sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Leitor de "O Globo" contesta decisão da Infraero de fechar via pública na cabeceira do Santos Dumont

Sem passagem

Apaixonado por aviões desde criança, o estudante de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Gabriel Leporace, de 21 anos, gosta de assistir e fotografar pousos e decolagens na Avenida Almirante Silvio de Noronha, que dá acesso à Escola Naval, próximo à cabeceira da pista do Aeroporto Santos Dumont. No último fim de semana, quando foi fazer o tradicional passeio, Gabriel, que pilota monomotores de pequeno porte, teve uma surpresa desagradável: a via estava fechada por uma guarita de segurança e os pedestres foram proibidos de passar. Indignado, ele escreveu para o Eu-Repórter , a seção de jornalismo participativo do "Globo":

"Qual o direito que a Infraero tem sobre isso? A rua é pública, as máquinas fotográficas são privadas e todos têm o direito de ir e vir garantido pela Constituição. Nos finais de semana, era bastante comum vermos diversas famílias observando a bela paisagem do local e também o movimento de aviões, já que essa é uma das únicas localidades do mundo onde se pode ficar tão próximo de uma aeronave".

A entrada da avenida já possuía uma guarita, que abrigava um segurança. Nos momentos de pouso e decolagem, um sinal sonoro soava, o segurança fechava a cancela e as pessoas tinham que esperar o fim da movimentação para continuar transitando. Por avaliar que os pedestres não respeitavam as normas de segurança e que qualquer acidente seria considerado de sua responsabilidade, a Infraero instalou, no dia 30 de julho deste ano, a segunda guarita e proibiu completamente a passagem de pedestres. Apenas veículos destinados à Escola Naval podem trafegar pela via.

De acordo com a subprefeitura do Centro, a Infraero precisa de uma autorização para bloquear a entrada da avenida, mas o subprefeito Marcus Vinícius Lima da Silva está em contato com a companhia para regularizar a situação. Ele, inclusive, apoia a atitude da Infraero, por considerar os tradicionais passeios pela na Avenida Almirante Silvio de Noronha muito perigosos.

- Era uma área de lazer. Quando o avião pousava ou decolava, soava uma sirene, descia uma cancela, ninguém passava. Mas ainda assim era perigoso. Tinha gente que ficava de frente para a pista esperando o avião.

A Infraero informou que está em contato com a prefeitura para negociar a colocação de um guarda municipal no local para controlar a passagem na via pública. Em 2002, um táxi que passava pela Almirante Silvio de Noronha foi arremessado a 25 metros de distância pela força do deslocamento de ar provocado pelo giro da turbina de um avião Boeing 737-300 da Vasp.

Fonte: Juliana Câmara e Leonardo Cazes (O Globo)

Nota do Autor:

Parabéns ao Gabriel Leporace por sua atitude.

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