Original tinha estrutura de bambu e asas de seda. Réplica tem material mais resistente.
Na festa de aniversário da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), nesta sexta feira (11), em Brasília, a grande atração é a réplica de um avião cujo original tem mais de 100 anos: a cópia do Demoiselle, construído por Santos Dumont, vai decolar após uma cuidadosa reconstrução.
A aeronave que vai sobrevoar Brasília pela primeira vez já participou de apresentações na França e nos Estados Unidos, onde voou ao lado de uma réplica do Flyer, criação dos irmãos Wright, pioneiros da aviação norte-americana.
Por segurança, a cópia foi feita em materiais mais resistentes. Mas o projeto é basicamente o mesmo. O mecânico de aviação Alvarino Nunes de Paula lembra da emoção de decolar pela primeira vez com o Demoiselle. “O primeiro vôo foi emocionante, foi...eu toda vez que falo nisso me emociono...”, define.
Reconstrução
As mãos habilidosas dos mecânicos recriaram o passado em menos de uma hora. Com gestos precisos, Alvarino e o filho Fábio Nunes de Paula vão ajustando parafusos, cabos de aço, a estrutura de alumínio e as asas em poliéster. Rapidamente, o motor de 60 cavalos começa a girar para puxar o avião de apenas 147 kg.
“Para mim, realmente, o precursor da aviação é o Demoiselle”, diz Fábio Nunes.
Libélula de seda
Cem anos atrás, os franceses batizaram o pequeno avião com o nome de Demoiselle, que significa libélula. Seu criador, o brasileiro Alberto Santos Dumont já tinha ficado famoso por invenções como o 14-bis, considerado o primeiro avião do mundo, e também de outras engenhocas mais pesadas que o ar que conseguiam sair do chão.
Mas o Demoiselle, que originalmente tinha estrutura de bambu e asas de seda, era eficiente e rápido para a época: chegava a mais de 90 km/h. Dumont foi pioneiro em viagens pelo interior da França.
“Ele (Santos Dumont) foi um dos recordistas em velocidade, e usava o Demoiselle como um meio de transporte. Ele ia visitar os amigos nos castelos na França”, ensina Fábio.
Ao criar o Demoiselle em 1907, Santos Dumont mudou a história da aviação. Pela primeira vez, o motor era colocado na frente do piloto e o leme de direção na parte traseira. Até hoje, o modelo do brasileiro serve de referência para a maioria dos fabricantes em todo o mundo.
Fonte: G1