terça-feira, 10 de julho de 2012

'Drone' português quer 'competir com gigantes' EUA e Israel


O primeiro avião português não tripulado e totalmente autónomo foi lançado na segunda-feira na maior feira de aviação europeia, no Reino Unido, e o fabricante diz à Lusa querer «competir com gigantes» como os Estados Unidos ou Israel. 

«Não há ninguém a controlar o avião, é tudo programado na estação de solo previamente e totalmente automático desde que o avião descola até aterrar, até o senhor poderia ser o responsável por uma operação destas», afirmou Ricardo Mendes, um dos responsáveis pela construção do AR4 'Light Ray', um 'drone' (veículo aéreo não tripulado) fabricado pela empresa portuguesa Tekever.

As missões de vigilância e a recolha de informação ('intelligence') nas áreas de segurança e defesa são as principais funções deste aparelho de apenas dois metros de comprimento e desmontável, que fez «o primeiro voo autónomo» de sempre da feira de Farnborough e foi desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, em colaboração com o Exército Português. 

Ricardo Mendes, presidente da Tekever, disse que as principais apostas para «ganhar competitividade» num mercado «muito agressivo», e principalmente dominado pelos Estados Unidos da América e Israel, foram na «inteligência do sistema, a capacidade de adaptação do aparelho a diferentes tipos de missões» e «o custo final» ao longo do período de vida do aparelho. 

«Quisemos tentar fazer à semelhança da 'Apple' (...) a estratégia que temos para esta área é de domínio total da tecnologia, ou seja, toda a aeronave, incluindo o 'hardware' e 'software' dos sistemas, todas as aplicações a bordo e a estação de solo que controla o avião, é feito de raiz por nós», salientou. 

O presidente da Tekevere referiu que um sistema deste tipo - com duas a três aeronaves, uma estação de solo e algumas ferramentas auxiliares - custa «normalmente à volta de 500 mil euros», dependendo do suporte de comunicação (radar, câmara de infravermelhos ou câmara óptica) que utilizar. 

Sobre potenciais clientes, Ricardo Mendes disse não poder «adiantar muito», porque este é um mercado que «exige muito sigilo», mas que já há contactos com várias forças armadas e de segurança internacionais e que o objectivo é competir com os maiores fabricantes mundiais. 

«Quando olhámos para este mercado decidimos apostar em áreas em que achámos que podíamos ser muito bons, ao nível do melhor do mundo (...) Estamos a ter as primeiras reacções e vemos que estávamos certos, ou seja, estas são as 'dores' dos clientes actuais, de quem já opera este tipo de sistemas e precisa de algo melhor, sinto que conseguimos competir com os gigantes», afirmou. 

Mendes, que adiantou ter outros modelos de 'drones' em construção, reconheceu que o mercado principal da Tekever «é o mercado externo», mas que «Portugal, dada a sua posição geográfica e as responsabilidades a nível internacional, tem necessidades deste tipo de equipamento». 

«Queremos também que em Portugal se utilize tecnologia portuguesa, que as nossas forças armadas usem produtos que foram desenvolvidos em Portugal, temos uma parceria forte com o Exército, mas quando as forças armadas avançarem para processos de aquisição queremos estar na linha da frente», frisou. 

Fonte: Lusa/SOL

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