Parentes fazem apelo a ministro para agilizar documentação de vítimas.
No dia em que Marinha e Aeronáutica confirmaram o resgate de 24 corpos em alto-mar de vítimas do voo 447 da Air France, familiares dos passageiros não pouparam críticas nesta segunda (8) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governo brasileiro. Eles afirmam não terem recebido o mesmo apoio que parentes de vítimas de outros países afetados pela tragédia, como França e Espanha.
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Ele (Lula) não deu a mínima para ninguém. Nós somos o que? O povo? O povo não tem a mínima importância. O que é importante para ele é fazer viagens, e viagens e viagens. Eu confiei muito nele, não confio nem um pinguinho mais”, desabafou Maria Eva Marinho, 60 anos, mãe de Nelson Marinho, um dos passageiros que embarcou rumo a Paris no último dia 31 de maio.
“Se ele não perdeu ninguém, se ele não tem sentimento nenhum, eu tenho. Nós não perdemos filhote de gato não. Eu perdi o meu filho, como muitas outras pessoas perderam também. Deveria haver um pouquinho mais de humanidade. A dor que eu estou sentindo eu não desejo para ninguém”, completou.
Maarten van Sluys, irmão da assessora da Petrobras Adriana van Sluys, que também estava entre os passageiros, lembrou que o presidente francês Nicolas Sarcozy foi ao aeroporto no dia do desaparecimento do avião prestar solidariedade às famílias.
Lula chegou a divulgar uma nota oficial, mas, como estava fora do país em viagem oficial, não chegou a embarcar rumo ao Rio, onde estavam concentradas as informações: o papel coube ao seu vice, José de Alencar. O presidente chegou a cogitar participar de um ato ecumênico em atenção às vítimas, mas acabou cancelando sua participação.
“Nós vimos aí na Europa, o rei da Espanha foi de encontro às famílias dos espanhóis vitimados, o presidente Sarkozy rapidamente já foi direto ao aeroporto, em Paris. A gente entende que o nosso presidente estava em viagem oficial à América Latina, mas estamos esperando receber a solidariedade dele, além de ações efetivas”, disse Maarten.
Os familiares fizeram ainda um apelo ao governo, em especial ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para que agilize a documentação dos passageiros, como atestados de óbito.
“Eu faço agora um apelo ao ministro Tarso Genro que vá se preparando para nos facilitar na documentação porque a legislação brasileira é muito morosa. E muito complicada, burocrática demais. Isso nós vamos precisar tão logo esteja terminado este trabalho de recolhimento dos corpos”, disse Nelson Faria Marinho, pai de Nelson Marinho.
“Até agora eu não vi nenhuma manifestação por parte do governo brasileiro, um amparo maior às famílias que estão no maior sofrimento. Não vi até agora esse apoio por parte do Lula, por parte do Tarso Genro. Estou pedindo a eles aqui que se manifestem na hora da gente contar com o governo brasileiro”, completou.
Fonte e foto: Daniella Clark (G1)
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