Jayme Meditsch, colecionador de aviões, morador do bairro Tristeza, em Porto Alegre (RS)
O dentista mantém com carinho quase 500 miniaturas da máquina que o fascinou quando era menino
O fascínio por aviões surgiu em 1927, quando Jayme tinha apenas quatro anos. O menino que recém vira os primeiros carrinhos de madeira ficou pasmo ao ouvir e avistar no céu uma enorme aeronave voando baixo sobre sua casa. Começava ali uma paixão que ultrapassa oito décadas.
Hoje, aos 85 anos, o dentista aposentado Jayme Meditsch segue aficionado pelo assunto. Guarda em casa, na Rua Pedro de Oliveira Bittencourt, no bairro Tristeza, uma coleção de 483 miniaturas de aviões. Em duas salas da residência, estão modelos que simbolizam toda a história da aviação mundial, desde a réplica do 14 BIS – o primeiro avião feito por Santos Dumont, em 1906 – a caças russos de última geração.
Apesar do encanto infantil, foi somente em 1954, já adulto, que o dentista iniciou sua coleção. Os primeiros modelos foram feitos por ele, usando pedaços de madeira, uma machadinha e inspirados apenas em imagens de papel. Com o passar dos anos, passou a comprar os objetos desmontados, em peças de plástico. A cada viagem que fazia, vasculhava lojas em busca de um modelo novo.
– Eu sempre quero mais um, e mais um. E ia comprando, pesquisando – lembra.
A miopia o impediu de tirar brevê para pilotar. Mas encontrou outras formas de se aproximar do mundo das aeronaves. Trabalhou como dentista durante 35 anos no Hospital da Base Aérea de Canoas e outros 17 anos na Varig. Entre uma obturação e um tratamento de canal nos pilotos, aproveitava para se informar sobre as novidades aeronáuticas. Virou uma enciclopédia viva do assunto. Conhece a história de cada modelo, em que ano foi usado e, em muitos casos, quem era o comandante do aparelho.
– Esse é um modelo da Esquadrilha da Fumaça que o major Braga pilotava – mostra o colecionador, que há 51 anos mora no bairro Tristeza.
Até hoje, Jayme segue ampliando o acervo. A última aquisição foi um modelo da marca alemã Blohm & Voss. Com mãos firmes e hábeis, ele montou peça por peça e pintou a aeronave. E tudo fica catalogado num livro, com fotos digitais tiradas por ele mesmo em anexo.
A coleção que lembra brincadeira de criança nunca chamou muito a atenção dos cinco filhos, 14 netos e três bisnetos.
– Eles sempre gostaram mais desses autinhos – lamenta.
Fonte: Zero Hora - Foto: Mauro Graeff Júnior
Um comentário:
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