 depois que uma menor de idade que estava no voo, passou mal e foi encaminhada para atendimento médico, em Ribeirão Preto, interior paulista, onde uma fratura foi constatada.
A família de uma das vítimas, o empresário Francisco Garcia, reclamou da demora para que ele fosse retirado da aeronave. Segundo a família, o empresário ficou quase 90 minutos no chão da aeronave à espera de remoção, já que não havia maca apropriada para a altura dele e porque ele precisou ser retirado de um vão entre os assentos. De acordo com a companhia aérea, ela não poderia retirá-lo da aeronave por determinação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A TAM afirma que o Cenipa determina que a Infraero faça o resgate.
A empresa afirmou ainda que a menor de Ribeirão Preto está sendo acompanhada por um funcionário da TAM. Segundo a companhia, as causas do incidente estão sendo apuradas.
Fonte: Fabiana Parajara (O Globo)