quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Infraero quer reduzir vistoria feita em pistas dos aeroportos

Infraero pede para mudar prazo de inspeção que garante não haver riscos de derrapagem na pista em pousos

Anac não tomou decisão sobre o assunto e estatal não detalha a proposta; em Congonhas, vistoria é feita a cada sete dias

A Infraero pediu autorização à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para reduzir as vistorias que determinam se aeroportos suportam pousos sem riscos de derrapagem das aeronaves.

Esses testes, que apontam o grau de atrito entre o pavimento da pista e o pneu do avião, são considerados por especialistas como um dos principais itens de segurança na operação aeroportuária.

A falta de atrito na pista foi apontada pela polícia como uma das possíveis causas do acidente com o avião da TAM que matou 199 pessoas em Congonhas, em 2007.

A Infraero (estatal que administra os principais aeroportos do país) enviou o pedido à Anac na semana passada. Procurada, a estatal não comentou o assunto.

A Anac começou a discutir o pedido ontem, mas ainda não tomou uma decisão.

A Infraero quer ser liberada de atender temporariamente os prazos de testes previstos na resolução feita pela Anac em 2009, com base em normas internacionais.

A resolução diz que as pistas de um aeroporto com mais de 210 pousos diários, como Cumbica e Congonhas, passem pelos testes, que exigem o fechamento da pista a cada sete dias. Os prazos são escalonados de acordo com o número de pousos diários.

A Infraero enfrenta dificuldades para contratar empresas aptas a realizar a vistoria, como foi visto há duas semanas. Não houve empresas interessadas na licitação de R$ 661 mil para fazer os testes de atrito em sete aeroportos da Regional Centro-Oeste.

Segundo o brigadeiro Allemander Pereira Filho, ex-diretor da Anac e especialista em segurança de voo, é mais um sinal de que a estrutura, incluindo aí maquinário e pessoal especializado, vem se esgotando.

"Se há mais aeroportos cheios, terá que fazer mais mais controles. E o país não se preparou para isso", diz.

"Megapuxadinho"

O aumento do número de passageiros em Viracopos, por exemplo, levou a Infraero a criar um "megapuxadinho" a cerca de 200 metros do terminal do aeroporto.

De janeiro a setembro, Viracopos recebeu 3,8 milhões de passageiros praticamente com as mesmas instalações de três anos atrás -em 2007, foram 773 mil usuários.

A empresa abriu licitação para empresas aéreas construírem "módulos operacionais removíveis" em cinco áreas, com cerca de 35 mil m2 no total. É um local cheio de formigueiros e sem água potável nem rede de esgoto.

No local, deverá funcionar o atendimento de check-in remoto, estacionamento e despacho de bagagem.

Fonte: José Ernesto Credencio (jornal Folha de S.Paulo)

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