Construtora JHSF quer construir aeroporto para jatos executivos
Com investimento de R$ 400 mi, aeroporto privado em São Paulo teria pista de 2.700 metros
Novo empreendimento depende de autorização do governo e estaria a cerca de 60 km da capital paulista
A construtora JHSF, especializada no mercado de luxo e dona do shopping Cidade Jardim, negocia com o governo a construção de um aeroporto privado internacional para a aviação executiva.
O investimento é de R$ 400 milhões e prevê, além do aeroporto, o desenvolvimento imobiliário do entorno, com shopping center e escritórios comerciais.
O terreno pertence à JHSF e está localizado depois de Araçariguama, a quase 60 km do centro de São Paulo, sentido sul, pela rodovia Castello Branco. Fica no caminho da Fazenda Boa Vista, empreendimento da mesma construtora, de casas de fim de semana para endinheirados.
A área total é de mais de 7 milhões de metros quadrados, mas apenas uma parte seria usada para o aeroporto. Procurada, a JHSF não quis se pronunciar sobre o empreendimento.
A Folha teve acesso ao projeto: com uma pista de 2.700 metros de cumprimento e 45 metros de largura, o aeroporto terá capacidade para 200 mil movimentos (pousos e decolagens) por ano.
Isso equivale à soma dos movimentos da chamada aviação geral (aviões privados e táxi aéreo) nos aeroportos de Cumbica, Congonhas e Campo de Marte em 2010.
O projeto já foi apresentado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e à SAC (Secretaria de Aviação Civil). O projeto é uma parceria da JHSF com a consultoria da C>Fly Aviation.
Um documento obtido pela Folha mostra que a Anac já deu o sinal verde no que tange às competências da própria agência. É preciso ainda negociar o modelo de autorização e de cobrança de tarifas, no âmbito da SAC. O Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) também precisa dar sua autorização.
Tendência global
Os investidores defendem um modelo tarifário diferente do praticado pela aviação comercial, que não atende às particularidades do segmento. Eles também querem a sinalização, do governo, de que o projeto se enquadraria em uma solução geral para os problemas de infraestrutura do setor.
"A separação dos dois segmentos em aeroportos diferentes é uma tendência global", diz Érico Santana, consultor de aeroportos do Dorsch Gruppe em Abu Dhabi. "Já acontece em Nova York, Paris, Tóquio, Londres, Abu Dhabi e outras cidades."
A consultoria McKinsey, em estudo encomendado pelo BNDES, recomenda a retirada da aviação executiva de Congonhas e sugere ao governo considerar a autorização para a construção de um novo aeroporto exclusivo.
"Tanto Congonhas como Campo de Marte não possuem condições para suportar os novos voos e também os aviões que estão chegando", diz Santana.
Ele afirma que, nos próximos anos, o Brasil deve receber 75 aviões do porte do Gulfstream G550, que permitem fazer voos intercontinentais.
A aviação geral ocupa hoje 4 dos 34 movimentos por hora em Congonhas.
A transferência desses movimentos para a aviação regular poderá representar receita extra de R$ 72 milhões para a Infraero só com tarifas de embarque. Há ainda receitas com as demais taxas e tarifas e o aumento dos voos regulares em Cumbica.
Fonte: Mariana Barbosa (jornal Folha de S.Paulo)
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