quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Hoje na História: 23 de outubro de 1911 - Pela primeira vez, o avião é usado em uma guerra

Capitão Carlo Piazza na cabine de seu Blériot XI (Foto: Aeronautica Militaire)
No dia 23 de outubro de 1911, o exército italiano executou o que é considerada a primeira operação militar da história com uma aeronave. Nesse dia, o capitão italiano Carlo Piazza voou com um Blériot XI sobre o interior de Trípoli, hoje na Líbia e na época um território otomano, em missão de reconhecimento para marcar as posições inimigas.

Nove dia depois da missão de Piazza, em 1 de novembro, a Itália realizou o primeiro bombardeiro aéreo. O militar responsável pela proeza foi o tenente Giolio Gavotti, que lançou pequenas bombas manualmente sobre tropas otomanas em Trípoli, a partir de um Etrich Taube, avião fabricado na Alemanha – e também o primeiro avião militar alemão.

As bombas lançadas pelos bombardeiros italianos pesavam cerca de 1,5 kg. No Taube, era possível carregar quatro desses artefatos, com explosivos compostos de dinamite. O ataque era como o de uma granada de mão: o piloto puxava um pino (geralmente com a boca) e lançava a bomba em baixa altitude com uma mão para fora do avião, enquanto a outra permanecia no manche.


O Taube, que em alemão significa “Pomba”, era um pouco maior que o Blériot XI e também mais potente, com motor de 85 hp. Já o tecido que revestia a fuselagem era tão fino que o avião praticamente ficava invisível no céu quando voava a mais de 400 metros de altitude, fator que também o tornava uma plataforma ideal para operações de reconhecimento.

Após as primeiras experiências, o exército italiano continuou com os voos de reconhecimento e bombardeiro contra o Império Otomano, cujos combates ficaram concentrados na região costeira da Líbia. Invariavelmente, os italianos também tiveram a primazia de ter o primeiro avião abatido da história. Em 1912, soldados otomanos derrubaram um Taube a tiros de fuzil. Foi o único abate no conflito.

Os danos causados pelos aviões italianos contra as forças otomanas são desconhecidos, mas levam a crer que foram positivos. Em 18 de outubro de 1912, o conflito foi encerrado e a Itália incorporou o território da Líbia ao seu reino. Cerca de 12.000 militares e civis das duas nações morreram durante o conflito – a Líbia se tornou independente da Itália somente em 1952.

Com informações de airway.com.br, thisdayinaviation.com e wearethemighty.com

Hoje na História: 23 de outubro de 1906 - Santos Dumont levantava voo com o 14-Bis

(Foto: Jules Beau/Domínio Público)
O voo do brasileiro Alberto Santos Dumont, em uma distância de 60 metros com o 14-Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris, marcou historicamente aquele 23 de outubro de 1906 e consagrou ainda mais o inventor. O aparelho subiu 2 metros de altura e foi o bastante para a humanidade olhar para cima e para o futuro de forma diferente.

O feito inédito, porém, é "apenas" a parte mais famosa das conquistas, segundo apontam os pesquisadores da vida e das obras daquele mineiro que ficou conhecido como o Pai da Aviação.

Até aquela data (e depois também), o enredo é de uma história de coragem, perspicácia, generosidade e divulgação científica como rotina de vida. Característica, aliás, de um período de fascínio pela tecnologia e pelas descobertas. Autor de quatro livros sobre Santos Dumont, o físico Henrique Lins de Barros, especialista na história do gênio inventor, destaca que feitos anteriores foram fundamentais para que as atividades aéreas se consolidassem.


Ele cita que o brasileiro inventou e patenteou o motor a combustão para aviões, em 1898, o que viabilizou o sonho de um dia decolar. Uma característica de Santos Dumont é que ele criava, patenteava e liberava a utilização para quem quisesse. Três anos depois do motor, a conquista da dirigibilidade, também por parte de Dumont, foi uma ação revolucionária.

"Ele aprendeu a voar de balão, fez os primeiros dirigíveis. Todos eles, até o número 6, têm inovações impressionantes, com mudanças conceituais. Ele sofreu diversos acidentes, mas aprendeu a voar. Foi assim que ele descobriu quais eram os problemas de um voo controlado. Quando ele ganhou o Prêmio Deutsch, em 1901 [com o dirigível número 5], ele tinha domínio total. Em 1902, ele já tinha os dirigíveis até o número 10 construídos".

“Ele tem uma produção, em dez anos, em que ele idealiza, constrói, experimenta mais de 20 inventos. Todos revolucionários. Ele tem intuição para o caminho certo e criatividade para ir adiante. Os colegas deles inventores diziam que ele fazia em uma semana o que os outros demoravam três meses”, afirma Henrique Lins de Barros.

Voo sob controle


De acordo com o escritor Fernando Jorge, biógrafo de Santos Dumont, a descoberta da dirigibilidade, por parte do brasileiro, foi um marco decisivo para o que ocorreria depois. "Entendo que foi um momento supremo e culminante para a história da aeronáutica mundial."

Para o arquivista Rodrigo Moura Visoni, pesquisador dos inventores brasileiros e autor de livro sobre Santos Dumont, as fotos mostram detalhes da emoção que tomou conta das pessoas quando houve a conquista da dirigibilidade. "Santos Dumont foi convidado para rodar o mundo. Foi, sem dúvida, um grande feito. Para se ter uma ideia, o número de notícias sobre a conquista do Prêmio Deutsch supera a do primeiro voo [cinco anos depois]. Isso é explicado porque a busca pela dirigibilidade já tinha 118 anos. Ele resolve um problema secular. Além disso, a descoberta permitiu a era das navegações aéreas", afirma.

O voo do 14-Bis na capa do Le Petit Journal de 25 de novembro de 1906
Segundo o que Visoni pesquisou, Alberto Santos Dumont disse, em várias entrevistas, inclusive pouco antes de morrer, que a maior felicidade dentre todas as emoções foi a conquista da dirigibilidade. "Isso é muito curioso. Ele dizia que o dia mais feliz não foi o dia em que ele faz a prova do Prêmio Deutsch, nem o 23 de outubro ou o 12 novembro de 1906 [em que ele faz o voo de 220 metros pela Federação Aeronáutica Internacional]. O dia mais feliz teria sido o 12 de julho de 1901, quando ele percebeu que resolveu o problema de dirigibilidade aérea. Foi uma demonstração impressionante. Ele vai aonde ele quer. Ele estava totalmente integrado ao dirigível."

O Prêmio Deutsch (no valor de 100 mil francos) foi conferido a Santos Dumont por ele ter conseguido circular a Torre Eiffel em julho. Mas os juízes garantiram a vitória ao brasileiro somente em novembro daquele ano. Os 120 anos da dirigibilidade, assim, devem ser celebrados no mês que vem.

Na ocasião, o dinheiro foi distribuído para a equipe do aviador e para pessoas pobres da capital francesa. "Ele era um homem muito generoso", afirma o biógrafo Fernando Jorge.

"Tomem cuidado!"


A série de demonstrações públicas que ele faz dos seus inventos devia sempre ser acompanhada da presença de repórteres. "Os jornalistas registravam e Santos Dumont publicava o que ele estava fazendo. Essa é uma característica impressionante. Ele divulga tudo. Tanto o que ele acerta como o que ele erra. Essa é uma característica impressionante dele. Quando ele erra, ele descreve e alerta: 'Tomem cuidado!'. Ele estava maduro na arte dos balões", afirma Lins de Barros.

População francesa assiste ao voo do 14-Bis em 1906 (Foto: Domínio Público)
A postura de Santos Dumont não era apenas a de um inventor, mas a de um divulgador científico, explicam os pesquisadores. "Ele foi um divulgador honesto."

Entre 1901 e 1906, Santos Dumont passou a entender o que era o voo do avião. "O 14-Bis ele fez em pouquíssimo tempo, pouco mais de um mês. Em setembro, por exemplo, ele experimenta e faz vários testes com o aparelho."

Em 23 de outubro, ele, após quatro tentativas, consegue voar os 60 metros. Assim ele mostra para todos os aviadores da época que era possível voar com o mais pesado que o ar. Uma revolução. A vitória significou o Prêmio Archdeacon. Bastaria voar 25 metros. Santos Dumont fez um percurso de mais que o dobro.

Demoiselle, a primeira de uma série


Depois do voo, outros inventores entenderam quais eram os problemas. Em 1907, Santos Dumont apresenta o Demoiselle (invenção número 20), um ultraleve. "No ano seguinte, Santos Dumont publica em uma revista popular o plano detalhado do Demoiselle para quem quisesse construir. Esse modelo passa a ser o primeiro produzido em série na aviação", explica Lins de Barros. O modelo foi vendido para um pioneiro da aviação na França, Roland Garros.

(Foto: Reprodução/Iara Venanzi/Itaú Cultural)

Santos Dumont x irmãos Wright


Nessa época, também, surge uma polêmica com dois norte-americanos, os irmãos Wright (Wilbur e Orville), que alegam terem sido os pioneiros do voo. Os pesquisadores explicam que os aviadores não têm registros de voos, com decolagem, dirigibilidade e pouso antes de 1906 sem uso de catapultas (que impulsionavam os aparelhos para o ar).

Em 1908, Santos Dumont, acometido por esclerose, abandonou o voo. O registro é de que ele se suicidou em 1932, em um hotel no Guarujá (SP). O biógrafo do aviador, Fernando Jorge, lamenta que o final da vida do genial brasileiro tenha sido de martírio diante da doença e da depressão. "Ele era um homem tímido e que revelava que não queria casar porque não queria deixar a esposa viúva. De toda forma, o que sempre me impressionou na personalidade dele foi a combinação impressionante da tenacidade, da coragem e da perseverança. Foi um gênio da humanidade."

Via Luiz Claudio Ferreira (agenciabrasil.ebc.com.br)

A Força Aérea Brasileira

A Força Aérea Brasileira (FAB) é o ramo aeronáutico das Forças Armadas do Brasil sendo uma das três forças que compõem a defesa externa do Brasil. A FAB foi formada quando os ramos aéreos do Exército e da Marinha foram fundidos em uma força militar única. Ambos os ramos de ar transferiram seus equipamentos, instalações e pessoal para a nova força armada.

Formalmente, o Ministério da Aeronáutica foi fundado em 20 de janeiro de 1941 e o seu ramo militar foi chamado "Forças Aéreas Nacionais", alterado para "Força Aérea Brasileira" (FAB) em 22 de maio daquele ano. Os ramos aéreos do Exército ("Aviação Militar") e da Marinha ("Aviação Naval") foram extintos e todo o pessoal, aeronaves, instalações e outros equipamentos relacionados foram transferidos para a FAB.

A Força Aérea Brasileira obteve seu batismo de fogo durante a Segunda Guerra Mundial participando da guerra antissubmarino no Atlântico Sul e, na Europa, como integrante da Força Expedicionária Brasileira que lutou ao lado dos Aliados na frente italiana.

De acordo com o Flight International e do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a FAB tem uma força ativa de 77 454 militares e opera em torno de 627 aeronaves, sendo a maior força aérea do hemisfério sul e a segunda na América, após a Força Aérea dos Estados Unidos.

23 de Outubro: Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira


A data celebra os profissionais que pilotam aviões, sejam eles comerciais, de transporte ou privados. As pessoas que, assim como Santos Dumont, o "pai da aviação", se arriscam nos céus e levam os passageiros aos seus destinos em uma das invenções mais maravilhosas do século XX.

Origem do Dia do Aviador

No dia 23 de Outubro de 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont, torna-se o primeiro ser humano a voar! A bordo do 14-Bis, sua criação, Dumont faz um voo no Campo Bagatelle, na França, que ficaria registrado como o inicio de uma grande revolução nos meios de transporte na Terra: o avião.

A Lei nº 218, de 4 de Julho de 1936, decreta o dia 23 de Outubro como Dia do Aviador no Brasil, em homenagem ao primeiro voo feito na história e graças a um brasileiro!

O Decreto de Lei nº 11.262, publicado no Diário Oficial da União, decretou que 2006 seria o Ano Nacional Santos Dumont, o Pai da Aviação (em homenagem ao centenário do primeiro voo de Dumont).

No dia 23 de Outubro também se comemora o Dia da Força Aérea Brasileira.

Homenagem ao Dia do Aviador

"Existe piloto que não é aviador.

Existe médico que não é doutor.

Existe gente que não gosta de avião.

Mas qualquer um pode ter essa paixão.

Aviador, é quem ama a aviação.

Aviação é paixão"

Fonte: Portal FAB

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Os incríveis, impossíveis e falsos aviões de passageiros que você encontra no Youtube


Não existe um Airbus A380 de seis andares. Obviamente. Você não precisa ser um especialista em aviação para perceber que esse tipo de monstruosidade nunca poderia decolar. Ainda assim, sempre que vejo algo parecido no YouTube, basicamente tenho que clicar nele. Essa é a razão pela qual ele existe.

Aviões impossíveis - aeronaves Frankenstein com Photoshop com dezenas de motores ou fuselagens absurdas e bulbosas - estão em todo o YouTube. Uma busca rápida pelo "maior avião do mundo" revelará dezenas. Assistir a qualquer um e você gostaria de encontrar uma montagem de clipes roubados e não creditados, espalhados em dezenas de anúncios e carregados por contas obscuras com nomes como "STORM FORCE" ou "Techno Blog". Mesmo com vídeo de baixa resolução, marcas d'água flagrantes e pop-ups irritantes, esses vídeos chegam a milhões de visualizações graças em grande parte à mentira de suas miniaturas.

A arte da capa extrema e enganosa é um conto tão antigo quanto o YouTube. Costumava exigir um planejamento meticuloso e filmagem quando o YouTube selecionava automaticamente miniaturas de uma filmagem real. Mas agora que o YouTube permite miniaturas personalizadas que não precisam refletir um quadro do vídeo real, mentir exige muito menos esforço.

Acontece que os grandes aviões são incrivelmente fáceis de mentir. Muitos dos maiores aviões reais do mundo parecem bastante inacreditáveis, mesmo sem edição. As testas bulbosas do Airbus A300-600ST Beluga ou do Aero Spacelines Super Guppy parecem muito como se alguém as inflasse com software. O enorme Stratolauncher se parece muito com dois aviões menores juntos no Photoshop. Os aviões-X mais loucos da NASA parecem alguém copiado e colado em cerca de meia dúzia de hélices extras. Além de tudo isso, o fundo azul puro de um céu claro e a relativa suavidade do corpo de um avião de passageiros torna fácil até para Photoshoppers inexperientes criar modificações bastante verossímeis com pouca habilidade real. Venha comigo em uma jornada.

Desastres editados


Na vida real, os aviões com vários decks chegam a no máximo dois decks. A Emirates brincou com a ideia de um triplo decker, mas aparentemente a sério e também de brincadeira, mas por enquanto não existe tal coisa. Na verdade, as viagens aéreas estão tendendo a aviões menores .

Os aviões falsos, no entanto, podem ter até seis ou sete conveses, transformando-os em linguados voadores esticados.

INCRÍVEL Top 6 MAIORES Aviões do Mundo 2017—307.746 visualizações
(uma foto real de um Airbus Beluga com janelas em Photoshop)


Monstrosidades multi-motor


Outra maneira de explodir um avião fora de proporção é simplesmente adicionar mais motores às asas. Na vida real, os recordistas de motor incluem o barco voador Dornier Do X da era da Primeira Guerra Mundial, com suas 12 hélices e o octo-motor B-52 . No mundo bizarro do YouTube, esses números sobem muito mais.


Aviões alongados


Se cinco decks ou duas dúzias de motores é um pouco ostentoso para o seu gosto de avião falso, então talvez você prefira um alongamento simples. Na realidade, o avião de passageiros mais longo é o Boeing 747-8, com 250 pés e 2 polegadas. Mas as miniaturas do YouTube pegam esse registro e o estendem muito, muito além, muitas vezes deixando motores e asas em lugares estranhos e, às vezes, adicionando mais alguns para uma boa medida.


Calamidades conjuntas


Não há nenhuma lei nos livros que diga que um avião só pode ter uma fuselagem. Um dos maiores aviões reais da existência real - o avião-monstro transportador de foguete do Stratolaunch - usa um projeto de fuselagem dupla para ostentar a envergadura de asa mais longa do mundo. Talvez seja por isso que os Photoshoppers parecem pensar que podem se safar apenas colando dois Boeings na asa.


Atrocidades variadas


Nem toda criação estranha do Photoshop se encaixa perfeitamente em uma taxonomia de ilusão e, portanto, existem retardatários que são estranhos demais para serem classificados.

Vídeo: O Voo Varig 797: A Verdade CHOCANTE por trás da Tragédia que a Aviação Nunca Esqueceu!


Você já imaginou estar em um voo sobre a escuridão da selva africana quando, de repente, um alarme ensurdecedor dispara na cabine? Essa é a história do Voo Varig 797, um dos acidentes mais intrigantes da aviação brasileira, que aconteceu em 3 de janeiro de 1987 e marcou para sempre pilotos, passageiros e a própria história da Varig; nesta investigação conduzida pelo Lito no Aviões e Músicas, você vai entender como uma sequência de falhas técnicas, decisões sob pressão e a traiçoeira desorientação espacial levaram um Boeing 707 ao desastre na aproximação para Abidjan, revelando detalhes emocionantes, contextos históricos do Brasil da época, curiosidades sobre a tripulação e as lições que mudaram a aviação mundial para sempre.

Como são gerados os planos de voo das companhias aéreas?

(Foto: Getty Images)
O planejamento de voos e rotas é uma parte importante das operações das companhias aéreas. Muitos fatores podem mudar regularmente, principalmente em voos internacionais. Cada voo terá um plano de luta separado criado com base nas condições atuais. Este artigo explora alguns dos principais fatores que entram nisso.

Criando um plano de voo


Todos os voos devem ter um plano de voo arquivado antes da partida com as autoridades competentes. Isso se aplica a voos de aviação geral, assim como a voos de companhias aéreas comerciais. E para voos VFR e IFR nacionais e internacionais. Um plano de voo arquivado é utilizado pelo tráfego aéreo para planejar os serviços e assistência necessários. E para as companhias aéreas, um plano mais abrangente é uma parte essencial do planejamento de voos e rotas.

Os planos de voo geralmente são criados por um planejador de voo de uma companhia aérea e compartilhados com as autoridades e a tripulação de voo. Isso é baseado nos aeroportos de partida e chegada, mas para a mesma rota, muita coisa pode mudar para cada voo. 

Aeroportos de partida e chegada


Os aeroportos de partida e chegada formam a base do plano de voo, mas ainda são necessários detalhes sobre eles. O planejador de voo pode saber ou fazer suposições sobre quais pistas serão usadas. As condições nos aeroportos e quaisquer restrições esperadas também são importantes.

Os aeroportos de desvio também precisam ser selecionados no plano de voo, pois isso pode afetar os requisitos de rota e combustível.

Rotas e aeroportos


A rota percorrida entre os aeroportos de partida e chegada é mais complexa de planejar do que você imagina. Embora as companhias aéreas tenham estabelecido rotas, os detalhes exatos podem variar para cada voo.

O clima e os ventos são um fator. Assim como a disponibilidade de aeroportos de desvio ao longo da rota. Isso costumava ser um fator mais significativo com restrições no tempo de desvio (e ainda é para algumas aeronaves). Mas com gêmeos modernos e uma alta classificação ETOPS , isso é menos problemático. Como vimos em detalhes antes, com as classificações ETOPS mais altas agora, a única área de exclusão aérea absoluta no mundo é sobre a Antártica.

Uma classificação ETOPS 180 ainda deixou muitas áreas restritas
(mostradas aqui sombreadas) (Imagem: GCMap)
Classificações ETOPS 330 e 370Mas com classificações ETOPS de 330 e 370, apenas
partes da Antártica permanecem fora dos limites (Imagem: GCMap)

Áreas a evitar


Além de considerar a rota ideal, pode haver áreas que devem ser totalmente evitadas. Eventos como erupções vulcânicas podem perturbar determinado espaço aéreo por um tempo considerável. Já vimos isso várias vezes, inclusive na Islândia e na Indonésia. A aeronave deve evitar voar em qualquer lugar onde a cinza vulcânica esteja se espalhando.

Eventos políticos também podem desempenhar um papel. A Qatar Airways, por exemplo, teve o espaço aéreo de vários países árabes bloqueado durante a crise diplomática de 2017. Ainda voou para outros países, mas teve que fazer rotas mais longas. Também há restrições às companhias aéreas taiwanesas que sobrevoam a China continental.

A região autônoma tibetana é outro exemplo. Esta é uma área que todas as companhias aéreas evitam, mesmo que tenham permissão para sobrevoar. A região montanhosa tem uma altitude média de mais de 13.000 pés. No caso de uma descida de emergência (até 10.000 pés ou menos) devido à despressurização, isso cria um problema. Maiores chances de turbulência extrema e condições de congelamento aumentam isso.

Voos de e para a Ásia evitando o planalto tibetano (Imagem: RadarBox.com)
E, finalmente, as companhias aéreas devem pagar taxas a todos os países sobre os quais sobrevoam. Essas chamadas taxas de sobrevoo cobrem os serviços de navegação e tráfego aéreo. Eles variam entre os países e podem ser taxas baseadas na distância ou fixas. Alguns países permitirão que todas as companhias aéreas operem, enquanto outros exigem licenças. Isso às vezes pode ser um problema. A Rússia, por exemplo, restringe várias companhias aéreas do mesmo país – o que já deu problemas à Norwegian Air no passado.

Altitude para voar


Isso pode ser afetado pelo clima e ventos predominantes ou jetstream. Uma rota mais longa pode ser escolhida se evitar áreas de mau tempo previstas. Também haverá restrições de tráfego aéreo a serem levadas em consideração e, em última análise, as altitudes exatas usadas serão guiadas pelo controle de tráfego aéreo no momento.

Contrails do Airbus A380 da Emirates - Os efeitos não-CO2 da aviação podem ter
um impacto significativo no meio ambiente (Foto:Jake Hardiman)
Geralmente, voar a uma altitude maior é mais econômico em termos de combustível. Há menos resistência e os motores são otimizados para cruzeiros em grandes altitudes. Mas um vento de cauda mais forte pode tornar uma altitude mais baixa uma escolha melhor. Além de afetar a rota, isso pode afetar a duração do voo - ventos contrários e de cauda podem fazer uma grande diferença em um voo de longo curso, como qualquer viajante regular sabe.

Velocidade de voo


Isso pode parecer uma consideração menos relevante, mas a velocidade de cruzeiro em diferentes estágios do voo precisa ser observada. Se uma rota mais curta ou ventos favoráveis ​​forem esperados, poderá ser necessário fazer alterações na velocidade ou no horário de partida. Em aeroportos movimentados, como o London Heathrow, pode não haver muita flexibilidade no horário de chegada. Chegadas antecipadas e tardias também precisam levar em consideração os horários de funcionamento do aeroporto.

ITA Airways solicitou 98 slots semanais do Aeroporto de Heathrow (Foto: Getty Images)

Requisitos de combustível


Todas as considerações de rota acima irão alimentar um cálculo de combustível. Assim como a carga/peso da aeronave - cálculos de passageiros e carga precisam ser feitos e registrados. Obviamente existem limites e níveis mínimos de segurança, mas carregar combustível em excesso pode ser problemático e ineficiente.

Os preços do ATF aumentaram significativamente nos últimos meses (Foto: Getty Images)
Com informações do Simple Flying

Aconteceu em 22 de outubro de 2023: Voo Alaska Airlines 2059 - Piloto de folga tenta derruba avião


Em 22 de outubro de 2023, a aeronave Embraer ERJ-175LR, prefixo N660QX, da Alaska Airlines / Horizon Air (foto abaixo), realizando o voo 2059, um voo doméstico regular operado pela Horizon Air para a Alaska Airlines, entre Paine Field, em Everett, Washington, para o Aeroporto Internacional de São Francisco, na Califórnia, levando a bordo 84 ocupantes.

A aeronave envolvida, com número de série 17000948, tinha apenas quatro meses de uso na época do incidente. Ela voou pela primeira vez em 16 de junho de 2023 e foi entregue à Horizon Air em 28 de junho de 2023.


O voo 2059 decolou de Paine Field em Everett, Washington, e estava viajando para o Aeroporto Internacional de São Francisco. O voo foi operado pela Horizon Air, uma companhia aérea regional, de propriedade do Alaska Air Group, a empresa-mãe da Alaska Airlines, que comercializou e vendeu os assentos do voo. 

A aeronave transportou 79 passageiros junto com cinco membros da tripulação: o capitão e o primeiro oficial no convés de voo , dois comissários de bordo na cabine e um piloto da Alaska Airlines de folga, Joseph David Emerson, que estava em voo morto, sentado no assento de salto do convés de voo.

Ilustração da trajetória de voo do voo 2059 da Alaska Airlines
Enquanto a aeronave voava para o sul, perto de Portland, Oregon, Emerson teria exclamado "Não estou bem" e puxado os dois controles "T-handle" que acionam o sistema de supressão de incêndio para os motores da aeronave. 

Se uma alavanca estiver totalmente acionada, ela desliga o motor fechando uma válvula para interromper o fluxo de combustível para o motor antes de descarregar um agente de combate a incêndio. Em um comunicado, a Alaska Airlines disse que a tripulação conseguiu redefinir rapidamente as alavancas, garantindo que a potência do motor não fosse perdida.

Depois de ser instruído a deixar a cabine, Emerson caminhou calmamente até a parte de trás do avião e disse a um comissário de bordo: "Você precisa me algemar agora mesmo ou vai ficar ruim", dizia o depoimento. Os comissários de bordo colocaram Emerson em algemas de pulso por 30 segundos. Outro comissário de bordo o ouviu dizer: "Eu estraguei tudo" e "tentei matar todo mundo".  

Ele tentou desligar os dois motores "acionando o sistema de supressão de incêndio do motor"
Pouco depois do incidente, enquanto o avião ainda estava no ar, um dos pilotos do voo disse ao controle de tráfego aéreo: "Tiramos o cara que tentou desligar os motores da cabine, e ele não parece estar causando nenhum problema na parte de trás agora."

O voo foi desviado para o Aeroporto Internacional de Portland. Enquanto o avião descia, Emerson supostamente "tentou agarrar a maçaneta de uma saída de emergência", mas foi impedido por um comissário de bordo, disseram os promotores. De acordo com o Federal Bureau of Investigation (FBI), nenhum ferimento ocorreu durante o incidente.

Após Emerson ter sido detido, os passageiros embarcaram noutro avião E175 da Horizon Air para São Francisco. O avião envolvido no incidente regressou ao serviço no dia seguinte.

Joseph Emerson (Foto: FX/Youtube)
Joseph David Emerson tinha 44 anos na época. Ele nasceu no estado de Washington e morava em Pleasant Hill, Califórnia , desde 2008. Ele tem esposa e dois filhos.

Emerson foi primeiro oficial da Horizon Air (parte do Alaska Air Group) de agosto de 2001 até se mudar para a Virgin America em junho de 2012. Ele se tornou primeiro oficial da Alaska Airlines após a aquisição da Virgin America pelo Alaska Air Group em 2016. Ele foi promovido a capitão em 2019.

Emerson foi acusado de 83 tentativas de homicídio e 83 acusações de imprudência. As duas acusações se aplicam a cada uma das 83 pessoas a bordo, excluindo Emerson. Além disso, Emerson enfrentou uma acusação de colocar uma aeronave em perigo. O FBI declarou que "pode ​​garantir ao público viajante que não há nenhuma ameaça contínua relacionada a este incidente".

Joseph Emerson (à esquerda) comparece ao tribunal do Condado de Multnomah
em Portland, Oregon, em 24 de outubro de 2023 (Foto: Reuters)
Em uma declaração após o incidente, o Secretário de Transportes Pete Buttigieg declarou que estava "grato à tripulação profissional de voo e aos controladores de tráfego aéreo que se apresentaram para guiar este avião com segurança até Portland. A FAA apoia as autoridades policiais em sua resposta e se concentrará em quaisquer considerações de segurança para o futuro que surjam das investigações".

De acordo com uma declaração de causa provável arquivada no Tribunal do Condado de Multnomah e relatórios do Federal Bureau of Investigation, Emerson disse ao Departamento de Polícia do Porto de Portland após sua prisão que ele estava lutando contra uma depressão severa nos seis meses anteriores, e ele começou a tomar cogumelos mágicos para controlar sua dor após a morte de um amigo.

Emerson relatou ter consumido os cogumelos pela última vez cerca de 48 horas antes do voo; de acordo com o The New York Times, não estava claro se ele fez um teste de drogas após ser detido, e um especialista externo disse que os cogumelos deveriam ter saído completamente de seu sistema dentro de um dia após o consumo.


De acordo com a denúncia, Emerson disse aos investigadores que começou a se sentir mal antes do incidente; ele começou a pensar que "os pilotos não estavam prestando atenção", e ele puxou as alças em T porque pensou que "estava sonhando" e queria "acordar".

Em dezembro de 2023, um grande júri indiciou Emerson com 83 acusações de perigo imprudente e uma acusação de colocar aeronave em perigo. O grande júri não indiciou Emerson por tentativa de homicídio. De acordo com um porta-voz do Gabinete do Promotor Público do Condado de Multnomah, isso provavelmente ocorreu porque o júri não acreditava que Emerson agiu com intenção de homicídio. Em 7 de dezembro de 2023, Emerson foi libertado da custódia do Condado de Multnomah e voltou para São Francisco após pagar uma fiança de US$ 50.000.

Em agosto de 2025, Emerson ainda aguardava julgamento. Uma série de adiamentos atrasou o início do julgamento, o último dos quais foi aprovado pela Juíza Stacie F. Beckerman em maio de 2025.


O documentário "The New York Times Presents: Lie to Fly" explora o caso de Emerson e a reforma das regras de saúde mental na FAA (trailer acima).

Um artigo do New York Times de 2025 sobre as lutas dos pilotos com a saúde mental incluía informações sobre o voo e uma entrevista com Emerson sobre os eventos que levaram ao incidente.

Em 5 de setembro de 2025, a juíza do Tribunal do Condado de Multnomah, Cheryl Albrecht, condenou Emerson a 50 dias de prisão, com crédito pelo tempo cumprido; 664 horas de serviço comunitário, 8 horas para cada vida que ele colocou em perigo; e cinco anos de liberdade condicional. Emerson será sentenciado em 17 de novembro de 2025 no caso federal.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e Agências de Notícias 

Aconteceu em 22 de outubro de 2009: A queda do voo Divi Divi Air 014 no Mar do Caribe

PJ-SUN, a aeronave Britten-Norman BN-2A-8 Islander envolvida no acidente,
vista no Aeroporto Internacional de Curaçao
Em 22 de outubro de 2009, a aeronave 
Britten-Norman BN-2A-26 Islander, prefixo PJ-SUN, da empresa Divi Divi Air (foto acima), operava o voo 014 (algumas fontes se referem a ele como voo 016), um voo regular de passageiros do Aeroporto Internacional Hato, em Curaçao, para o Aeroporto Internacional Flamingo, em Bonaire, no Mar do Caribe, transportando um único piloto e nove passageiros.

A aeronave fez seu primeiro voo em 12 de dezembro de 1973 e, portanto, tinha quase 36 anos na época do acidente.

O voo originou-se do Aeroporto Internacional Hato de Curaçao em rota para o Aeroporto Internacional Flamingo na ilha irmã de Bonaire. A aeronave partiu de Curaçao às 09h48 com um tempo estimado de pouso de 10h13 em Bonaire. 

Aproximadamente 10 minutos após a partida, o motor de estibordo falhou em voo. O piloto, Robert Mansell, optou por continuar o voo para Bonaire no motor restante e a aproximadamente 24 milhas náuticas (44 km) a oeste de Bonaire, o piloto contatou a Torre Flamingo e informou o controlador que ele estava voando em um motor. 

Após a falha do motor, a aeronave começou a perder altitude a uma taxa de cerca de 200 pés por minuto até que impactou a água em uma posição aproximadamente 0,5 nmi (930 m) ao sul de Klein Bonaire e 3 nmi (5,6 km) a oeste da ilha principal no momento 10h17.

Momentos antes do pouso forçado, Mansell olhou para dentro da cabine e fez sinal de positivo para os passageiros, verificando se seus coletes salva-vidas estavam colocados.

Durante o pouso forçado, no impacto com a superfície da água, a porta da cabine e o trem de pouso principal esquerdo foram destacados da aeronave. Todos os nove passageiros sobreviveram ao pouso forçado e foram resgatados por um barco de mergulhadores próximo. 

Os passageiros relataram que, após o pouso forçado, o piloto ficou ferido e parecia estar inconsciente, pois não tentou se retirar do avião. O piloto realmente afundou com a aeronave, apesar dos esforços de alguns passageiros que tentaram removê-lo de seu assento enquanto o avião afundava.


No Relatório Final, os seguintes fatores foram identificados:

1. Após a falha de um dos dois motores, o voo continuou para Bonaire. Ao não retornar ao aeroporto de partida próximo, a operação de voo mais segura não foi escolhida.

- Continuar a voar após a falha do motor era contrário ao princípio geral para aeronaves bimotoras, conforme estabelecido no CARNA, ou seja, pousar no aeroporto adequado mais próximo.

2. A aeronave não conseguiu manter o voo horizontal quando continuou com o voo e um pouso de emergência no mar tornou-se inevitável.

- A aeronave decolou com uma sobrecarga de 9% quando comparada ao peso estrutural máximo de decolagem de 6600 lb. O piloto que era ele próprio responsável (autodespacho e liberação) pelo carregamento da aeronave estava ciente da sobrecarga ou poderia ter conhecimento disso. Um risco não aceitável foi assumido ao continuar o voo nessas condições, onde a aeronave não conseguiu manter a altitude devido à sobrecarga.

3. O piloto não agiu como seria de se esperar ao executar o voo e se preparar para o pouso de emergência.

- O pouso foi executado com os flaps levantados e, portanto, a aeronave teve uma velocidade de pouso maior.
- O piloto garantiu insuficientemente que os passageiros tivessem entendido as instruções de segurança após o embarque.
- O piloto realizou tentativas insuficientes para informar os passageiros sobre o pouso de emergência iminente no mar após a falha do motor e, portanto, eles não puderam se preparar suficientemente.

Fatores contribuintes:


Divi Divi Air

4. A gerência da Divi Divi Air prestou supervisão insuficiente à segurança, entre outras, da operação de voo com os Britten-Norman Islanders. Isso resultou em atenção insuficiente aos riscos de sobrecarga.

Conclusões:

- O peso estrutural máximo de decolagem de 6600 lb foi usado como limite durante a operação de voo. Embora isso tenha sido aceito pela autoridade supervisora, o consentimento formal não foi concedido para isso.
- Um peso médio padrão do passageiro de 160 lb foi usado na folha de carga e balanceamento, enquanto o peso médio real do passageiro era significativamente maior. Isso significava que o peso do passageiro era frequentemente menor no papel do que era o caso na realidade.
- Um peso de decolagem de exatamente 6.600 lb, informado na planilha de carga e balanceamento, ocorreu em 32% dos voos investigados. Isso é um forte indício de que os pesos de bagagem e combustível informados estavam incorretos nesses casos e que, na realidade, o peso estrutural máximo de decolagem de 6.600 lb foi excedido.
- Excessos do peso estrutural máximo de pouso de 6.300 lb ocorreram em 61% dos voos investigados.
- O peso máximo de decolagem permitido foi excedido em todas as três aeronaves Britten-Norman Islander em uso e com pilotos diferentes.
- Atenção insuficiente foi dada às limitações de peso da aeronave durante o treinamento.
- Falta de supervisão interna com relação ao programa de carga e balanceamento.
- Combinação de tarefas de gerenciamento na Divi Divi Air, o que pode ter significado que detalhes insuficientes foram definidos sobre as responsabilidades relacionadas.

5. O equipamento de segurança e as instruções a bordo da aeronave Britten-Norman Islander atualmente em uso não estavam em ordem.


Conclusões:

- Devido ao alto nível de ruído na cabine durante o voo, é difícil se comunicar com os passageiros durante uma situação de emergência.
- Os cartões de instruções de segurança não incluíam uma ilustração das bolsas sob os assentos nem instruções sobre como abrir essas bolsas. O colete salva-vidas foi mostrado com dois e não um único cinto e os coletes salva-vidas tinham uma parte traseira diferente dos coletes salva-vidas reais a bordo.
Diretoria de Aviação Civil Antilhas Holandesas (atualmente a Autoridade de Aviação Civil de Curaçao).
 
6. A supervisão da Diretoria de Aviação Civil sobre a gestão operacional da Divi Divi Air foi insuficiente em relação ao certificado de operador aéreo envolvendo a aeronave Britten-Norman Islander em uso.

Conclusões:
 
- As restrições operacionais que formaram a base para o uso de 6600 lb estavam ausentes no certificado de operador aéreo, no certificado de aeronavegabilidade do PJ-SUN e no Manual Geral de Operações aprovado da Divi Divi Air. As restrições implicam que voar é permitido apenas durante o dia, sob condições meteorológicas visuais e quando uma rota é voada de onde um pouso de emergência seguro pode ser executado em caso de falha do motor.
- A relação necessária (demonstrável) com o peso médio real do passageiro estava ausente em relação ao peso padrão do passageiro usado para elaborar a folha de carga e balanceamento.
- A falha do sistema de supervisão interna da Divi Divi Air para o programa de carga e balanceamento.
- Não perceber desvios entre os cartões de instruções de segurança (aprovados) e os coletes salva-vidas a bordo durante as inspeções anuais.
- O peso médio padrão de 80 kg para passageiros, estabelecido após o acidente, não oferece garantia suficiente de que o peso máximo de decolagem permitido para voos com companhias aéreas antilhanas que operam com o Britten-Norman Islander não será excedido.

Outros fatores:

Sistema de gravação de comunicação de rádio com a Torre Hato

7. O sistema de gravação usado para a comunicação de rádio com a Torre Hato não pode ser usado para registrar o tempo real. Isso significa que a linha do tempo relacionada à comunicação de rádio com a Torre Hato não pode ser determinada com exatidão.
O alerta e os serviços de emergência em Bonaire

8. Houve coordenação limitada entre os diferentes serviços de emergência e, portanto, eles não operaram de forma ideal.


Conclusões:

- O comando do local do incidente (Copi), que deveria ter assumido o comando dos serviços de emergência de acordo com o plano de crise do território da ilha de Bonaire, não foi formado.
- Exercícios multidisciplinares insuficientes foram organizados e avaliados para autoridades executivas que têm uma tarefa a desempenhar de acordo com o plano de crise do território da ilha de Bonaire e o plano de resposta a crises de acidentes de aeronaves do aeroporto no controle de desastres e acidentes graves. Eles estavam, portanto, insuficientemente preparados para sua tarefa.

9. O serviço de bombeiros e os barcos da polícia não puderam ser mobilizados por um período de tempo mais longo.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 22 de outubro de 2005: Queda do voo Bellview Airlines 210 mata 117 pessoas na Nigéria


Em 22 de outubro de 2005, o voo 210 da Bellview Airlines, era um voo doméstico de passageiros a ser realizado pelo Boeing 737-2L9, prefixo 5N-BFN (foto abaixo), partindo do Aeroporto Internacional Murtala Muhammed, em Lagos, na Nigéria, em direção ao Aeroporto Internacional de Abuja, também na Nigéria.

Foto: Joe G. Walker (JetPhotos.net)
A Nigéria é um país vasto e diverso, lar de mais de 100 milhões de pessoas pertencentes a diversas religiões, etnias e culturas. Mas não é um país rico, nem particularmente bem administrado. A infraestrutura precária torna a locomoção desafiadora, e o método de viagem preferido já foi, e muitas vezes ainda é, amontoar-se em um ônibus superlotado e viajar por horas ou dias por estradas esburacadas e sem manutenção, sob constante ameaça de ataque armado. 

Mas no início dos anos 2000, à medida que o poder de compra do nigeriano médio começou a aumentar, um grande número de pessoas começou a recorrer às viagens aéreas. O boom aéreo resultante viu inúmeras empresas surgirem e desaparecerem, muitas delas operando com orçamentos apertados, usando aviões com décadas de uso e aeronavegabilidade questionável. Seus pilotos eram mal treinados, seus sistemas de suporte eram inexistentes e sua gestão geralmente era incompetente ou corrupta. Mas o resultado geral foi que se tornou mais fácil viajar na Nigéria, e os passageiros afluíram às novas companhias aéreas da mesma forma.

Uma dessas empresas era a Bellview Airlines. Nomeada em homenagem à localização de sua sede no Bellview Plaza, em Lagos, a maior cidade da Nigéria, a empresa começou como uma agência de viagens antes de decidir experimentar a integração vertical, lançando uma companhia aérea em 1992. 

A empresa começou com um único Yakovlev Yak-42 de fabricação soviética, antes de expandir para jatos usados ​​aposentados por companhias aéreas ocidentais. Um deles era um modelo antigo do Boeing 737-200, construído nos Estados Unidos em 1981 e entregue à transportadora dinamarquesa de carga e fretamento Maersk Air. Desde então, foi arrendado para diversas pequenas companhias aéreas ao redor do mundo antes de finalmente passar para a posse da Bellview em março de 2003.

A empresa era uma das preferidas de estrangeiros e da classe alta da Nigéria, onde as estatísticas de acidentes aéreos estão entre as piores do mundo. Em outubro de 2009, a Bellview Airlines suspendeu todas as suas operações após a suspensão de seus serviços de Heathrow, em Londres. 

O avião transportava 6 tripulantes e 111 passageiros, a maioria dos quais pensava-se que eram nigerianos. Havia também pelo menos 10 ganenses, 2 britânicos, um alemão, um sul-africano, um malinês e um cidadão americano. 

A tripulação da cabine consistia no capitão Imasuen Lambert, de 48 anos, que era da Nigéria, o Primeiro Oficial Ernest Eshun, de 41 anos, um cidadão ganês e o engenheiro de voo Sanni Steve.

Entre os passageiros estava a esposa de Eshun, Sarah, juntamente com várias pessoas de alto perfil, incluindo um general malinês, um assessor próximo do presidente nigeriano Olusegun Obasanjo e o Diretor Geral dos Correios da Nigéria.

Um passageiro notável foi Sheick Oumar Diarra, um general do Mali e secretário executivo adjunto da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental). Tal companhia não era particularmente incomum na rota Lagos-Abuja, que era popular entre funcionários do governo.


O voo e o acidente

A rota do voo voo Bellview Airlines 210
O tempo naquela noite estava ruim, com tempestades se formando em toda a região, especialmente a nordeste do Aeroporto Internacional Murtala Muhammed, em Lagos. A visibilidade em terra era superior a 10 quilômetros, mas raios podiam ser vistos a curta distância. 

Os pilotos estavam cientes do perigo e, algum tempo após a partida do motor, informaram ao controle de tráfego aéreo que precisariam fazer uma curva à direita após a decolagem para evitar as tempestades. 

O voo 210 foi liberado para decolar do Aeroporto Murtala Muhammed às 19h28m50s UTC, operando sob as regras de voo por instrumentos (IFR). Após a decolagem, quando a aeronave entrou em uma curva à direita às 19h31m52s, e o controlador da torre aconselhou a tripulação a entrar em contato com o controlador de aproximação. 

Às 19h32m22s, o voo fez seu primeiro contato com o controle de aproximação, informando: "Aproximação, Bellview 210 está com você em uma curva à direita saindo de 1600 (pés)." 

O controlador respondeu: "Reporte novamente passando um três zero." Às 19h32m35s, a tripulação confirmou esta comunicação e foi a última transmissão do voo. Às 19h43m46s, o controlador tentou entrar em contato com o voo, mas não teve sucesso.

Minutos depois, o voo 210 da Bellview foi declarado desaparecido, e operações de busca e salvamento foram iniciadas. Mas, apesar de o 737 provavelmente ter caído em algum lugar perto de Lagos, uma cidade com mais de 10 milhões de habitantes, não houve relatos imediatos de um acidente. 

Fora das áreas urbanas, a comunicação na Nigéria era extremamente instável e, mesmo que os moradores locais tivessem visto o avião cair, não seriam necessariamente capazes de contar a alguém em posição de autoridade. E com o cair da noite, uma busca aérea inicial se mostrou infrutífera — eles teriam apenas que esperar que a notícia chegasse da vila mais próxima.

Enquanto isso, os boatos começaram a circular. Alguém disse à imprensa que um helicóptero da polícia havia avistado os destroços no estado vizinho de Oyo, e um porta-voz do governador local afirmou que várias dezenas de pessoas haviam sobrevivido ao acidente. Essa notícia foi então repetida como fato na imprensa local antes de se espalhar para publicações internacionais, incluindo o China Daily. Até hoje, não se sabe de onde esses boatos surgiram e por que as autoridades locais os amplificaram.

O acidente coincidiu com outra notícia que chocou o país: a morte, na Espanha, da primeira-dama da Nigéria, Stella de Obasanjo, de 60 anos. Ela chegou morta a uma clínica da cidade de Marbella, procedente do centro médico no qual havia realizado uma cirurgia plástica. Até algumas horas depois da morte da mulher do presidente Olusegun Obasanjo, as autoridades nigerianas e espanholas ainda não haviam divulgado a razão da cirurgia.

O local do acidente foi descoberto pelas autoridades nigerianas na manhã seguinte no estado de Ogun, a cerca de 50 quilômetros de Lagos e longe da posição relatada na noite anterior. A aeronave caiu em uma área de terreno plano localizada a 14 quilômetros (8,7 mi; 7,6 milhas náuticas) ao norte do aeroporto, em Lisa Village, no estado de Ogun.

A cena era absolutamente apocalíptica: o 737 havia se chocado contra o solo em enorme velocidade, abrindo uma cratera de 17 metros de largura e 9 metros de profundidade, enquanto pequenos pedaços de destroços em chamas estavam espalhados por uma plantação adjacente de cacau e noz-de-cola. Praticamente nada restou do avião, exceto por pedaços aleatórios de metal irreconhecíveis, bem como um pequeno pedaço de revestimento da fuselagem bastante deformado, ainda com o número de registro, 5N-GFN. 

Dos ocupantes, quase não havia vestígios — todos os 117 passageiros e tripulantes foram essencialmente vaporizados no impacto, deixando para trás milhares de pequenos fragmentos de carne e osso, misturados à sujeira e aos destroços da aeronave. O cheiro de combustível de jato era insuportável.


Enquanto a polícia protegia o local e tentava afugentar os saqueadores em busca de sucata, uma equipe de especialistas do Departamento de Investigação de Acidentes da Nigéria se reuniu às pressas em Lagos e se dirigiu ao local. Sua missão, segundo o direito internacional, não era atribuir culpas, mas apenas descobrir o que aconteceu e emitir recomendações que melhorassem a segurança.

Mais uma vez, porém, a confusão reinou. Moradores haviam encontrado o local na noite anterior e começado a saquear os destroços em busca de sucata (por mais insensível que seja, você também pode fazer isso se viver com um dólar por dia), e a polícia demorou a isolar o local. O chefe de polícia também informou à imprensa que as caixas-pretas com os registros de voo haviam sido encontradas, mas quando os investigadores do AIB chegaram ao local, descobriram que ninguém havia visto as caixas, e a polícia posteriormente retratou suas declarações.


Com a ajuda do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos, ou NTSB, cuja participação foi obrigatória devido ao envolvimento de uma aeronave de fabricação americana, os investigadores começaram a trabalhar o mais rápido possível. Sua primeira missão, independentemente de possuírem ou não caixas-pretas, foi examinar os destroços em busca de pistas.


O formato da cratera de impacto e os danos às árvores próximas mostraram que o avião atingiu o solo em uma direção magnética de 54˚, quase a direção de Abuja, mas em um ângulo de inclinação acentuado com a asa direita abaixada. Esses detalhes sugeriam uma perda de controle em uma curva à direita antes do acidente. Após o impacto, grande parte dos destroços queimou acima e abaixo do solo, e alguns deles ainda estavam queimando em locais inacessíveis enquanto os investigadores trabalhavam. 

Equipamentos pesados ​​tiveram que ser trazidos para extrair os destroços quebrados, alguns dos quais haviam penetrado até 30 pés no subsolo. Uma busca na área próxima também confirmou que nenhum destroço havia caído longe do local do acidente, indicando que o avião provavelmente estava inteiro quando atingiu o solo. O pedaço mais distante era a seção mencionada da fuselagem com o número de registro, que parou a cerca de 100 pés da cratera, mas estava fortemente amassada, indicando que provavelmente foi lançada para sua posição final durante o impacto, não antes.

Mapa apontando o aeroporto de Lagos e o local do acidente (Imagem: NAIB)
Quando a escavação foi concluída, os investigadores não haviam descoberto muita coisa valiosa. Nenhum sinal das caixas-pretas havia sido encontrado. Além disso, mesmo depois de reunir tudo o que conseguiram encontrar, a equipe só conseguiu contabilizar cerca de 45 a 55% do peso do avião (o relatório final, de forma bastante otimista, estimou esse número em 60%, mas o relatório do subgrupo de exame de destroços apresentou uma porcentagem menor). 

A maior parte desses destroços era da parte traseira da aeronave; de ​​fato, as forças de impacto foram tão grandes que apenas 3% da estrutura à frente das asas puderam ser encontrados. Tampouco seria possível que uma quantidade tão grande de material tivesse caído em outro lugar sem ser notada — é provável que tenha sido simplesmente atomizado.


Quanto ao motivo pelo qual as caixas-pretas não foram localizadas, ninguém sabia dizer com certeza. Como os gravadores estão localizados na cauda, ​​que foi a seção menos danificada (embora ainda completamente destruída), foi um tanto estranho que nenhum vestígio deles tenha sido encontrado, mas os investigadores se recusaram a descartar a possibilidade de que tenham sido destruídos no impacto. 

No entanto, como outros acidentes com forças de impacto semelhantes ou até maiores geralmente não conseguiram destruir as caixas-pretas protegidas contra acidentes, parece mais provável que a companhia aérea estivesse mentindo sobre ter instalado alguma, ou que saqueadores as roubaram antes que a polícia pudesse chegar. Este último cenário já aconteceu antes, e no passado os gravadores foram recuperados por meio de uma recompensa, mas o relatório final não menciona nenhuma autoridade que tenha oferecido uma recompensa pela devolução dos destroços roubados.


Para piorar a situação, os investigadores não só tinham destroços limitados, nenhum sobrevivente e nenhum dado de caixa-preta, como também não tinham dados de radar. Embora o Aeroporto Internacional Murtala Muhammad estivesse equipado com radar, no momento do acidente ele estava desligado para manutenção, então não havia como saber exatamente qual caminho o avião tomou até o local do acidente a partir do último ponto onde o controlador o viu. 

O tempo de impacto, no entanto, foi estabelecido a partir de um relógio de pulso que havia parado aproximadamente às 20h40, indicando que o avião caiu cinco minutos após a decolagem e quatro minutos após sua última transmissão ao ATC. Mas essa informação não forneceu pistas sobre o motivo da queda do avião. Ao responder a essa pergunta, os investigadores logo se viram puxados em várias direções concorrentes.

Sabotagem?

Logo após o acidente, um grupo terrorista que se autodenominava Coalizão para Ação Militante no Delta do Níger reivindicou a responsabilidade pela queda do avião. O líder da Aliança, Alaye Temi, emitiu um comunicado à imprensa afirmando que o grupo "continuaria a atacar aqueles que oprimem a região", referindo-se ao delta do rio Níger, um canto rebelde da Nigéria que também contém grande parte de suas reservas de petróleo. 

No entanto, o grupo não apresentou evidências para sua alegação e pareceu passar a maior parte da declaração tentando convencer os habitantes do delta a apoiar sua causa, em vez de falar sobre a queda do avião. Além disso, embora vários funcionários do governo estivessem a bordo, isso não era incomum, e as evidências físicas deixaram os investigadores céticos de que uma bomba pudesse ter sido a responsável. Quando uma bomba explode a bordo de um avião, normalmente resulta na fragmentação da aeronave, espalhando destroços por uma ampla área, mas o AIB já havia estabelecido que o 5N-BFN estava intacto quando atingiu o solo.

O único item suspeito foi o pedaço de revestimento da fuselagem, encontrado a 30 metros da cratera, que continha algumas marcas de queimadura que pareciam estranhas à primeira vista. Além disso, um pequeno pedaço de uma placa de circuito foi encontrado entre as dobras do metal, uma descoberta que levou à identificação da bomba em vários bombardeios de aeronaves famosas, incluindo Lockerbie. Esses destroços foram rapidamente preservados e enviados a especialistas do FBI nos Estados Unidos para análise. 

No entanto, a análise não encontrou resíduos de explosivos, microcorrosões, lavagem com gás quente ou outros sinais de um alto explosivo detonado perto da seção de revestimento da fuselagem ou do fragmento da placa de circuito. Além disso, as marcas de queimadura pareciam seguir as dobras do metal, sugerindo que foram colocadas ali após o impacto, e não durante um incêndio em voo. Apesar dessas descobertas, a Bellview Airlines argumentou veementemente que o avião foi derrubado por uma explosão, uma afirmação que o AIB rejeitou. Na opinião deles, o acidente foi quase certamente um acidente. Mas o que poderia tê-lo causado? A resposta, ao que parecia, era — bem, quase qualquer coisa.

Clima?

Uma das primeiras coisas que o AIB analisou foi o clima. Havia fortes tempestades na área, que podem ser perigosas para aeronaves, e sem saber a rota exata do voo 210, não era possível excluir a possibilidade de o avião ter colidido com uma delas. No entanto, uma análise feita por especialistas em meteorologia concluiu que as tempestades não eram nem de longe fortes o suficiente para derrubar o avião. Embora o mau tempo pudesse ter aumentado a carga de trabalho dos pilotos e restringido a visibilidade, não era provável que tenha sido a única causa do acidente.

Falha mecânica?

No entanto, à medida que os investigadores examinavam os registros técnicos e de manutenção do avião, começou a ficar claro que o 5N-BFN não estava exatamente em boas condições mecânicas. Horas antes do voo do acidente, durante uma escala programada em Gana, o piloto havia relatado que o acumulador de freio estava com defeito, resultando em baixa pressão de freio; no entanto, embora o defeito tenha sido relatado no registro técnico, os mecânicos não o consertaram. A baixa pressão de freio quase certamente não teve nada a ver com o acidente, mas dificilmente foi a única coisa que não foi consertada. Mais preocupantes foram várias entradas de registro dos dias anteriores ao acidente, que indicaram que a luz de "desbloqueio" do reversor de empuxo do motor nº 1 acendeu duas vezes durante o voo, e a luz nº 2 acendeu uma vez.

Os reversores de empuxo em um motor a jato são projetados para redirecionar o empuxo para a frente, auxiliando na desaceleração da aeronave no pouso. Eles não são projetados para uso no ar e, de fato, travas especiais impedem que fluido hidráulico seja fornecido aos atuadores do reversor a menos que a aeronave esteja no solo, garantindo que mesmo um comando errôneo de "desencadeamento" não resulte em um desdobramento em voo. 

Dependendo do projeto exato, duas ou três camadas de redundância podem precisar ser comprometidas para que tal desdobramento ocorra, mas se isso acontecer, o efeito pode ser catastrófico — pelo menos dois grandes acidentes de jatos de passageiros foram associados a desdobramentos não comandados do reversor de empuxo, incluindo o infame acidente de 1991 do voo 004 da Lauda Air na Tailândia. Nesse caso, os pilotos também observaram uma luz de "desbloqueio do reversor de empuxo" logo após a decolagem, que foi seguida posteriormente por um desdobramento real do reversor de empuxo.


O objetivo da luz de "desbloqueio" é indicar a presença de pressão hidráulica no atuador e, por si só, não indica que o acionamento do reversor seja iminente ou provável. No entanto, significa que falta uma camada crítica de redundância e que apenas uma falha adicional pode levar a um acionamento em voo. O fato de essas luzes terem acendido durante vários voos indica que essa margem de segurança reduzida pode ter existido por algum tempo.

Investigando mais a fundo, os investigadores do AIB descobriram que todos os quatro atuadores do reversor de empuxo dos dois motores do avião estavam entre os itens recuperados no local do acidente. Cada motor possuía um atuador hidráulico interno e externo para mover as portas de caçamba, que cobrem o escapamento do motor para desviar o empuxo para a frente. Cada um dos quatro foi examinado detalhadamente, e foi observado que dois atuadores estavam na posição "retraída", um atuador estava na metade entre as posições "retraída" e "aberta" e outro estava na posição totalmente "aberta".


No entanto, se o reversor de empuxo em um motor tivesse sido acionado, levando a uma perda de controle, seria esperado que os dois atuadores encontrados acionados ou parcialmente acionados viessem do mesmo lado — mas não foi o que aconteceu. Em vez disso, cada atuador "acionado" foi pareado com um atuador "recolhido", uma condição que ocorreu simetricamente em ambos os motores. Isso sugeriu que ambos os atuadores internos ou externos foram acionados em direção à posição "acionado" quando o avião atingiu o solo, e não antes. Com base nessa descoberta, os investigadores estavam inclinados a descartar uma falha no reversor de empuxo como a causa do acidente, embora sem uma compreensão mais completa do motivo pelo qual as luzes de "desbloqueio" estavam acendendo durante o voo e qual era a condição técnica pré-voo dos sistemas de reversão, pode ser impossível excluí-la completamente.

Outra linha de investigação dizia respeito à unidade de controle de potência do leme, ou PCU, do avião. A PCU, que traduz as entradas do piloto em movimento hidráulico do leme, esteve envolvida em pelo menos dois acidentes fatais envolvendo o Boeing 737 nos Estados Unidos no início da década de 1990, nos quais foi descoberto que, sob certas condições, uma válvula-chave poderia reverter a direção e acionar o leme em sentido oposto ao comando. Após esses acidentes, foi implementada uma correção que deveria ter impossibilitado a reversão da válvula. No entanto, por precaução, os investigadores examinaram o dispositivo detalhadamente em busca de sinais de que ele pudesse ter funcionado mal ou de que a correção não tivesse sido implementada corretamente. Mas a correção estava lá, como deveria estar, e não havia mais nada que indicasse que a válvula ou qualquer outro componente estivesse em uma posição incomum quando o avião atingiu o solo. Devido à ausência de evidências, essa teoria foi descartada.

Ainda assim, havia muitos outros problemas mecânicos com o avião que podem não ter causado o acidente por si só, mas que poderiam ter contribuído de alguma forma. Muitas dessas falhas eram indicativas de manutenção negligente por parte da Bellview Airlines. Por exemplo, o indicador de fluxo de combustível do motor nº 2 foi registrado como inoperante inúmeras vezes ao longo de um período de cinco meses, e os mecânicos simplesmente escreviam "anotado" no registro técnico toda vez que era relatado. 

De acordo com a lista de equipamentos mínimos, ou MEL, que descreve quais sistemas podem estar inoperantes no despacho e por quanto tempo, essa era uma falha que a companhia aérea era obrigada a consertar em dez dias. Em vez disso, eles deixaram a falha persistir por meses, até que o indicador de fluxo de combustível nº 1 também falhasse. De acordo com a MEL, é ilegal despachar o avião sem indicadores de fluxo de combustível funcionando, e mesmo assim ele foi enviado nessas condições em 14 de outubro, oito dias antes do acidente.

Além disso, em 5 de outubro, o motor nº 2 sofreu um estol de compressor, semelhante a um contra-explosão. Esse evento poderia ter danificado o motor, e o avião deveria ter sido aterrado para uma inspeção, mas não há evidências de que os mecânicos tenham sequer verificado as condições do motor antes de retornar o avião ao serviço.

E além de tudo isso, em setembro e outubro de 2005, duas equipes diferentes relataram que os controles estavam muito rígidos e pesados ​​no eixo de passo com o piloto automático acionado. De acordo com o MEL, esse problema precisava ser corrigido em 10 dias, mas não foi. Em vez disso, os mecânicos escreveram que o tempo necessário para solucionar o problema era muito longo e que teriam que esperar até que o avião estivesse em solo para as inspeções programadas. Mas em 17 de outubro, o avião foi para uma verificação programada e os mecânicos ainda não consertaram o problema. O avião foi liberado da inspeção mais tarde naquele dia, presumivelmente com a falha ainda presente, o que o tornou legalmente inapto a voar. Os investigadores acreditavam que ele ainda estava inapto a voar no momento do acidente.

Se os pilotos soubessem desse fato, pouco poderiam fazer — segundo pessoas que o conheciam, o Capitão Imasuen já havia sido ameaçado de suspensão por se recusar a pilotar uma aeronave em condições de aeronavegabilidade inadequada. Outros pilotos da Bellview Airlines confirmaram confidencialmente que a companhia aérea sabia que seus aviões estavam em más condições, mas mesmo assim forçava os pilotos a pilotá-los. No final, porém, sem dados concretos, era impossível vincular qualquer um desses problemas diretamente ao acidente. Era perfeitamente possível que uma das falhas mencionadas acima, ou alguma outra falha desconhecida pelos investigadores, tivesse contribuído para a perda de controle — mas como poderiam provar isso?

Erro humano?

A possibilidade de erro humano sempre seria uma consideração importante para a investigação, visto que erros da tripulação de voo estão envolvidos na grande maioria dos acidentes aéreos. Nesses casos, a causa raiz pode estar na cultura operacional da empresa, em suas práticas de contratação ou em outras áreas que afetam o desempenho humano. Essas questões sistêmicas podem, então, entrar em conflito com os indivíduos envolvidos, dando origem a erros. Por esse motivo, o AIB investigou o histórico do Capitão Lambert Imasuen e de seu Primeiro Oficial, Ernest Eshun. O que encontraram foi ao mesmo tempo chocante e desconcertante, e levantou quase tantas perguntas quanto respondeu.

O Capitão Lambert Imasuen tinha 48 anos e começou a trabalhar como piloto comercial em 1986, quando recebeu sua Licença de Piloto de Transporte Aéreo, ou ATPL. Nos anos seguintes, ele pilotou jatos de passageiros BAC 1-11 em nome de várias companhias aéreas, até que, segundo seus registros, pediu demissão abruptamente em 1992. Pelo menos uma fonte afirma que ele parou de voar após um "quase acidente", mas nenhum detalhe foi fornecido.

Após deixar a aviação, Imasuen conseguiu um emprego como controlador de logística em uma empresa de bebidas com sede em Lagos, chamada Fan Milk, onde permaneceu por 10 anos. Em 2002, mudou de emprego novamente, tornando-se diretor-gerente de outra empresa de bebidas, a Ultimate Drink Nigeria, Ltd.

Em 2003, enquanto trabalhava na Ultimate Drink Nigeria, Imasuen informou à polícia que acreditava estar sendo ameaçado por "inimigos" não especificados, e que um sargento da polícia foi designado para vigiá-lo o tempo todo. Seus temores se confirmaram, pois em janeiro de 2004, ladrões armados atacaram sua casa, matando o guarda-costas da polícia e atirando no rosto de Imasuen. Embora gravemente ferido, ele conseguiu escapar e chegar a um hospital, onde foi submetido a uma cirurgia reconstrutiva.

O contato próximo com a morte de Imasuen aparentemente o convenceu de que era hora de outra mudança de estilo de vida, pois quase assim que se recuperou dos ferimentos, decidiu voltar a voar. Em 3 de junho de 2004, ele relatou o roubo de sua licença de piloto — não está claro quando ou como ela foi tomada. De qualquer forma, suas qualificações haviam expirado nos 12 anos desde seu último voo e, para que seu ATPL "roubado" fosse reemitido, ele precisava refazer parte de seu treinamento. 

Portanto, ele viajou para os Estados Unidos naquele verão para fazer um curso de qualificação de tipo para Boeing 737 em uma empresa chamada Aero Services em Miami, Flórida. Notavelmente, Miami tem sido, há muito tempo, o lar de empresas duvidosas que fornecem serviços questionáveis ​​para companhias aéreas desleais da América Latina e da África, mas durante a pesquisa para este post foi impossível verificar quaisquer detalhes sobre a Aero Services em particular devido ao seu nome extremamente genérico. 

Na Flórida, Imasuen passou por 80 horas de treinamento em solo, seguidas de 25 horas em um simulador de Boeing 737. Em agosto, ele foi aprovado no exame de verificação e recebeu uma nova via de seu ATPL, que o autorizava a trabalhar como comandante em qualquer aeronave, desde que tivesse concluído os cursos pré-requisitos de qualificação de tipo e de piloto em comando. Em 17 de setembro, após seu retorno à Nigéria, ele solicitou à Autoridade de Aviação Civil da Nigéria (NCAA) a inclusão da qualificação de tipo do Boeing 737 em seu ATPL, permitindo-lhe atuar como comandante de um Boeing 737, e seu pedido foi deferido.

Aqui, os investigadores notaram a primeira de várias discrepâncias gritantes. Em sua inscrição para a NCAA, Imasuen alegou ter 80 horas de voo no Boeing 737, mas isso era impossível, porque o treinamento na Aero Services não foi realizado em um 737 real, e ele ainda não havia sido contratado por nenhuma companhia aérea. Essa discrepância deveria ter sido detectada durante o controle de qualidade na NCAA, mas por razões não especificadas (pode-se presumir suborno), sua inscrição foi direto para o balcão de aprovação sem passar pelo processo de revisão e foi imediatamente rejeitada. 

Pouco depois, em 4 de outubro, Imasuen foi contratado pela Bellview Airlines para pilotar o Boeing 737. Ele foi imediatamente enviado para o treinamento de linha, onde voou um 737 real sob supervisão por um mês. Então, após acumular 47 horas de experiência no 737, ele foi promovido a Capitão do B737 e liberado para voos não supervisionados como piloto em comando. Isso não só violava os próprios procedimentos da Bellview, que determinavam que um piloto precisasse ter 500 horas de voo no tipo de aeronave antes de ser promovido a capitão, como também desafiava o bom senso. Certamente, mais de 47 horas de voo são necessárias para assumir o comando de um jato de passageiros depois de 12 anos sem pilotar um avião.

Quanto ao Primeiro Oficial Ernest Eshun, ele era ainda menos experiente. Tinha apenas 726 horas de voo totais em todos os tipos de aeronaves e ainda era novo na aviação em geral. O histórico de sua licença não era incomum ou dramático, mas os investigadores notaram outras discrepâncias. Por exemplo, Eshun e Imasuen viajavam juntos a cada poucos meses para passar por treinamento recorrente em uma escola de aviação em Denver, Colorado, culminando em um exame. 

No entanto, os resultados dos exames retidos pela escola de aviação não eram os mesmos que os resultados que foram submetidos à NCAA após o retorno dos pilotos à Nigéria, indicando que ambos os homens haviam inflado falsamente suas notas nos testes. Essa prática era aparentemente generalizada na Bellview e em outras companhias aéreas.

Então, em uma reviravolta intrigante, o AIB tomou posse de uma carta escrita pelo Primeiro Oficial Eshun pouco antes do acidente, na qual ele reclamava que não estava sendo pago em dia e que sua programação designada violava gravemente as leis de limite de tempo de serviço de voo. Em sua carta, ele afirmou que, nos 19 dias anteriores, havia voado por 118 horas, embora os regulamentos de tempo de serviço o limitassem a 100 horas de voo a cada período de 30 dias, o que significa que ele estava voando aproximadamente o dobro do permitido por lei. 

Os registros de ambos os pilotos confirmaram isso: por exemplo, de acordo com os documentos apresentados à NCAA para sua última renovação de licença, o Capitão Imasuen havia voado 1.864 horas durante os 10 meses anteriores ao acidente, embora o limite fosse de 1.000 horas por ano civil. Além disso, em abril de 2005, ele indicou que havia voado 1.568 horas apenas nos 6 meses anteriores, o que equivale a mais de 8,6 horas de voo (não horas de serviço — 8,6 horas NO AVIÃO) todos os dias, em média, mesmo antes de contabilizar os dias de folga!

Quando confrontada, a Bellview Airlines negou as acusações, afirmando que Imasuen havia voado apenas 1.053 horas durante todo o seu período de trabalho na empresa. Por outro lado, informações obtidas pelo Wikileaks mostraram que o Primeiro Oficial Eshun pretendia deixar a Bellview Airlines no mês seguinte para ingressar na Ghana International Airlines (GIA) devido às péssimas condições de trabalho da Bellview. De acordo com os documentos, Eshun confidenciou à GIA que a Bellview forçava seus pilotos a alterar seus registros de voo para ocultar o fato de que voavam de 180 a 190 horas por mês. Dois outros pilotos da Bellview que participaram de entrevistas para vagas na GIA relataram relatos semelhantes.

Vale ressaltar que esse tipo de excesso de trabalho, embora extremamente perigoso, era comum na Nigéria. Os registros do Capitão Imasuen, de sua primeira experiência como piloto, na década de 1980, mostravam que ele voava em média 9,6 horas por dia naquela época, sem contabilizar os dias de folga. Além disso, havia evidências de que seus registros haviam sido alterados, pois, em determinado momento da década de 1980, o tempo total de voo de Imasuen misteriosamente caiu 400 horas.

Essas descobertas sugeriram fortemente que, no momento do acidente, os pilotos estavam quase certamente exaustos, sofrendo de fadiga severa e esgotamento. Na visão do AIB, as chances de que isso tenha contribuído para o acidente eram muito altas, talvez até quase certas, mas, novamente, sem os dados da caixa-preta, eles não podiam dizer como.

A investigação e o Relatório Final

Em fevereiro de 2009, mais de três anos após o acidente, o AIB publicou seu relatório final, no qual os investigadores declararam não ter conseguido determinar a causa do acidente. Entre a ausência das caixas-pretas e a destruição total da aeronave, havia simplesmente pouquíssimas evidências sobre o que aconteceu enquanto o voo 210 subia pelas nuvens sobre Lagos, envolto em seu próprio mundinho, sem testemunhas vivas.

Em vez disso, o AIB apresentou um argumento diferente: que quase não importava o que causou o acidente, pois estava claro que aquela companhia aérea, aquele voo, aquele avião e aqueles pilotos já estavam "prontos para um acidente". O avião apresentava vários problemas mecânicos pendentes e era legalmente inapto a voar. Ambos os pilotos eram inexperientes, mal treinados e sofriam de fadiga. Era noite e havia tempestades na área. Considerando todos esses fatores, o voo 210 da Bellview Airlines era simplesmente um desastre esperando para acontecer desde o momento em que decolou.

A AIB (Agência de Investigação de Acidentes da Nigéria) não conseguiu identificar a causa do acidente, mas considerou vários fatores:

  • O treinamento do piloto em comando (PIC) do Comandante foi inadequado, e as horas de voo acumuladas do piloto nos dias anteriores ao acidente, o que era indicativo de carga de trabalho excessiva que poderia levar à fadiga. A investigação não conseguiu determinar o estado de saúde do capitão no momento do acidente.
  • A aeronave apresentava vários defeitos técnicos e não deveria ter voado para o voo do acidente ou para voos anteriores. A companhia aérea falhou em manter um regime de operação e manutenção dentro dos regulamentos e a supervisão de segurança da Autoridade de Aviação Civil dos procedimentos e operações do operador foi inadequada.

Fragmentos dos destroços da aeronave recuperados para a investigação (Foto: NAIB)

Sem a capacidade de reconstruir o voo, a investigação não foi capaz de chegar a qualquer conclusão sobre o desempenho da aeronave ou da tripulação ou o efeito do tempo no voo. O AIB não conseguiu chegar a uma conclusão sobre a causa, mas fez quatro recomendações de segurança no relatório:

  • A Autoridade de Aviação Civil da Nigéria deve melhorar a supervisão da manutenção e operações das companhias aéreas.
  • A Agência Nigeriana de Gerenciamento do Espaço Aéreo deve aumentar a cobertura do radar para melhorar os serviços de tráfego aéreo e auxiliar nas operações de busca e salvamento.
  • Bellview deve melhorar seus procedimentos de manutenção e autorizações.
  • A Bellview deve revisar seu regime de controle de segurança e qualidade.

Após o acidente, o presidente da Nigéria prometeu fazer melhorias na segurança, e autoridades prometeram uma série de meias-medidas duvidosas. Uma promessa proeminente do governo foi proibir todas as aeronaves com mais de 30 anos, mas era difícil acreditar na palavra deles. 

Após um acidente anterior em 2002, o governo havia prometido proibir aviões com mais de 22 anos, mas o 5N-BFN, o avião envolvido na queda do voo 210, tinha 24 anos. Tanto para a proibição, então! Na verdade, alguém com bom senso provavelmente os convenceu a não fazê-lo, porque proibir aviões mais antigos faz pouco para melhorar a segurança se o governo não puder impor a manutenção adequada. Um avião mal conservado pode cair devido a um problema mecânico em qualquer idade. Mas, aparentemente, isso foi tudo o que os burocratas conseguiram inventar.

Segredos dos Mortos

Quanto aos detalhes do que aconteceu com o voo 210, a menos que alguém revele que possuía as caixas-pretas o tempo todo, provavelmente nunca saberemos. A indústria da aviação não gosta de não saber por que um jato de passageiros caiu, mas todas as pistas disponíveis foram esgotadas. Provavelmente há muitas informações que não vieram à tona, mas serão informações que contribuirão para a nuvem geral de "prontidão para o desastre" que já cerca o voo, e não a prova cabal que revela o que aconteceu na cabine quando os pilotos perderam o controle do Boeing 737.

No entanto, na minha opinião, há uma sequência básica de eventos que considero razoavelmente provável, com base em meus anos de experiência no estudo de acidentes aéreos. Basicamente, este acidente apresenta todas as características de desorientação espacial em condições meteorológicas instrumentais. Quando um avião está em meio às nuvens, os pilotos devem manter uma vigilância cuidadosa sobre seus instrumentos para garantir que o avião esteja voando em linha reta, e as pistas sensoriais sobre a orientação da aeronave no espaço podem ser perigosamente enganosas. 

Inúmeros aviões, incluindo alguns aviões comerciais de grande porte, caíram porque os pilotos não detectaram que estavam rolando ou saindo do curso enquanto estavam em meio às nuvens até que fosse tarde demais. Um exemplo particularmente relevante é o acidente do voo 507 da Kenya Airways perto de Douala, Camarões, em 2007. Esse acidente também envolveu um Boeing 737, tripulado por pilotos abaixo da média, decolando de um aeroporto africano mal equipado à noite durante uma tempestade. Assim como os pilotos de Bellview, a tripulação do voo 507 solicitou uma curva à direita para evitar a tempestade e desapareceu sem deixar rastros. Os restos do avião foram encontrados vários dias depois em um pântano a poucos quilômetros do aeroporto. Uma grande cratera comprovou a imensa força do impacto, que destruiu totalmente o 737 e matou todas as 114 pessoas a bordo.

Nesse caso, as caixas-pretas foram encontradas e os investigadores concluíram que o avião começou a rolar para a direita sozinho devido a pequenas assimetrias nas asas e superfícies de controle da aeronave envelhecida. Inicialmente, isso não foi problema, pois eles queriam virar para a direita de qualquer maneira. O capitão finalmente ordenou ao primeiro oficial que acionasse o piloto automático para interromper a rolagem e nivelar na direção designada, mas devido a uma falha de comunicação, ele nunca o fez, e o avião continuou rolando sozinho até que um alerta automático de "BANK ANGLE" soou. Assustado com o alerta, o capitão inadvertidamente manobrou ainda mais a rolagem, fazendo com que o avião mergulhasse de nariz no solo.

É fácil imaginar uma sequência semelhante de eventos ocorrendo a bordo do voo 210 da Bellview Airlines. Talvez os pilotos não quisessem usar o piloto automático devido a problemas de longa data com o sistema, ou por algum motivo não o acionaram corretamente. Talvez tenha ocorrido algum outro problema mecânico que desviou sua atenção, ou eles estavam distraídos tentando encontrar a melhor rota em meio ao mau tempo. E enquanto trabalhavam no problema, com os olhos turvos e bocejando, a curva à direita em torno da tempestade só ficava mais íngreme, mais íngreme, mais íngreme...

Mas, como eu disse, nunca saberemos. Tudo o que sabemos é que cinco minutos depois, 117 pessoas estavam mortas, e seus momentos finais aterrorizantes foram perdidos para sempre na terra dos vivos.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Admiral Cloudberg, ASN, Wikipédia, BBC, AFP e baaa-acro