Celebra-se este mês o nascimento do Concorde. O único avião de passageiros ao lado da sua cópia soviética, o Tupolev Tu-144 ou “Concordski”, capaz de romper a velocidade do som. No entanto, esta semana a lembrança é sombria. Tem início o julgamento penal dos acusados pela tragédia que matou todos os 100 ocupantes do supersônico franco-britânico e contribuiu para aposentar as 20 aeronaves do tipo.
A glória custosa de 920.000 horas de voo do Concorde - o “pássaro branco” fazia o trajeto Paris-Rio em apenas 5h45, mas consumia 22 toneladas de querosene por hora - terminou semeando destroços em um campo de trigo, no subúrbio de Paris, dia 25 de julho de 2001. Foi o único acidente da sua história. O destino determinou que o avião encerrasse sua carreira com as cores da Air France estampadas na elegante fuselagem.
Dois pilotos experientes e consultores em uma dezena de acidentes de avião não acreditam que as tragédias aéreas acontecem por obra do acaso como, muitas vezes, tenta fazer crer o Escritório de Investigações e Análises da aviação civil francesa, o BEA. Mais do que isso. Eles acham que nem sempre as versões do BEA correspondem a realidade. Em muitos casos, não é necessário encontrar as caixas-pretas para se chegar a origem da catástrofe como sustenta o BEA. O maior acidente da história da Air France, o voo AF 447 (Rio-Paris), no qual morreram 228 pessoas, encaixa-se como uma luva nas três categorias, segundo a dupla pilotos. Eles oferecem a prova.
Gérard Arnoux, comandante de bordo de Airbus 320 e presidente do Sindicato de Pilotos da Air France (Spaf), de 58 anos e Henri Marnet-Cornus, ex-piloto de caça e de aviões de passageiros, de 60 anos, apoiaram-se em 47 documentos oficiais para escrever um relatório sobre as causas do acidente com o vôo AF 447. A análise joga por terra a tese do BEA de que os Tubos Pitot AA, não estão na origem do acidente. Os Pitot, fabricados pela francesa Thales, são sensores externos que enviam informações sobre as pressões para o sofisticadíssimo e quase autônomo sistema de bordo do A330 calcular a velocidade da aeronave.
Para o BEA, as leituras “incoerentes” dos sensores não foram determinantes, mas apenas um fator entre vários outros. Na análise dos pilotos fica claro que o defeito desencadeou uma sequência de panes que levou o avião à uma situação em que a tripulação não estava devidamente treinada para enfrentar. Arnoux martela: “Sem o defeito nas sondas, o acidente não teria acontecido.”
Os pilotos acusam a Air France e Airbus de “negligências” graves. Os problemas com as sondas foram diagnosticados em 2002. Desde então, foram registrados vários incidentes nos quais os sensores deram o pontapé inicial sem que o fabricante e a companhia aérea tomassem as devidas providências. A Air France forneceu aos pilotos do vôo AF 447 uma previsão meteorológica produzida 24 horas antes do acidente. Na madrugada dia 1 de junho, quando ocorreu a tragédia, havia uma rota mais segura que a que foi feita pelo A330. Na carta meteorológica de horas antes da decolagem, podia se ver bem a melhor opção. Os pilotos não sabiam. Embarcaram com informação desatualizada.
Os pilotos realçam também a parte de responsabilidade na tragédia das autoridades tutelares da aviação - o BEA, Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) e Agência Européia de Segurança Aérea (AESA). Sabia-se, por exemplo, que a certificação das sondas datavam dos tempos em que os aviões não voavam a altitudes tão altas, portanto os exames não levavam em conta o efeito dos cristais de gelo nas sondas.
Fonte: Antonio Ribeiro (Veja.com)
A glória custosa de 920.000 horas de voo do Concorde - o “pássaro branco” fazia o trajeto Paris-Rio em apenas 5h45, mas consumia 22 toneladas de querosene por hora - terminou semeando destroços em um campo de trigo, no subúrbio de Paris, dia 25 de julho de 2001. Foi o único acidente da sua história. O destino determinou que o avião encerrasse sua carreira com as cores da Air France estampadas na elegante fuselagem.
Dois pilotos experientes e consultores em uma dezena de acidentes de avião não acreditam que as tragédias aéreas acontecem por obra do acaso como, muitas vezes, tenta fazer crer o Escritório de Investigações e Análises da aviação civil francesa, o BEA. Mais do que isso. Eles acham que nem sempre as versões do BEA correspondem a realidade. Em muitos casos, não é necessário encontrar as caixas-pretas para se chegar a origem da catástrofe como sustenta o BEA. O maior acidente da história da Air France, o voo AF 447 (Rio-Paris), no qual morreram 228 pessoas, encaixa-se como uma luva nas três categorias, segundo a dupla pilotos. Eles oferecem a prova.
Gérard Arnoux, comandante de bordo de Airbus 320 e presidente do Sindicato de Pilotos da Air France (Spaf), de 58 anos e Henri Marnet-Cornus, ex-piloto de caça e de aviões de passageiros, de 60 anos, apoiaram-se em 47 documentos oficiais para escrever um relatório sobre as causas do acidente com o vôo AF 447. A análise joga por terra a tese do BEA de que os Tubos Pitot AA, não estão na origem do acidente. Os Pitot, fabricados pela francesa Thales, são sensores externos que enviam informações sobre as pressões para o sofisticadíssimo e quase autônomo sistema de bordo do A330 calcular a velocidade da aeronave.
Para o BEA, as leituras “incoerentes” dos sensores não foram determinantes, mas apenas um fator entre vários outros. Na análise dos pilotos fica claro que o defeito desencadeou uma sequência de panes que levou o avião à uma situação em que a tripulação não estava devidamente treinada para enfrentar. Arnoux martela: “Sem o defeito nas sondas, o acidente não teria acontecido.”
Os pilotos acusam a Air France e Airbus de “negligências” graves. Os problemas com as sondas foram diagnosticados em 2002. Desde então, foram registrados vários incidentes nos quais os sensores deram o pontapé inicial sem que o fabricante e a companhia aérea tomassem as devidas providências. A Air France forneceu aos pilotos do vôo AF 447 uma previsão meteorológica produzida 24 horas antes do acidente. Na madrugada dia 1 de junho, quando ocorreu a tragédia, havia uma rota mais segura que a que foi feita pelo A330. Na carta meteorológica de horas antes da decolagem, podia se ver bem a melhor opção. Os pilotos não sabiam. Embarcaram com informação desatualizada.
Os pilotos realçam também a parte de responsabilidade na tragédia das autoridades tutelares da aviação - o BEA, Direção Geral de Aviação Civil (DGAC) e Agência Européia de Segurança Aérea (AESA). Sabia-se, por exemplo, que a certificação das sondas datavam dos tempos em que os aviões não voavam a altitudes tão altas, portanto os exames não levavam em conta o efeito dos cristais de gelo nas sondas.
Fonte: Antonio Ribeiro (Veja.com)
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