quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Fotos inéditas de 2014 mostram destroços do avião de acidente que matou Eduardo Campos

Militar da reserva da Força Aérea Brasileira divulgou, com exclusividade ao G1, fotos dos fragmentos da aeronave que foram levados, há seis anos, ao hangar da Base Aérea de Santos.

Fotos inéditas mostram destroços do avião em que estava Eduardo Campos e que caiu em Santos — Foto: Arquivo Pessoal

Um militar da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou nesta quarta-feira (19), com exclusividade ao G1, fotos inéditas dos destroços do avião que, há seis anos, transportava o candidato a presidente da República Eduardo Campos e que caiu em uma aérea residencial de Santos, no litoral de São Paulo, provocando a morte de Campos e de outras seis pessoas.

De acordo com o cabo da FAB, que prefere não se identificar, as fotos foram feitas no dia 18 de agosto de 2014, cinco dias após a queda do avião.

Ele relembra que, no dia do acidente, o avião que transportava Eduardo Campos estava previsto para pousar no então Núcleo da Base Aérea de Santos. Na ocasião, praticamente nenhum registro das imagens foi divulgado por conta do sigilo no caso.

Segundo o militar, a pista estava encoberta por névoa e a aeronave precisou arremeter. "O pessoal do 4º Comando Aéreo Regional de São Paulo estava fazendo uma inspeção quando o avião passou sobre a base, aí perguntaram o que era esse barulho e falamos que era o avião do Eduardo Campos, que arremeteu para tentar pousar de novo".

Ele afirma que, após o avião demorar para pousar na base, a equipe recebeu a notícia da queda da aeronave em uma área residencial de Santos. "Foi uma correria para ir até lá, e quando chegamos, começamos a recolher todas as peças da aeronave e colocar nos caminhões. Trouxemos toda a fuselagem que recuperamos até o hangar da base".

Equipes fizeram perícia em peças do avião que caiu com Eduardo Campos, na base aérea de Santos — Foto: Arquivo Pessoal

Com acesso ao local onde os destroços eram investigados, o militar fotografou as peças, que eram periciadas no hangar. "Como eu tinha acesso, fotografei mas não divulguei, por medo de dar algum problema, já que era um lugar muito restrito. Até que, há alguns dias, o celular me lembrou dessas fotos e decidi compartilhar. Até então é um registro inédito".

Ela conta que, na época, ficaram aquartelados com a Polícia Federal e policiais americanos. "Todo mundo estava investigando para entender o que aconteceu. Até hoje eu sinto o cheiro que ficou naquele lugar, um cheiro podre. E era um lugar muito restrito. Chegaram a criar postos militares para evitar que as pessoas chegassem perto ou fotografassem", relembra o militar da reserva.

O G1 questionou a Força Aérea Brasileira (FAB) a respeito do caso, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Destroços de avião que caiu ficaram restritas à Base Aérea de Santos para perícia — Foto: Arquivo Pessoal

Início dos trabalhos

O coordenador da Defesa Civil de Santos, Daniel Onias, estava próximo do local do acidente quando o avião caiu. Ele relembra que, no início, foi tudo muito caótico e confuso, pois as autoridades tinham poucas informações. A possibilidade de Eduardo Campos estar na aeronave foi levantada cerca de uma hora depois da queda.

"Eu estava em uma reunião e escutei a explosão. Imediatamente, começaram a chegar ligações do Corpo de Bombeiros acionando a Defesa Civil. Quando cheguei ao local, acreditávamos se tratar de um helicóptero que havia caído. Liguei para um colega que trabalhou na Base Aérea de Santos, contando o que estava vendo, e falei de uma roda que havia encontrado. Ele disse que, se tinha roda, não era helicóptero, mas um avião".

Peças de avião que caiu em Santos, SP, foram recolhidas para perícia — Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com ele, a Defesa Civil ficou responsável por verificar os prédios e casas que foram atingidos, o comprometimento das estruturas, ajudar a recolher as peças e fragmentos do avião e coordenar as equipes de apoio da Prefeitura.

"Foi mais de uma semana de trabalhos intensos. Depois da confusão inicial, conseguimos nos organizar. As peças e fragmentos do avião foram recolhidos e levados para a Base Aérea de Santos, onde foram montados de forma que os peritos pudessem fazer as análises e tentar entender o que causou o acidente".

Rescaldo no local da queda da aeronave do candidato a presidência pelo PSB, Eduardo Campos em Santos, SP — Foto: Motta Jr./Futura Press/ Estadão Conteúdo

Acidente

O então candidato à presidente da República Eduardo Campos morreu em um acidente de avião na manhã do dia 13 de agosto de 2014, após seu jato particular cair em um bairro residencial de Santos. Na data, ele havia saído do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e estava a caminho de Guarujá para cumprir uma programação de campanha.

O avião caiu em um terreno baldio em meio a comércios e prédios residenciais, no bairro Boqueirão. Os destroços atingiram outras residências vizinhas. Dez pessoas tiveram ferimentos leves e precisaram ser encaminhadas para hospitais da região, sendo liberadas em seguida.

Além de Eduardo Campos, morreram no desastre o fotógrafo Alexandre Severo e Silva; o assessor Carlos Augusto Leal Filho; o ex-deputado federal e também assessor Pedro Valadares Neto; o cinegrafista Marcelo de Oliveira Lyra; e os pilotos Geraldo Magela Barbosa da Cunha e Marcos Martins.

O acidente reuniu equipes da Força Aérea Brasileira, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Polícia Civil e Polícia Militar, que se juntaram.

Local da queda do avião que levava Eduardo Campos, em Santos — Foto: Walter Mello/A Tribuna de Santos/Folhapress

Em agosto de 2018, a Polícia Federal concluiu o inquérito e apresentou quatro causas possíveis do acidente: colisão com um elemento externo, desorientação espacial, falha de profundor e falha de compensador de profundor. O inquérito foi remetido ao Ministério Público.

Porém, em fevereiro de 2019, o Ministério Público Federal divulgou que, apesar de diversas perícias e diligências realizadas pela Polícia Federal, não foi possível determinar a causa exata da queda da aeronave, tampouco definir os responsáveis pelos crimes. Por isso, o órgão decidiu arquivar a investigação.

Fonte: Gabriel Gatto e Mariana Nadaleto, G1 Santos

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