Boeing 377 Stratocruiser do final dos anos 1950 era a síntese do luxo, acomodando até 100 passageiros para um turismo nos céus.
A Pan Am usou o Stratocruiser por mais de uma década para destinos internacionais |
O avião voa pelo céu a caminho de Londres enquanto você degusta uma carne tenra e caviar. Depois, segue para o lounge inferior para socializar com outros passageiros a bordo do avião e toma um drinque refrescante. Conforme a noite cai, você sobe para a cabine principal, ajeita-se na cama do compartimento superior e viaja através do oceano Atlântico, sonhando com os anjos sob lençóis macios.
Isso soa mais como um sonho para a maioria das pessoas que já voaram. Mas, para outros, é de fato uma memória, embora distante. Bronwen Roberts, ex-comissária de bordo da Pan Am, costumava voar no Boeing 377 Stratocruiser no final dos anos 1950.
Desenho mostra como era dividido internamente o avião |
A aeronave era a síntese do luxo, acomodando até 100 passageiros para um turismo nos céus. Com uma velocidade de cruzeiro de pouco mais de 480 quilômetros por hora, era um grande avião para voos transatlânticos na década de 1950. “Fiquei meio mimada por voar nesses primeiros anos, onde o serviço era tão incrível”, contou a ex-comissária.
A extravagância começava com a comida servida no avião. O restaurante francês Maxim's de Paris, responsável pelos jantares a bordo, oferecia uma variedade de itens sofisticados, incluindo sua famosa entrada de carne bovina.
Cardápio mostra o que era servido a bordo do 377 Stratocruiser da Pan Am |
“Os aviões tinham seus próprios fornos e geralmente havia um filé mignon assado na hora e fatiado na sua frente”, conta o historiador da Fundação do Museu Pan Am, John Luetich.
Os comissários de bordo também se deliciavam com os pratos europeus, o que Roberts admitia que fazia com frequência. A comissária provava de tudo, desde suculentas costeletas de cordeiro a queijos picantes, mas tinha uma quedinha especial pelo caviar.
Quando os passageiros não estavam provando iguarias francesas, podiam descer uma escada em espiral até o lounge do convés inferior. O historiador Luetich conta que as comissárias serviam coquetéis enquanto os passageiros socializavam.
Passageiros conversam no lounge inferior, que acomodava 14 pessoas |
É um estilo de voo muito diferente do atual, em que os passageiros normalmente ficam quietos e isolados. Antigamente, no salão, eles podiam ficar de pé, conversando livremente.
Após a refeição da noite, os passageiros podiam dormir a noite toda até chegarem ao seu destino. Uma das características especiais dos aviões dessa época eram as camas suspensas. Em vez de amontoar bagagens nos compartimentos superiores, os passageiros podiam puxar a cama e cair no sono acima dos assentos do avião.
Roberts nunca teve a oportunidade de dormir assim durante os voos, mas pôde experimentar a cama com o avião no solo. “Até um homem alto podia se esticar e era muito confortável”, disse a ex-comissária.
Boeing 377 da Pan Am tinha camas no lugar dos bagageiros |
Quando o Stratocruiser foi lançado, em 1947, a classe econômica ainda não havia sido inventada. Quando ela surgiu e virou prioridade, conforto e luxo foram deixados de lado em favor de mais assentos e armazenamento de bagagem.
A Pan Am descomissionou o Stratocruiser em 1961 para abrir espaço para novos aviões, como o Boeing 707 e 737. Roberts fez a transição para trabalhar nesses aviões, e foi comissária de bordo voando com pessoas famosas como Audrey Hepburn e Winston Churchill.
O 377 Stratocruiser não é mais usado hoje, mas seu legado como avião de luxo continua vivo. A Fundação Museu Pan Am mantém uma exposição sobre o avião em Nova York repleta de fotos e lembranças.
A comissária conta que muita coisa mudou na aviação, desde então. O caviar foi trocado por pacotes de biscoito e o filé mignon preparado na hora foi substituído por refeições requentadas no micro-ondas.
Embora sinta falta de voar em aviões como o 377 Stratocruiser dos anos 1950, Roberts está grata por ter vivido essa experiência. “Foi uma época maravilhosa para voar", disse Roberts. É como uma memória maravilhosa”.
Por Megan Marples, da CNN - Fotos: Pan Am Museum Foundation
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