Durante o seminário "O Rio e seus aeroportos", promovido pela Secretaria de Transportes, na tarde do dia 12 de dezembro (quinta-feira), na Associação Comercial do Rio de Janeiro, ficou claro o alinhamento político do governo do Estado e da futura Prefeitura do Rio de Janeiro em favor da não abertura do aeroporto Santos Dumont para novas ligações diretas entre capitais, opondo-se a visão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo o secretário de Transportes, Julio Lopes, e o de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, a visão estratégica do Estado para o desenvolvimento do Rio prioriza a revitalização do aeroporto Tom Jobim/Galeão através de sua consolidação como concentrador e distribuidor de rotas e vôos internacionais (hub).
. A estratégia de restringir os vôos do Santos Dumont e priorizar o Galeão foi uma decisão histórica, conjunta do Estado e da Prefeitura, que se uniram em torno da defesa de nossa economia. O que nós queremos é uma criar um entendimento para o uso racional e, especialmente de mercado para o Galeão – disse Julio Lopes.
O secretário Julio Bueno ressaltou a posição do Estado em favor da concorrência entre os aeroportos do Rio. Entretanto, relembrou que, no passado, quando os dois aeroportos funcionaram juntamente para vôos entre capitais houve um significativo esvaziamento do Galeão.
. O somatório de desejos individuais de algumas empresas necessariamente não representa interesses coletivos. O objetivo do Estado é fortalecer a posição do Rio no cenário nacional e internacional, aumentando a conectividade interna e externa a partir da consolidação do Galeão como hub – afirmou Bueno.
O diretor da Anac, Ronaldo Seroa da Mota, defendeu a abertura do Santos Dumont para novos vôos nacionais, alegando que o aeroporto possui capacidade adicional de um quarto comparada a que tem hoje o Galeão. Segundo ele, com a liberação do Santos Dumont, a participação das empresas no setor seria mais igualitária.
. O Rio de tem duas portas de entrada e isso é ótimo. Contudo, possui uma demanda reprimida por conta de um aeroporto ocioso. A concorrência entre os aeroportos será benéfica. O setor ficará mais dinâmico e as passagens mais baratas – disse Seroa.
De acordo com o subsecretário de Transportes, Delmo Pinho, para que o Galeão volte a ser um distribuidor de tráfego aéreo é necessário concentrar o maior número de vôos no aeroporto e não distribuí-los. Ele esclareceu que apesar do Galeão operar abaixo de sua capacidade, o aeroporto apresentou, nos últimos anos, um aumento qualitativo de conectividade.
. Em 2007 e 2008, depois da quebra da Varig, houve um aumento significativo do número de novas rotas internacionais no Galeão. Isto demonstra um ganho qualitativo e quantitativo. Este ano observa-se que cerca de 50% dos passageiros dos vôos internacionais do aeroporto tem origem ou destino em outros estados, o que reforça a vocação do Galeão como um grande distribuidor de rotas. Abrir o Santos Dumont é criar um concorrente dentro da própria casa – avaliou o subsecretário.
A secretária de Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins, que também participou do evento, reforçou que o projeto de revitalização do Galeão é fundamental para as ações do Estado frente à candidatura para os Jogos Olímpicos e para sediar a Copa do Mundo de 2014.
. Temos viajado com o governador Sérgio Cabral para conseguirmos linhas internacionais para o Rio, mas encontramos grande dificuldade. Pode ser que daqui a cinco anos a abertura do Santos Dumont seja benéfica, mas no atual momento não nos ajuda. A visão do Estado é de ser indutor do desenvolvimento do Rio e, por isso, precisamos da revitalização do Tom Jobim – conclui Márcia Lins.
Também participaram do debate, representantes da Infraero, do setor de turismo (ABAV-RJ e Sindetur), dirigentes das principais companhias aéreas, representantes de concessionárias aeroportuárias, além de representantes do setor empresarial do Rio. Ao final do evento foi aprovada uma carta, que defende a manutenção do uso vigente dos dois aeroportos, visando à consolidação do Galeão como concentrador de vôos nacionais e internacionais.
Carta "O Rio e seus Aeroportos" - Tendo em vista os assuntos debatidos por ocasião no Seminário "O Rio e seus aeroportos: Um debate sobre as estratégias para o Santos Dumont e o Galeão", realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro, em 4 de dezembro de 2008, e as conclusões dele decorrentes, os signatários abaixo relacionados entendem como absolutamente relevante que sejam rigorosamente mantidas as atuais limitações e proibições operacionais impostas à Área de Controle Operacional (TMA) do Rio de Janeiro, estabelecidas pela Portaria Nº 187/DGAC, de 8 de março de 2005, bem como a realização de Audiência Pública relativa ao uso dos Aeroportos do Galeão e Santos Dumont, em conformidade com o Artigo 27, Capitulo III, da Lei nº. 11.182, de 27 de setembro de 2005.
Neste entendimento, as estratégias relativas ao uso dos aeroportos Galeão e Santos Dumont devem ser norteadas pelas seguintes diretrizes básicas:
1 – Consolidação do aeroporto do Galeão como concentrador de rotas e vôos internacionais (hub) pelo adensamento dos vôos nacionais com prioridade nas ligações com as capitais;
2 – Manutenção das restrições de uso do Aeroporto Santos Dumont;
3 – Melhorias e desenvolvimento das conexões urbanas do Galeão com a cidade do Rio de Janeiro, principalmente no que tange aos acessos.
4 – Adequação na concessão de novos vôos nacionais e internacionais à capacidade operacional das instalações dos Aeroportos Nacionais, visando à utilização da capacidade do Galeão.
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO ABAV/RJ - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGENTES DE VIAGENS CEA - COMITÊ DAS EMPRESAS AÉREAS CCG - COMITÊ DE CARGAS DO GALEÃO JURCAIB – JUNTA DOS REPRESENTANTES DAS COMPANHIAS AÉREAS INTERNACIONAIS DO BRASIL SINDETUR – SINDICATO DAS EMPRESAS DE TURISMO ACAP – ASSOCIAÇÃO DOS CONCESSIONÁRIOS AEROPORTUÁRIOS SINDICATO NACIONAL DAS EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS EM AEROPORTOS.
Fonte: Revista Fator