Empresas continuam ineficientes
Queda no preço do petróleo pode mudar rumo mas existe cautela em relação ao dólar
Após o difícil ano de 2008, as companhias aéreas tendem a entrar em uma fase melhor, marcada pela queda dos preços do petróleo. Entretanto, é preciso ter cautela com o setor, diante da alta do dólar frente ao real e o menor crescimento econômico brasileiro.
Além destes fatores, as empresas ainda mostram problemas com eficiência, evidenciados pelo número de atrasos nos vôos de fim de ano. A maior dificuldade foi enfrentada pela Gol, que está terminando a integração das operações com a Varig.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com base nos dados da Infraero, a Gol registrou atrasos acima de 30 minutos, em média, de 30% dos vôos entre os dias 04 de dezembro e 19 de janeiro. Já a TAM teve 12,5% dos seus vôos com atraso e as outras companhias aéreas (Webjet, OceanAir, Trip e Azul), 16,2%.
"As empresas não se posicionaram em relação à quantidade de atrasos. Este cenário foi um pouco decepcionante, pois esperávamos uma eficiência maior", diz a analista da SLW Corretora, Kelly Trentin. Ela lembra que a TAM sofreu o mesmo problema no fim de 2007, mas conseguiu equacionar as operações ao longo do ano passado.
As operações da Gol foram prejudicadas pelo processo de integração com as operações da Varig. Apesar da compra da Varig ter ocorrido em março de 2007, duas empresas só foram autorizadas a fundir todas as suas operações, inclusive a malha de vôos, a partir do segundo semestre do ano passado. O término da integração está previsto para o próximo dia 18 de janeiro. "Esperamos que esta questão seja resolvida ao longo de 2009, com as mudanças de estratégia", afirma a analista.
A equipe de análise da Planner Corretora explica que o processo de integração das malhas é bastante complicado. "Do lado operacional estes atrasos são bastante negativos, pois quanto maior o tempo da aeronave em solo, menos rentável é a operação", destacam.
Preço do petróleoSegundo Kelly, um dos fatores positivos que deve favorecer o desempenho das aéreas neste ano está a queda do preço do petróleo. A commodity foi a principal causa de pressão nos custos no ano passado. "A situação das empresas deve melhorar. As companhias conviveram com um cenário adverso por um bom tempo. Houve o problema do custo do petróleo, as questões de infra-estrutura que geraram problemas de imagem", conta. A queda do preço do petróleo foi menos sentida pela TAM devido à operação de hedge (proteção) que a companhia havia feito contra as oscilações.
Os planos agressivos de expansão de capacidade também se refletiram nos resultados, pois a oferta cresceu mais que a demanda. No entanto, no terceiro trimestre já é possível vislumbrar a adequação entre oferta e demanda e a tendência de melhora operacional. "Há a preocupação com a taxa de ocupação. A relação oferta e demanda é a questão chave para o setor", avalia a equipe da Planner.
Preço das açõesPara a analista da SLW, tendo em vista o cenário atual, o setor se mostra mais atrativo. Ainda mais no preço atual dos papéis. Em 2008, as ações preferenciais da Gol apresentaram queda de 76,67%. Já as ações preferenciais da TAM mostraram perda menor, de 56,62%.
A Gol registrou um prejuízo de R$ 474,395 milhões no terceiro trimestre deste ano, contra um lucro líquido de R$ 49,416 milhões no mesmo período do ano passado. Diante do prejuízo, o Conselho de Administração decidiu descontinuar o pagamento de dividendos para o ano fiscal de 2008, garantindo, contudo, um pagamento mínimo de 25% do lucro líquido consolidado.
De acordo com a avaliação da Planner, o setor também exibe fragilidades frente ao câmbio, pois os financiamentos das aeronaves são atrelados ao dólar. Para os especialistas da corretora, o setor deve mostrar recuperação até o fim do ano, mas é preciso ter cautela na decisão de investir.
Fonte: Ana Borges (Monitor Mercantil Digital)