domingo, 2 de julho de 2023

No passado, as aeromoças não podiam casar ou ter filhos e deviam deixar as pernas de fora


A profissão de aeromoça (ou comissária de bordo) até hoje é uma das que despertam maior curiosidade entre as pessoas. No começo, por exemplo, as profissionais eram proibidas de casar e ter filhos. Também só podiam usar saias, deixando as pernas de fora. Ao longo de mais de cem anos de existência, se contarmos desde os registros dos primeiros homens que faziam o trabalho, muita coisa mudou. Veja algumas curiosidades:

1. Copiloto também fazia o papel de comissário de bordo


No início dos voos comerciais, os copilotos também tinham como obrigação servir comida e bebida para os passageiros durante o voo. Com a melhoria do transporte aéreo, as companhias começaram a reavaliar as responsabilidades.

2. A primeira aeromoça da história era, na verdade, um ”aeromoço”



O primeiro comissário de bordo do mundo foi um homem. O alemão Heinrich Kubis, ao fundo de pé na foto, foi contratado em 1912 para servir alimentos, bebidas e cigarros aos passageiros em um dirigível que começava a transportar pessoas, no início do século passado. Kubis era uma espécie de mordomo do voos e tinha um assistente e um cozinheiro sob o seu comando. Foi só em 1930 que as primeiras mulheres começaram a ocupar o posto.

A aeromoça transexual Chayathisa Nakmai serve passageiro durante voo da PC Air
Em 2011, a companhia aérea tailandesa PC Air foi a primeira no mundo a admitir comissários de bordo transexuais em voos.

3. Aeromoças precisavam ter diploma de enfermeira


Ellen Church, na foto ao lado, foi a primeira mulher a ocupar um posto de comissária de bordo, em maio de 1930. A americana, na verdade, queria ser piloto, mas a companhia negou o pedido.

No entanto, Church sugeriu que a empresa contratasse enfermeiras para acompanhar os passageiros durante os voos, o que poderia tranquilizá-los. A empresa contratou oito enfermeiras por um período de experiência de três meses.

Durante a 2ª Guerra Mundial, muitas enfermeiras deixaram o posto de aeromoça para servir o Exército. Com a decisão, as companhias aéreas passaram a não exigir o diploma para as novas candidatas.

4. Corpo de “Barbie” era requisito básico em 1930


Anúncios da época mostravam que as companhias buscavam mulheres com idade entre 20 e 26 anos e peso e altura proporcionais. Para se ter uma ideia, em 1930, a altura máxima era de 1,62m e o peso tinha que ser inferior a 52 quilos. Por volta de 1970, a média era 1,70m e 60 quilos. Com o passar dos anos, as exigências foram ficando cada vez menores.

5. Aeromoça baixinha ou acima do peso ainda não tem vez



De acordo com Carlos Prado, coordenador da Escola Master de Aviação, que forma comissários de bordo em São Paulo, atualmente não existe uma altura mínima para ser aeromoça. No entanto, mulheres e homens com menos de 1,55m podem ter suas chances reduzidas na profissão. “Por causa da baixa estatura, a comissária pode ter dificuldade de alcançar os compartimentos superiores de bagagem e alguns equipamentos de emergência”, explica Prado. Além da altura, os comissários devem ter um peso proporcional ao seu tamanho.

6. Casamento era proibido



Por conta das longas jornadas de trabalho e das constantes viagens, as companhias aéreas muitas vezes proibiam a contratação de mulheres casadas e com filhos. Divorciadas ou viúvas tinham vez, desde que não tivessem filhos. Ao longo das décadas de 70 e 80, as companhias ficaram mais flexíveis. No entanto, em fevereiro do ano passado, a Qatar Airlines foi acusada pela Federação Internacional dos Aeroviários de exigir que as aeromoças contratadas não se casassem pelos próximos cinco anos, sob pena de demissão. Engravidar também seria proibido, segundo a denúncia. A companhia negou as acusações.

7. Em 1950, a profissão era muito concorrida


Na década de 50, ser aeromoça fazia parte do imaginário de muitas meninas. A profissão só perdia para a vontade de ser modelo. Em 1951, a American Airlines recebeu mais de 20 mil inscrições para as pouco mais de 300 vagas disponíveis para o cargo. (o seriado de TV “Pan Am” mostrava isso muito bem)

8. Até hoje, calças não são permitidas em algumas companhias




Embora algumas vezes as companhias optem por uniformes temáticos, na maioria das vezes o tailleur (formado por uma saia e um casaco) é a vestimenta obrigatória das aeromoças. Usar calça é proibido em algumas companhias. Para se ter uma ideia, só agora as comissárias da British Airlines conseguiram o direito de usar calça em alguns voos.

Esquisito? Pois saiba que em junho do ano passado, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, determinou que as aeromoças da companhia aérea Air Koryo usem uniformes mais “ousados”. O dirigente pediu que as mulheres da tripulação mostrassem mais as pernas, usassem roupas coladas e salto alto. O motivo? Segundo o jornal britânico “The Sun”, o ditador disse que queria “uma tripulação atualizada aos tempos modernos”.

Fonte: todosabordo.blogosfera.uol.com.br

Quanto tempo antes de um voo a tripulação de cabine chega ao aeroporto?

É uma corrida louca ou uma viagem bem planejada?


As companhias aéreas têm regras muito rígidas em relação aos preparativos pré-voo, portanto , a tripulação de cabine deve planejar bem antes para garantir que eles cheguem a tempo. Isso pode significar pegar um voo mais cedo em espera (se estiver em trânsito) ou pegar o ônibus mais cedo para o trabalho. A maioria das companhias aéreas trabalha com a regra dos 90 minutos, então a tripulação de cabine deve estar lá antes disso.

Um bom equilíbrio


Se um membro da tripulação se atrasar, ele terá uma reclamação arquivada e terá que ficar em espera por sete horas - portanto, sua lista também pode ser afetada. Isso também significa que, se você tiver três relatórios atrasados ​​ou três reclamações, poderá perder o emprego, por isso é sempre melhor estar preparado com antecedência. Ninguém quer se atrasar para um voo e, claro, às vezes ocorrem circunstâncias invisíveis, mas você não quer ser apressado no início de um longo dia pela frente.

Após o check-in


Assim, uma vez que você fez o check-in e se apresentou para o serviço e deixou sua bagagem, é bom ter tempo para verificar qualquer papelada que você precise fazer ou para pegar quaisquer avisos ou boletins informativos da tripulação. Se a companhia aérea tiver uma cantina (geralmente subsidiada), pode haver tempo para uma refeição rápida ou um café. Se a tripulação de cabine tiver quaisquer deveres extras naquele dia, por exemplo, varejo a bordo ou embaixador de caridade, eles podem pegar os itens necessários para isso


Em seguida, vem o briefing pré-voo, se houver alguns minutos de sobra, é sempre bom passar por um procedimento ou cenário de emergência e retocar os primeiros socorros, pois haverá perguntas do tripulante sênior para testar se seu conhecimento é atualizado e que você pode operar no voo. O briefing geralmente dura em torno de 15 minutos e prepara a equipe para como irão operar o voo.

Após o briefing, a tripulação de cabine recolhe sua bagagem, passa pela segurança e pega o ônibus da tripulação até a aeronave. Na chegada, a tripulação de cabine faz verificações pré-voo antes do embarque dos passageiros.

Se a tripulação de cabine se deslocar, é necessário um planejamento extra, pois eles podem ter que considerar pegar o voo mais cedo do dia ou sair um dia antes para garantir que cheguem a tempo para o serviço. As viagens são muitas vezes de espera, portanto, você só viaja se houver um assento vago e também dependendo da sua antiguidade. O membro da tripulação pode ter que reservar um hotel no aeroporto ou descansar em um lounge da tripulação, antes do voo.


E quanto à tripulação de reserva e privada?


Para a tripulação de cabine em serviço de espera, eles se apresentarão no horário designado, seja em espera em casa ou em espera no aeroporto, e aguardarão instruções do departamento de operações. Uma alteração de última hora em um voo, como um membro da tripulação doente ou uma alteração no número de passageiros, pode significar que você será chamado.

Para a tripulação de cabine de jato particular, a regra também costuma ser de 90 minutos quando o voo é planejado e conhecido e as verificações de briefing e pré-voo costumam ser mais rápidas, mas o tempo extra na aeronave é necessário para carregar o catering. No entanto, a tripulação do jato particular também pode ser chamada imediatamente para um voo não programado.

Via Simple Flying - Fotos: Divulgação/Cias.Aéreas

sábado, 1 de julho de 2023

Sessão de Sábado: Documentário - "Tunguska - O Roswell Russo Esquecido" (Dublado)


Documentário da série 'Phenomenon', exibido pelo extinto canal pago Infinito, sobre a explosão de Tunguska. Duração 47min43seg, Dublado.

Avião que fazia exibição cai e deixa dois mortos na Argentina; veja vídeos

Avião havia sido contratado para se apresentar na feira agropecuária local.

Avião que fazia exibição cai e deixa dois mortos na Argentina (Imagem: Reprodução)
O pequeno avião American Champion 8KCAB Super Decathlon, prefixo LV-HWE, da Leo Ferraris Air Show, caiu nesta sexta-feira durante um voo de exibição na abertura da feira Agronea 2023 (considerada exposição agroindustrial e pecuária mais importante do norte da Argentina), na cidade de Charata, levando à morte o piloto e o copiloto, segundo fontes. 


O acidente ocorreu por volta das 11h45 no horário local, quando o avião, que realizava acrobacias aéreas sobre uma propriedade onde está ocorrendo a feira, caiu no solo e provocou a morte instantânea dos dois tripulantes.

A Polícia do Chaco informou que está envolvido no caso a Justiça Federal e a Aeronáutica, que darão mais detalhes sobre o defeito técnico sofrido pela queda da aeronave. Tratava-se de um avião de manobras acrobáticas que foi contratado por uma empresa privada para o evento. Os pilotos falecidos eram da cidade de Buenos Aires.


O acidente ocorreu no momento em que o governador Jorge Capitanich discursava com as autoridades provinciais e a organização da Agronea para a abertura da feira. A mostra agropecuária começou nesta sexta e vai até domingo, 2 de julho, com mais de 400 expositores em uma propriedade de 100 hectares expondo a tecnologia e o potencial produtivo do Chaco e da região.


"Queremos expressar nossas mais profundas condolências e nosso acompanhamento às famílias dos dois pilotos que morreram no acidente", disse o subcomissário Alejandro Domínguez, chefe do Departamento de Imprensa da Polícia do Chaco, que acrescentou: “Nos colocamos à disposição das famílias e dos organizadores para acompanhá-los neste momento difícil”.

Via Globo e ASN

Tripulantes saem ilesos após queda de avião na Argentina; veja vídeo

Uma falha no motor teria forçado o piloto a fazer um pouso de emergência perto de um rio.


Na sexta-feira (28/06), dois tripulantes saíram praticamente ilesos após a queda do avião Cessna 150L, prefixo LV-JQA, da Sun Flight Escuela de Vuelo, na margem do Rio Paraná, na Argentina. Ambos tiveram ferimentos leves.

Eles tentaram um pouso forçado após uma falha no motor. A aeronave ficou de ponta cabeça, com o trem de pouso virado para cima. (Veja o vídeo acima).


Os dois homens foram retirados por uma equipe de resgate, que usaram uma maca ligada a um guincho na operação e os levaram para um helicóptero.

Via CNN e ASN

Vídeo: Mayday Desastres Aéreos - Bashkirian Airlines 2937 x DHL 611 - Fora de Controle

Via Cavok Vídeos

Vídeo: Segundos Fatais - Bashkirian Airlines 2937 x DHL 611 - Fora de Controle

Aconteceu em 1 de julho de 2002: Voo 2937 da Bashkirian Airlines x Voo 611 da DHL - Colisão Aérea de Überlingen


No dia primeiro de julho de 2002, um voo charter que transportava crianças russas em uma viagem à Espanha colidiu no ar com um avião de carga da DHL sobre a cidade de Überlingen, no sul da Alemanha, matando 71 pessoas, mais da metade delas crianças.

O desastre em Überlingen levou à constatação de que havia uma falha fatal na maneira como mantemos as aeronaves separadas, mas mesmo que mudanças tenham sido feitas em todo o mundo, o acidente continua sendo uma das tragédias da aviação mais devastadoras de todos os tempos. Esta é a história do que aconteceu nos céus da Alemanha naquela noite.


O voo 2937 foi operado pelo Tupolev Tu-154M, prefixo RA-85816, da Bashkirian Airlines (foto acima), fretado transportando 60 passageiros e nove tripulantes de Moscou a Barcelona. 

Dois 60 passageiros, 52 eram crianças de um grupo organizado pela UNESCO para trazer estudantes especialmente talentosos da cidade de Ufa (e filhos de autoridades municipais) em uma viagem à costa leste da Espanha. 


O grupo deveria estar em um voo diferente, mas o motorista do ônibus fez uma curva errada no caminho para o aeroporto e eles perderam o avião. Demorou três dias para fretar um novo vôo, desta vez da Bashkirian Airlines. Além das 52 crianças de Ufa e seus cinco acompanhantes, o avião transportava nove tripulantes e três membros da família Kaloyev, que não eram afiliados à viagem da UNESCO.


O voo prosseguiu normalmente até pouco depois das 23h, quando o avião sobrevoava o sul da Alemanha. Naquele momento, o avião de carga Boeing 757-23APF, prefixo A9C-DHL, da DHL (foto acima), com dois pilotos a bordo seguia para o norte de Bergamo, Itália, a Bruxelas. 

Os dois aviões estavam voando perpendicularmente um ao outro e em rota de colisão a 36.000 pés, mas as duas aeronaves tinham um sistema que deveria ter evitado a colisão. O Sistema de Prevenção de Colisão de Tráfego, ou TCAS, era necessário em todas as aeronaves e transmitia um sinal que os sistemas TCAS de outros aviões poderiam captar. Se os aviões estivessem em rota de colisão, o TCAS diria a um avião para subir e outro para descer, mesmo sem a intervenção de um controlador de tráfego aéreo.


À medida que os dois aviões se aproximavam, eles entraram no espaço aéreo controlado pelo centro regional em Zurique, na Suíça. No trabalho naquela noite estava o controlador Peter Nielsen. Ele era o único controlador de serviço porque seu colega decidiu fazer uma pausa prolongada, o que era prática comum na SkyGuide, a agência de controle de tráfego aéreo que opera o centro. 

Isso o forçou a monitorar duas telas de radar que não estavam próximas uma da outra. A carga de trabalho da Nielsen também aumentou devido ao trabalho de manutenção realizado no radar e nas linhas telefônicas. Um sistema de radar de backup estava em uso e os telefones não funcionavam. E - o mais crítico - o alarme de aviso de colisão do centro de controle estava fora de serviço devido ao trabalho de manutenção, mas Nielsen não sabia disso.


Nielsen estava ocupado guiando outro avião para aterrissar em um aeroporto próximo, mas como as linhas telefônicas estavam mortas, ele teve grande dificuldade em transferir o avião para os controladores locais de lá. 

Quando ele finalmente se absolveu dessa responsabilidade e voltou à tela do radar, o voo 2937 da Bashkirian Airlines e o voo 611 da DHL estavam a menos de um minuto de colidirem. Naquele momento, o sistema TCAS a bordo do voo 611 detectou o avião russo e instruiu os pilotos a descerem. Momentos depois, o sistema TCAS do vôo 2937 detectou o avião de carga se aproximando também.


Nielsen imediatamente contatou o voo 2937 e ordenou que os pilotos descessem a 35.000 pés devido ao tráfego de cruzamento. Em segundos, o sistema TCAS do voo 2937 instruiu seus pilotos a subir. Diante de informações contraditórias do controlador e de seu sistema TCAS, os pilotos foram obrigados a fazer uma escolha: subir ou descer? 

Nielsen veio pelo rádio e novamente ordenou que acelerassem a descida. Seu treinamento deixou pouco espaço para questionar os comandos de um controlador, então eles reconheceram a ordem de Nielsen e começaram a descer, ignorando as instruções repetidas do sistema TCAS dizendo-lhes para subir.


Ambos os aviões estavam descendo direto um para o outro. Os pilotos do voo 611 não puderam informar a Nielsen que estavam em uma descida TCAS porque ele estava em uma conversa de ida e volta com os pilotos do voo 2937, tornando a frequência ocupada. 

Os pilotos russos se aglomeraram em torno das janelas, tentando localizar o avião da DHL (uma tarefa inútil à noite), mas Nielsen acidentalmente disse a eles que ele estava vindo da direita, quando na verdade estava à esquerda. 

Ao mesmo tempo, o voo 611 estava descendo mais devagar do que a taxa de 2.500 a 3.000 pés por minuto recomendada pelo TCAS. Os dois aviões alcançaram 35.000 pés e continuaram a descer.


Às 23h35 e 32 segundos, o voo 2937 da Bashkirian Airlines colidiu com o voo 611 da DHL a 34.890 pés sobre Überlingen. O estabilizador vertical do avião de carga cortou a fuselagem inferior do Tupolev bem na frente das asas, dividindo o avião russo em dois pedaços. 


A seção dianteira caiu enquanto a seção traseira com as asas e os motores continuaram avançando, estolou e então caiu no chão. Todos os 69 passageiros e tripulantes morreram no ar ou no impacto. 

Enquanto isso, o voo 611, sem quase todo o estabilizador vertical, lutou para frente por quatro minutos antes de entrar em um giro plano e colidir com uma floresta, matando os dois pilotos.

Abaixo, imagens dos destroços do Tupolev Tu-154M, prefixo RA-85816, da Bashkirian Airlines:


Peter Nielsen e SkyGuide rapidamente se viram no centro de um debate global sobre quem foi o culpado no acidente, com grande parte da culpa caindo em Nielsen, enquanto outros se concentraram nos pilotos russos. 

Mas os pilotos foram treinados para dar aos comandos ATC mais peso do que as instruções TCAS e estavam agindo exatamente como deveriam agir. E foi somente após uma longa investigação que as infelizes coincidências e problemas sistêmicos no centro de controle naquela noite se tornaram claros. 

Com esses fatores conhecidos, era evidente que a responsabilidade pelo acidente não era tanto da Nielsen, mas de toda a cultura da SkyGuide, que nunca deveria ter permitido que a Nielsen trabalhasse sozinha com vários sistemas fora de serviço. Mesmo assim, Nielsen já havia sido crucificada no tribunal da opinião pública.

Devastado pela morte de sua esposa e dois filhos a bordo do voo 2937, Vitaly Kaloyev, um arquiteto russo, responsabilizou Peter Nielsen pessoalmente por suas mortes. Ele rastreou e esfaqueou Nielsen até a morte, na presença da esposa de Nielsen e três filhos, em sua casa em Kloten , perto de Zurique, em 24 de fevereiro de 2004. 

Abaixo, imagens dos destroços do Boeing 757-23APF, prefixo A9C-DHL, da DHL:


A polícia suíça prendeu Kaloyev em um local motel logo depois, e em 2005, ele foi condenado a oito anos por homicídio culposo. No entanto, sua sentença foi reduzida depois que um juiz suíço decidiu que ele agiu com responsabilidade reduzida.

Ele foi libertado em novembro de 2007, tendo passado menos de quatro anos na prisão, porque sua condição mental não foi suficientemente considerada na sentença inicial e após lobby do presidente russo Vladimir Putin. 

Em janeiro de 2008, ele foi nomeado vice-ministro da construção da Ossétia do Norte. Kaloyev foi tratado como um herói em casa e não expressou arrependimento por suas ações, em vez disso culpou a vítima de assassinato por sua própria morte. 

Em 2016, Kaloyev foi premiado com a maior medalha estadual pelo governo, a medalha "À Glória da Ossétia". A medalha é concedida às maiores conquistas, melhorando as condições de vida dos habitantes da região, educando a geração mais jovem e mantendo a lei e a ordem.

Durante a investigação, também foi revelado que incidentes semelhantes - onde os pilotos obedeciam ao ATC em relação ao TCAS - eram surpreendentemente comuns. Menos de dois anos antes, um desses incidentes quase se tornou o acidente de avião mais mortal de todos os tempos, quando um 747 e um DC-10 quase colidiram no ar sobre o Japão depois que o piloto do 747 seguiu as instruções de um controlador em vez de seu TCAS. 


O 747 foi forçado a realizar uma ação evasiva de emergência (ilustração acima), ferindo dezenas de pessoas. As recomendações para esclarecer o dilema “ATC ou TCAS”, decorrente desse quase acidente, não haviam sido implementadas na época do desastre de Überlingen, 17 meses depois.

Após o acidente, mudanças foram feitas para garantir que nenhum piloto jamais seria colocado na mesma posição que os pilotos do voo 2937. Pilotos em todo o mundo agora são treinados para sempre obedecer ao TCAS, mesmo se um controlador der instruções conflitantes. 

E os sistemas TCAS agora podem emitir uma reversão, mudando qual avião é comandado para subir e com qual é comandado para descer, se um avião desobedecer às instruções TCAS. Aqui, o Relatório Oficial do acidente.

Memorial no local da queda
Considerando todas as coisas, as chances de um acidente repetido foram bastante reduzidas. A SkyGuide admitiu total responsabilidade pelo acidente e reformulou sua cultura no local de trabalho, incluindo garantias de que um único controlador nunca mais estaria trabalhando sozinho, mas a prática continua disseminada em outros lugares.

Edição de texto ou imagens por Jorge Tadeu (site Desastres Aéreos)

Com Admiral Cloudberg, Wikipedia, baaa-acro

Aconteceu em 1 de julho de 1994: Tempestade de areia - 80 mortos no acidente com o voo Air Mauritanie 625


E
m 1º de julho de 1994, o Fokker F-28 Fellowship 4000, prefixo 5T-CLF, da Air Mauritanie (foto abaixo), realizava o voo 625 (MR625), um voo doméstico de passageiros entre o Aeroporto  Nouakchott e o Aeroporto Tidjikja, ambos na Mauritania, levando a bordo 89 passageiros e quatro tripulantes.

A aeronave envolvida no acidente
A aeronave teve seu voo inaugural em 3 de julho de 1975. Ela era movida por dois motores turbofan RB183-555-15H. Na época, a variante -6000 era considerada nova. Em 30 de julho de 1976, a aeronave foi entregue à Linjeflyg, com matrícula PH-SIX. Em abril de 1978, foi convertida na variante -4000 e foi transferida para NLM CityHopper em 17 de abril. 

Em 27 de abril de 1979, a aeronave foi alugada para a Libian Arab Airlines (o registro permaneceu o mesmo). Em 26 de fevereiro de 1980, o avião foi alugado para a Pars Air e o registro foi alterado para EP-PBG. Em 26 de novembro de 1981, a aeronave foi devolvida a Linjeflyg e foi novamente registrada como PH-SIX. Em 15 de dezembro de 1983, a aeronave foi vendida para a Air Mauritanie e o registro foi alterado para 5T-CLF.

A aeronave operava o voo MR625 (outras informações indicam o número do voo como - MR251) de Nouakchott para Tidjikja. O voo transcorreu dentro da normalidade até o momento do pouso, que foi realizado em meio a uma tempestade de areia.

O F28 fez várias aproximações ao aeroporto antes de fazer um pouso pesado, que causou o colapso do trem de pouso dianteiro e a aeronave escorregou para fora da pista, colidiu com um afloramento rochoso e pegou fogo. Apenas 13 passageiros sobreviveram, enquanto todos os quatro tripulantes e os 76 passageiros restantes morreram.


A causa apontada para o acidente foi "a aproximação foi concluída abaixo dos mínimos meteorológicos e a tripulação continuou a descida sem estabelecer contato visual com o solo e a pista. No momento do acidente, a visibilidade e o RVR estavam abaixo dos mínimos. Considerando a situação, a tripulação deve desviar para outro aeroporto adequado."

Este continua sendo o acidente mais mortal envolvendo um Fokker 28 e o mais mortal na Mauritânia.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia, baaa-acro e ASN

Aconteceu em 1 de julho de 1993: Acidente com o voo 724 da Merpati Nusantara Airlines na Indonésia


Em 1º de julho de 1993, o Fokker F-28 Fellowship 3000, prefixo PK-GFU, da Merpati Nusantara Airlines (foto abaixo), realizava o voo 724 (MZ724/MNA724), um voo doméstico regular de passageiros do Aeroporto de Pattimura, na capital da província de Maluku, em Ambon, para o Aeroporto Jefman, em Sorong, em Irian Jaya (atualmente Papua Ocidental), ambas localidades da Indonésia.

A aeronave de prefixo PK-GFU fez seu primeiro voo em abril de 1978 e foi entregue no mesmo ano para a Garuda Indonésia, sendo vendida para Merpati Nusantara Airlines em 1989.

O avião envolvido no acidente
Levando a bordo 39 passageiros e quatro tripulantes, após um voo sem intercorrências de Ambon, a tripulação foi liberada para descer para o Aeroporto Sorong-Jefman. Na final, o piloto encontrou pouca visibilidade devido às fortes chuvas e não percebeu que sua altitude era insuficiente. 

Na final curta, a aeronave atingiu um promontório localizado a 3.000 pés da pista 22. Com o impacto, o trem principal esquerdo foi arrancado e a aeronave caiu em águas rasas.

Os sobreviventes lembraram que a distância entre o solo e a aeronave era inferior a um metro. A aeronave subiu repentinamente e o trem de pouso esquerdo atingiu o cume de uma pequena colina. Sobreviventes afirmaram que houve um grande estrondo quando isso aconteceu.

Alguns passageiros foram arremessados ​​de seus assentos dentro da aeronave. Partes da asa se soltaram e a aeronave começou a girar. A aeronave então invadiu o aeroporto e caiu no mar, dividindo-se em três seções principais. 


A maioria das vítimas foi encontrada ainda amarrada a seus assentos e vários corpos flutuaram à superfície. Unidades de busca e salvamento foram acionadas imediatamente após o acidente. Os pescadores locais chegaram primeiro ao local do acidente e ajudaram um menino e um homem no local. 

Várias pessoas sobreviveram ao acidente, mas algumas morreram devido aos ferimentos. Um homem sobreviveu ao acidente e salvou um menino inconsciente da água. Ao entregar o menino a um pescador local, ele repentinamente ficou inconsciente e morreu. Ao final, dois passageiros foram resgatados enquanto outros 41 ocupantes morreram.

A notícia do acidente começou a ser divulgada entre 15h00 e 16h00. Familiares das vítimas foram informados sobre o acidente e encaminhados ao local do acidente. Chegaram no dia seguinte. O processo de evacuação foi relativamente rápido, pois o local do acidente era facilmente acessível.


As condições meteorológicas foram relatadas como ruins no momento do acidente. Testemunhas oculares afirmaram que a chuva forte foi acompanhada de vento forte. O porta-voz de Merpati também afirmou que o tempo dentro e ao redor de Sorong estava "inclemente", incluindo a área do Aeroporto Jefman. Nuvens negras espessas podiam ser vistas no momento do acidente. 


Relatórios revelaram que os controladores de tráfego aéreo alertaram a tripulação do voo 724 para abortar sua tentativa de pouso e desviar para o aeroporto de Biak. No entanto, o piloto do voo 724 insistiu em pousar no aeroporto Jefman.

Quando o piloto iniciou a descida, a aeronave virou para o mar e não para a pista. O piloto parecia estar desorientado devido às intempéries do tempo. Segundos depois, a tripulação percebeu seus erros e executou uma subida, mas falhou. A parte dianteira da aeronave conseguiu desviar do morro, porém a parte traseira da aeronave o atingiu. A aeronave então se partiu em três seções e caiu no mar. 


O acidente foi o mais mortal da história da Merpati Nusantara Airlines. Os investigadores concluíram que o piloto da aeronave voou involuntariamente para um terreno elevado. Os danos subsequentes fizeram com que a aeronave caísse no mar perto do Aeroporto Jefman.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipedia e ASN

Aconteceu em 1 de julho de 1983: Acidente com Ilyushin Il-62M da Chosonminhang da Coreia do Norte


Em 1º de julho de 1983, o avião Ilyushin Il-62M, prefixo P-889, da Chosonminhang (foto abaixo), uma companhia aérea de bandeira da Coreia do Norte, realizava o voo internacional do Aeroporto de  Pyongyang, na Coreia do Norte, em direção ao Aeroporto Internacional de Conakry, na Guiné, com escalas no Aeroporto Internacional de Cabul, no Afeganistão e no Aeroporto Internacional do Cairo, no Egito.

O Ilyushin Il-62M, prefixo P-889, de fabricação soviética, fabricado pela Kazan Aviation Plant no início de 1981, foi vendido para a companhia aérea nacional da Coréia do Norte, a Chosonminhang (agora chamada de Air Koryo), no mesmo ano. Com exceção de uma decolagem abortada em 1982, devido a uma escotilha de carga aberta inadvertidamente, a aeronave não tinha histórico de incidentes.

O Ilyushin Il-62M, prefixo P-889, da Chosonminhang, o avião envolvido no acidente
Em 1º de julho de 1983, a aeronave transportava material de construção, bem como vários trabalhadores e técnicos da construção civil, de Pyongyang, na Coreia do Norte, para concluir o trabalho em um salão antes da vigésima cúpula da Organização da Unidade Africana, agendada para Conakry, em Guiné, em maio de 1984. O P-889 fez duas paradas intermediárias no caminho para a Guiné, parando em Cabul e Cairo para reabastecer.


Levando 17 passageiros e seis tripulantes, o voo transcorreu dentro da normalidade até entrar no espaço aéreo de Guiné, quando caiu na região montanhosa guineense de Fouta Djallon, perto da cidade de Labé, 160 milhas a noroeste do Aeroporto Internacional de Conacri. 

Todos os 23 ocupantes a bordo morreram. Foi o primeiro acidente fatal da companhia aérea. A notícia do acidente demorou a se espalhar devido a dificuldades em chegar ao local remoto do acidente. Embora a causa do acidente nunca tenha sido divulgada publicamente, suspeita-se de um erro do piloto agravado pela fadiga.

Uma delegação de alto nível de funcionários do governo guineense viajou para a Coreia do Norte logo após o acidente para entregar condolências oficiais a Kim Il Sung.

Este continua sendo o acidente aéreo mais mortal da história da Guiné e foi a décima perda operacional de um Il-62 desde sua introdução.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN e Wikipedia

Aconteceu em 1 de julho de 1970: O sequestro do voo Cruzeiro do Sul 105 por terroristas da ALN


O Brasil vivia a ressaca do título na Copa do México, mas esse assunto não podia estar mais distante da cabeça dos quatro jovens de 19 a 24 anos que se reuniram na Praça Quinze, no Centro do Rio, para dar o passo que mudaria suas vidas pra sempre. 

Dez dias após o "capitão do Tri", Carlos Alberto Torres, levantar a taça Jules Rimet no Estádio Azteca, em 1970, os namorados Colombo Vieira e Jessie Jane e os irmãos Eiraldo e Fernando de Palha Freire só pensaram em um voo da companhia Cruzeiro do Sul com destino a Buenos Aires. Não porque queria curtir um tango na Argentina. Armados com dois revólveres e uma pistola, eles pretendiam concluir a viagem ouvindo mambo em Cuba.

A missão havia sido iniciada uma semana antes, no apartamento onde Colombo morava, na Rua Doutor Sardinha, no bairro de Santa Rosa, em Niterói. De passagens em mãos, eles se encontraram na Praça Quinze e partiram para o Aeroporto do Galeão. Os dois revólveres, de calibres 38 e 45, estavam sob o vestido de Jessie, enquanto uma pistola Bereta fora escondida num sapato de Eiraldo.


Como a segurança nos aeroportos era quase inexistente, era fácil embarcar no avião Sud Aviation SE-210 Caravelle VI-N, prefixo PP-PDX, da Cruzeiro do Sul (foto acima), com as armas. 

A aeronave estava pronta para operar o voo 105, um voo internacional de passageiros do Rio de Janeiro com destino a Buenos Aires, na Argentina, com escala programada em São Paulo, levando a bordo  sete tripulantes e 30 passageiros.

A tripulação era composta por: Harro Cyranka (comandante), Herman Schindler (1° oficial), Wilson Fernandes Sanches (2.° oficial), Irene Alves de Medeiros, Maria Nilma Moreira, Luís Carlos Valença e Rossini de Medeiros (comissários).

No momento em que o grupo sequestrador invadiu a cabina de comando do PP-PDX, o comandante Harro Cyranka já estava prevenido, através de informações de uma das comissárias, de que havia a bordo alguns passageiros em atitudes suspeitas.

A possibilidade do desvio da rota, que naquele instante se confirmava, foi realmente levantada pela aeromoça. Eram 10h50m quando foi dada, através do painel do avião, a ordem de desafivelar os cintos, ocasião em que a comissária faria a sua primeira distribuição de bombons, chicletes, algodão e saquinhos plásticos para contra enjoo. 

Preocupou-se com uma conversa que julgou suspeita de dois dos passageiros, que discutiam moderadamente detalhes de uma operação qualquer. Em princípio, ela apenas se interessou por causa de observações que um fazia ao outro à sua passagem. Por causa disso, voltou ao local onde os dois estavam, por algumas vezes, levando refrigerantes e outras bebidas, até ter fortalecida a sua suspeita inicial.

Colombo e Jessie estavam sentados na parte da frente, enquanto os irmãos Palha Freire se acomodaram nos fundos. O grupo esperou quinze minutos após a decolagem para agir. 

O voo já se aproximava de São Paulo, quando Jessie foi ao banheiro, tirou os revólveres do vestido e entregou o calibre 38 para o namorado. O rapaz se está, foi até a cabine do piloto e, indicou a arma, ordenou que o comandante retornasse para o Galeão, enquanto a parceira, de pé diante da cabine, dava ordens aos passageiros para ninguém reagir.

Começava o sequestro do Caravelle PP-PDX. Os quatro envolvidos no sequestro eram integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), principal grupo de combate armado criado para enfrentar a ditadura militar. O plano deles era trocar todos os passageiros do voo por 40 presos políticos do regime, entre eles, o pai de Jessie, Washington Alves, e a irmã de Colombo, Iná Medeiros. Depois, fugiriam todos para Cuba. 

Na época, não era algo raro que guerrilheiros tomassem o controle de voos comerciais para buscar abrigo na ilha de Fidel Castro. Mas os jovens ambiciosos (e ingênuos) que protagonizaram a ação no Caravelle queriam levar com eles dezenas de combatentes tirados de circulação pelos organismos de repressão militar.

Ao dar meia volta, o comandante Harro Cyranka informou à torre de controle que o avião estava sendo sequestrado e começou a transmitir conforme as exigências dos quatro guerrilheiros. Eles desejavam, além de trocar passageiros por presos políticos, a leitura de um manifesto em cadeia nacional de rádio. 

Segundo um depoimento de da sequestradora Jessie, o piloto chegou a alertar o grupo de que eles conseguiram mais chance de vencer em seu plano se fosse para um aeroporto como o de Manaus, onde o aparato de segurança era menor. No Galeão, ele disse, os militantes certamente seriam presos pelos órgãos de coerção. Ainda de acordo com a própria sequestradora, isso mostra o quão despreparados eles estavam.

O avião cercado por forças de segurança, que tentam entrar na aeronave durante o sequestro,
em 1970 (Foto: Arquivo/Agência O Globo)
A chefia do Galeão, então, acionou as tropas da Força Aérea Brasileira (FAB) que vinham recebendo treinamento específico para aquele tipo de situação. Às 10h45, quando o Caravelle parou sobre a pista no Rio, a primeira coisa que os militares fizeram foi metralhar o trem de pouso. Não havia forma mais clara de dizer que as autoridades não permitiriam que a aeronave decolasse de novo.

O avião foi completamente cercado por carros do Corpo de Bombeiros, além de viaturas ansiosas, duas vítimas e dezenas de agentes da repressão. A partir de então, todas as exigências feitas pelos guerrilheiros paravam na decisão das autoridades, que se negavam a negociar. 

Enquanto isso, dentro do avião, a tensão aumentou junto com o calor, já que o ar condicionado estava desligado. Alguns passageiros se ofereciam para ajudar na negociação, outros passavam mal. Para aliviar os ânimos, o comediante Renato Corte Real, parceiro de Jô Soares, assumiu o interfone de bordo e realizou um show de cerca de dez minutos, com piadas que arrancaram risos até dos terroristas.

O clima no terminal de passageiros, ainda vazio, era de tensão entre funcionários da Cruzeiro do Sul e das outras empresas. A aeromoça Sônia, que voou no dia anterior com o comandante Cyranka, tentou chegar até a aeronave para encorajá-lo, sendo obstada pela segurança da pista. Harro Cyranka, primeiro piloto a cobrir a rota Rio-Porto Alegre em voo direto, segundo a aeromoça, estaria reagindo calmamente.

"Ele é o terceiro comandante mais voado do mundo. E sua calma é impressionante. Cyranka é o piloto mais antigo da empresa, talvez o mais hábil entre os comandantes brasileiros", declarou Sônia.

Na pista, às 14h40m – a 20 minutos do fim do prazo dado pela FAB – oficiais começaram a andar por baixo da aeronave, dando a entender que buscavam meios de penetrar. O comandante Cyranka, percebendo o movimento sob a cabina, fez gestos largos, sugerindo que eles deveriam se afastar. Cinco minutos depois, mais duas ambulâncias rodeavam o avião. 

Apenas duas aeronaves se encontravam na pista prontas para levantar voo: uma da TAP, com saída prevista para Lisboa às 15h15m e outra da Pan American – voo 202 – para Brasília, Port of Spain e Nova Iorque.

Quarenta e um passageiros, muitos deles irritados, esperavam este último voo. A Pan American pressionada, e após retardar bastante o voo 202, decidiu consultar a Base Aérea do Galeão sobre a possibilidade de autorizar o embarque. 

Um oficial pediu que a companhia esperasse alguns minutos, “meia hora, no máximo”, porque o avião da Cruzeiro do Sul seria logo liberado. A empresa transmitiu a informação aos passageiros e despachou as bagagens. 

Ás 15h10m, para surpresa dos que se achavam na estação de passageiros, a aeronave sequestrada começou a ser lavada com água ejetada por pequenas mangueiras. E, à distância, pode-se observar um homem subir na fuselagem do Caravelle.

"O presidente Médici deu ordem para a tripulação não decolar. O avião ficará na pista até o resgate dos passageiros". A frase do operador de tráfego Bezoni prenunciou o ataque ao Caravelle.

Tropas lançam fumaça química antes de tentar pegar aeronave (Foto: Arquivo/Agência O Globo)
Às 15h10m, todos entenderam a razão da lavagem: a água ejetada na fuselagem, uma espécie de cola, serviria como fixador da espuma marrom com que a aeronave seria banhada. As mangueiras de lona, desenroladas dos tratores, começaram a espalhar sobre o dorso do aparelho, em jatos fortíssimos, grande quantidade de espuma. A aeronave, em poucos minutos, ficou coberta por uma camada marrom, como se fosse chocolate.

Segundo o pessoal da FAB isso impediria que os sequestradores alvejassem alguém do lado de fora, pois lhes anularia a visão; os passageiros, igualmente, nada veriam. Somente o comandante Cyranka e o primeiro-oficial Schindler, através da janela da cabine, podiam ver o que se passava na pista. 

Coberta a aeronave, praças e oficiais da FAB forçaram as portas de emergência, para arrombá-las. Os agentes tentaram invadir o Caravelle, mas não conseguiram tirar as portas de emergência.

O mesmo plano foi repetido uma segunda vez, mas, de novo, sem sucesso. Só na terceira tentativa, os militares entraram na aeronave. 

Como os sequestradores não podiam ver o que estava ocorrendo fora, sete pontos do aparelho foram atacados simultaneamente: as duas portas da frente, próximas da cabina de comando; as quatro saídas de emergência, duas de cada lado, sobre as asas; e a porta traseira. 

Empunhando porretes, quebravam os vidros das janelas, para lançar pó químico dentro do avião. Um mulato, de camisa azul, após galgar a asa esquerda, esmurrou as portas, furiosamente. Outro, louro e magro, dava coronhadas na fuselagem. Nuvens de fumaça branca, que atingiam 10 metros de altura, escondiam parte do avião, bloqueando a visão do pessoal confinado na varanda da estação. Quando se dissipavam, outras nuvens eram formadas. 

Dentro desse clima, três ônibus penetraram na pista, em intervalos regulares, para recolher passageiros, e levá-los ao setor militar do aeroporto. Ouviu-se três tiros: um surdo como se ecoasse dentro do avião e os outros mais fortes.

Um homem trajando macacão verde desceu ferido, e foi carregado para uma ambulância. Duas outras ambulâncias, recolhendo outras pessoas, seguiram em alta velocidade para o setor militar. 

E novas nuvens de fumaça, menos espessas, foram lançadas sobre a área, sobrevoada por dois caças. Houve um murmúrio de espanto quando, do alto da escada interna, junto da cabina, um homem de camisa clara, parecendo membro da tripulação, se atirou no cimento da pista, de cabeça.

Às 15h40m, água pura ejetada por mangueiras dos bombeiros lavou a fuselagem do Caravelle, parecendo que tudo havia terminado. As portas do avião, escancaradas após a operação, voltaram a ser fechadas pelos praças da FAB. Das 12 viaturas dos bombeiros, quatro se retiraram lentamente, fazendo soar as sirenas. E alguns funcionários do aeroporto, antes mantidos à distância, foram olhar o Caravelle sem ser molestados.

Durante a tomada do avião, um dos terroristas feriu-se gravemente na cabeça e alguns passageiros sofreram pancadas e contusões, entre eles o comediante Renato Corte Real. O comandante Harro Cyranka recebeu ferimento perfurante numa das pernas (há relatos que ele recebeu um tiro disparado por Jessie Jane, que teria feito dois disparos, tendo o outro atingido de raspão um dos passageiros).

Houve tiroteio intenso, no qual Eiraldo de Palha Freire foi baleado. Ele morreu três dias depois. Segundo a Aeronáutica, o guerrilheiro faleceu devido ao tiro, mas, durante a Comissão Nacional da Verdade, em 2014, ficou preso que o integrante da ALN foi um óbito em decorrência da tortura após ser capturado.


Finda a operação militar, todos, sem exceção, foram levados para o hospital, tripulantes e passageiros. Nenhum militar foi ferido, mas todos foram também para o hospital, fiscalizando o atendimento. 

Foram medicados: um passageiro, ferido de leve na perna, que logo liberado para o depoimento na Base Aérea; o ator Renato Corte Real, com ferimento leve na altura da boca – que o fez perder a dentadura – e crise nervosa, logo sanada, a ponto de fazê-lo agradecer e pedir desculpas aos oficiais; o comandante Cyranka, que foi imediatamente levado para a sala de operações; o segundo-oficial Wilson, ferido no rosto; a comissária Nilma, também levemente ferida na testa; e o sequestrador que foi identificado mais tarde como sendo o passageiro Eiraldo Palha Freire. 

Esse chegou ao hospital dado como morto. Veio deitado em decúbito dorsal, com a própria camisa enrolada no pescoço amparando o sangue que lhe escorria. Foi levado às pressas para a mesa de operações e verificou-se que a bala não atravessou o crânio, tendo entrado pelo ouvido, batido provavelmente num osso, e descido pelo pescoço. 

A mulher do grupo sequestrador, Jessie Jane, – que recebeu cinco pontos na nuca – chegou enrolada numa toalha, pois no desembarque, empurrada de um para outro lado, teve as roupas rasgadas. Apenas esses tiveram maiores cuidados médicos, reduzindo-se o tratamento dos demais a doses fortes de calmante.

Por volta das 20 horas é que eles foram, então, levados para depor sobre a tentativa do sequestro. À medida que iam sendo liberados, podiam escolher o hotel de preferência. A bagagem, enquanto se sucediam os acontecimentos, foi levada para o interior do aeroporto. Acalmada a situação, alguns oficiais comentavam mais serenos que fora outra vitória do Brasil. 

Jessie, Fernando e Colombo à esquerda, no banco dos réus, durante o julgamento, em 1970
(Foto: Arquivo/Agência O Globo)
Os quatro sequestradores foram levados ao Centro de Investigações da Aeronáutica (CISA), na Base Aérea do Galeão, onde tiveram início como sessões de interrogatório mediante tortura. Na madrugada de 2 de julho de 1970, foram transferidos ao Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), na Tijuca, onde as sevícias continuaram. 

De acordo com Jessie Jane, os agentes pensavam que Eiraldo era seu namorado, e, portanto, a colocavam de frente para ele, na tentativa de confirmar informações. Mas a guerrilheira, que depois da ditadura se tornou professora de História, conto que ambas ficaram o tempo todo em silêncio.

O Ministério Público pediu pena de morte para os três militantes que sobreviveram, alegando que os disparos foram para eles no momento da reação militar que causou a morte de Eiraldo. O Conselho Especial de Justiça da Aeronáutica, porém, não suspeitou com a tese e, em novembro de 1970, os condenou à prisão: 24 anos de prisão para Colombo, 18 anos para Jessie e 12 anos para Fernando.

Nos primeiros anos, Jessie e Colombo permaneceram presos em locais distintos: ela no Presídio Talavera Bruce, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, e ele no Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. O contato entre os namorados se dava apenas por cartas, até que, em 1972, a dupla conseguiu autorização judicial para se casar e, em 1975, obtiveram permissão para visitas íntimas. Em 1976, nasceu Leta Vieira de Sousa, filha do casal, que viveu os primeiros meses de vida no presídio, até ser enviada para a casa da avó. Hoje, ela é arquiteta e urbanista.

Jessie e Colombo foram libertados em 1979, quando o regime militar deu início à flexibilização política e foi aprovado a Lei da Anistia. Nos anos seguintes, o ex-guerrilheiro foi assessor da Aquidiocese de Volta Redonda e do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda. Ele morreu em 25 de abril de 2021, aos 71 anos. Já sua companheira se formou em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tem mestrado pela Universidade de Campinas (Unicamp) e doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual é, hoje, professora.

Colombo e Jessie dando entrevista após deixarem prisão, em 1979 (Foto: Wilson Alves/Agência O Globo)
O casal de sequestradores e o episódio do sequestro e seus aperfeiçoamentos são tema da série documental do Globoplay "Jessie e Colombo".


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN, Jornal do Brasil, Opinião Sem FronteirasO Globo