Comandante explica ao G1 como ocorrem as operações com pouca visibilidade.
Visibilidade estava prejudicada nos últimos dias em Cumbica
As condições meteorológicas são propícias para a formação de neblina até domingo (13) em São Paulo, segundo os meteorologistas. As condições do tempo podem voltar a afetar as operações no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, que na segunda-feira (7) chegou a ter mais da metade dos pousos atrasados por causa dos nevoeiros.
O diretor-técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, explica que o problema não é provocado por nenhuma falha de projeto ou de equipamento no aeroporto: a neblina afeta de maneira diferente o pouso e a decolagem das aeronaves. O pouso, diz ele, exige um teto mínimo - espaço entre a pista e a base da camada de nuvens. “No caso do pouso, você vem até uma certa altura com instrumentos, mas você precisa ver o chão para pousar”, explica o comandante.
Jenkins diz que Cumbica esá equipado com ILS (Instrument Landing System) – que auxilia as operações em casos de pouca visibilidade – categoria 2. “A diferença é exatamente o teto mínimo. O [categoria] 1 precisa de 200 pés de teto, em torno de 60 metros, e o categoria 2 precisa de 100 pés de teto, o que quer dizer 30 metros”, diz.
Diferentemente do pouso, a decolagem precisa de visibilidade horizontal. “Se você enxergar a linha do centro da pista e a iluminação lateral, você pode decolar, mesmo que o teto seja mínimo. Quando ele [o avião] inicia o descolamento do chão, não precisa mais dessa visibilidade. Ele passa a voar imediatamente por instrumentos”, explica.
Apesar de considerar que Cumbica tem equipamentos modernos, Jenkins diz que já há instrumentos mais sofisticados, mas que os custos deles não compensam. “É muito caro o investimento, tanto para a infra-estrutura quanto para as empresas, por causa do treinamento dos pilotos. Acaba não valendo a pena, porque você vai usar isso dois ou três dias por ano.”
Previsão de neblina
A meteorologista Cássia Beu, do Centro de Gerenciamento de Emergências da prefeitura (CGE) diz que teremos condições nesta semana para mais formação de neblina na região de Cumbica. “O que faz a formação de nevoeiro é o fato de a temperatura cair muito durante a madrugada. Até o domingo, temos condição para a formação”, diz.
O meteorologista Franco Villela, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em São Paulo, diz que a posição do aeroporto também facilita a formação de neblina. “Lá, além de ser uma região mais baixa, tem o efeito da Serra da Cantareira, que represa esse ar mais frio."
Um dos fatores que causam a neblina é a inversão térmica, fenômeno típico do inverno. “Nas noites de poucas nuvens e com ventos calmos, forma-se o efeito da inversão, com ar mais frio embaixo e mais quente em cima. Se há ventos, quebram as camadas e tem uma mistura do ar”, explica Franco Villela, do Inmet.
Ele usa como exemplo a Avenida Paulista, um ponto mais alto de São Paulo, e o Vale do Anhangabaú. “É nas regiões mais baixas que se formam os nevoeiros. Quando é forte a inversão, uma pessoa que está na Avenida Paulista estará com céu claro, já no Vale do Anhangabaú vai ter uma cobertura de nuvens”, explicou.
Em noites de inverno sem nuvens, há um resfriamento na superfície e a temperatura perto do solo acaba mais fria do que em maiores altitudes. “Se tivesse nuvens, elas segurariam o calor na superfície. Então, [sem as nuvens] o calor que incidiu durante o dia vai embora e a superfície começa a perder o calor. Essa condição não deixa misturar o ar da superfície com o ar da altitude”, afirma Cássia Beu, acrescentando que isso facilita a formação de nevoeiro.
Fonte: Luciano Bonadio (G1) - Foto: Filipe Araújo (Agência Estado)
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