Com sua fortuna, seus privilégios e sua educação numa das principais universidades britânicas, Umar Farouk Abdulmutallab tinha o mundo a seus pés. Podia escolher um futuro através do qual poderia deixar sua marca. Mas o filho de uma das pessoas mais importantes da Nigéria optou por aparecer de uma forma diferente: detonar explosivos na tentativa de destruir um avião de passageiros que aterrissava em Detroit no dia de Natal.
Abdulmutallab, de 23 anos, vivia uma vida dourada. Nos três anos que estudou em Londres, morou num apartamento que vale R$ 5,6 milhões. Ele veio de um mundo muito diferente daquele de muitos outros recrutas da al-Qaeda que optam pelo martírio.
O pai de Abdulmutallab, Umaru, é um ex-ministro da Economia na Nigéria. Ele se aposentou este mês como presidente do First Bank da Nigéria, mas continua integrando o conselho de várias das maiores empresas do país.
As pessoas que estudaram com Abdulmutallab afirmaram estar chocadas com o fato de aquele jovem tão calado e modesto - um muçulmano devoto, mas não radical - quase ter provocado um massacre.
Fabrizio Cavallo Marincola, de 22, que estudou engenharia mecânica com Abdulmu$na University College de Londres, disse que ele se graduou em maio de 2008 e não mostrava sinais de radicalismo.
- Trabalhamos em projetos juntos. Ele sempre fazia o mínimo necessário de trabalho, apenas aparecia nas aulas. Quando estávamos estudando, ele saía para rezar.
Depois da graduação, Abdulmutallab tentou voltar para o Reino Unido, mas teve o visto recusado - o suposto curso de seis meses que ele faria foi considerado falso.
Relatos da Nigéria, porém, afirmam que a família de Abdulmutallab tinha uma visão diferente do que acontecia. Depois de formado, ele cortou o contato com a família, e parece ter visitado o Egito e os Emirados Árabes Unidos. O pai acredita que ele esteve no Iêmen.
A radicalização do terrorista pode ter começado quando ele ainda estava na Escola Americana na Nigéria. Suas visões religiosas teriam se tornado extremadas, e ex-colegas dizem que ele chegou a ensinar islamismo para alguns.
Especialistas afirmam que, apesar de sua formação como engenheiro, o artefato levado por ele pode não ter funcionado direito por erro humano. Depois de dominado pelos passageiros, Abdulmutallab ficou sentado aparentando calma, apesar de ter queimaduras de terceiro grau na perna. Isso indicaria que teria tomado um calmante, talvez para não aparentar nervosismo. Isso pode ter causado o erro humano.
Fonte: Andrew Johnson e Emily Dugan (The Independent) via O Globo - Foto: Jason Alden/The Independent
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