Os crop circles, círculos com formas geométricas perfeitas e elaboradas que aparecem em plantações pelo mundo, sempre despertam curiosidade. Mesmo após várias pessoas assumirem sua autoria, ao redor do mundo, ainda existem grupos que pregam haver fortes indícios das obras não serem realizadas pela mão humana. Será? Com o objetivo de debater o assunto, a terapeuta e estudiosa do tema Anna Sharp, em parceria com e Marta Jaramillo, organizou o primeiro Seminário internacional “A Ciência Debate o Fenômeno dos Círculos nas Plantações”, na tarde do último domingo (27), no hotel Sofitel de Copacabana, no Rio de Janeiro. “As informações não são devidamente divulgadas. Como sou ‘bocuda’ e tenho voz aqui no Brasil, resolvi fazer esse seminário”, disse Anna.
Veja exemplos de crop circles na galeria abaixo:
Investigadores dizem que círculos têm desenhos sofisticados demais para serem feitos com instrumentos simples, como o da foto acima - Foto: Getty Images
Anna Sharp evita falar em ETs ou OVNIs. Os círculos seriam feitos por uma "inteligência superior" - Foto: Getty Images
Depois da admissão de Doug Bower e Dave Chorley, círculos começaram a ser assumidamente feitos por agricultores e viraram atrações turísticas - Foto: Getty Images
Já este círculo foi considerado falso por estudiosos do tema - Foto: Divulgação/Prima Press
Foto de um círculo encontrado em Ipuaçu, Santa Catarina, em 2009 - Foto: Divulgação/Prima Press
Novidades científicas sobre o tema? Não havia. O objetivo do encontro foi tentar entender as causas e trocar idéias sobre as figuras e como elas se formam. Para fortalecer a crença, cinco especialistas internacionais foram convocados para falar para um público de 120 pessoas que pagou 200 reais por cabeça para assistir a uma tarde inteira de palestras.
O escritor Peter Russell, a produtora de documentários Linda Howe, a bióloga Elisabet Sahtouris, o executivo Gary King, especialista em comunicação e semiótica, e Jonathan Paul de Vierville, PhD em História Americana da Universidade do Texas, deram depoimentos apaixonados, cada qual dando foco em sua área, sobre suas crenças a respeito das manifestações e as conclusões científicas já levantadas. A favor do mistério, claro. “Fiquei intrigado quando fui convidado para fazer uma palestra sobre crop circles. Pediram para que eu falasse sobre o que um cientista pensa sobre os círculos: eu não sei! Sei que é um fenômeno e é um mistério. Mas posso falar sobre a necessidade de se acreditar nas coisas”, disse no início da sua apresentação Peter Russell, que por 20 anos trabalhou com criatividade, métodos de aprendizagem, gestão do estresse e desenvolvimento pessoal.
Círculos falsos e círculos verdadeiros
Segundo Anna Sharp, o mundo começou a tomar conhecimento dos “círculos ingleses” – assim chamados, porque o maior número de aparições acontece na Inglaterra (principalmente em Wiltshire, próximo a Stonehenge, ao sul do país), embora tenham sido relatados casos na França, EUA, Japão, Canadá, Holanda, Hungria e Rússia –, a partir dos anos 80, apesar de aparecerem há centenas de anos. Os primeiros registros datam do século 16. A estimativa é que existam mais de 10.000 figuras espalhadas pelo mundo. “Estive na Inglaterra estudando esses fenômenos e fiquei indignada em perceber como essas informações são ocultadas ou passadas de forma incorreta para o mundo inteiro. Dizem que dois velhinhos aposentados é que foram os responsáveis por um trabalho que não pode ser feito do jeito que é nem com instrumentos modernos. É óbvio que estamos em contato com inteligência superior”, enfatizou Anna.
Os círculos permaneceram um mistério até 1991, quando os aposentados ingleses Doug Bower e Dave Chorley assumiram a autoria de mais de 250 círculos desde 1978. A questão parecia resolvida, mas houve quem não se desse por satisfeito e continuasse a investigação e divulgação sobre o mistério.
Estes investigadores declaram ser impossível que dois senhores pudessem ter feito círculos de tamanha engenhosidade e enganado o mundo por mais de uma década. E para provar a tese, durante a entrevista foi exibido uma gravação de um grupo que fez um crop circle, que levou 11 dias na elaboração do projeto e mais dois dias inteiros na execução, com auxílio de avião e helicóptero, e deixando marcas na plantação que não são encontradas nos círculos verdadeiros -- que costumam aparecer, literalmente, da noite para o dia. “A diferença é como de um desenho de criança para um quadro de Renoir. Nos verdadeiros não há falhas, os tamanhos das plantas são os mesmos, não há riscos no chão, brotos ou sobras, a inclinação é perfeita”, explica Anna.
As manifestações também já foram observadas no Brasil. As formações foram vistas por duas vezes em Santa Catarina, nos anos de 2009 e 2010. “O que apareceu aqui no Brasil foram desenhos pequenos e quase nada divulgados. O detalhe é que uma das manifestações aconteceu justamente antes daquelas chuvas que devastaram a região. Quem pode dizer que aquilo não foi um aviso? Eu acredito em uma inteligência superior”, explicou Anna, que assim como os demais palestrantes evita usar a palavra óvni ou fazer referências a seres extraterrestres.
Para trazer ainda mais veracidade à questão, o palestrante Gary King levou sua prova cabal. No cabalístico dia 7 de julho de 2007, ele resolveu acampar em uma plantação inglesa e passar a noite acordado com a câmera ligada. Por volta de três da manhã, ele foi trocar a fita da câmera e observou luzes pelo campo. Ao amanhecer, percebeu que o campo estava impresso com os misteriosos círculos. “Foi um grande dia na minha vida”, conta ele, emocionado. Mas ao ser questionado por um dos participantes do seminário como descobriu que justamente naquele lugar aconteceria uma manifestação, ele responde reticente. “Eu apenas senti. Foi uma experiência pessoal”, contou Gary, que há 14 anos estuda o fenômeno.
Gravações e depoimentos como o de Gary King só aumentam a mística que envolve a aparição dos crop circles. E foi essa sensação que envolveu os participantes ao final do seminário. Apresentada como a grande surpresa do evento, uma das últimas manifestações, acontecidas na Inglaterra em 30 de julho de 2010, tinha uma aura messiânica. Dois círculos pontilhados sobrepostos formariam a imagem do rosto de Jesus. “Vemos manifestações para as quais não temos respostas e ninguém gosta de noticiar aquilo que não pode responder. Contudo, vê-se claramente que essa é uma mensagem de compaixão, perdão e amor para essa nova etapa pela qual passa a humanidade”, encerra Anna. Isto é, até que alguém de carne e osso assuma sua autoria.
Fonte: Beatriz Amorim (iG)
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