O francês Rafale: apesar da pouca atratividade, é o preferido do presidente
Conforme "Primeiro Lugar" havia antecipado no dia 23 de novembro, os custos de operação do sueco Gripen NF, da Saab, ficam em torno de 7 000 dólares por hora voada. O Boeing F-18 Hornet, segundo colocado no relatório que teve trechos divulgados pela Folha de S. Paulo, tem custo por hora voada em torno de 10 000 dólares. De acordo com uma fonte próxima às negociações, a Dassault havia se comprometido a apresentar custos por hora voada de 14 000 dólares para o Rafale. Já seria o dobro do Gripen. Contudo, ainda de acordo com essa fonte, o valor apresentado ultrapassa os 20 000 dólares.
Daí a preocupação da FAB com os custos do caça francês. Não é só o valor de venda — o Rafale custa cerca de 140 milhões de dólares a unidade e os suecos prometeram vender cada caça por metade desse valor. A Aeronáutica teme ter um caça de última geração, mas não poder usá-lo por falta de dinheiro para o querosene.
A situação, por mais absurda que possa parecer, aconteceu há pouco tempo. No final do governo Fernando Henrique, quando já se discutia a compra de novos aviões de guerra, a FAB não conseguia tirar seus velhos Mirage e F-5 dos hangares por falta de dinheiro para manutenção e para o combustível.
O segundo colocado da lista, também como a coluna havia antecipado, é o americano F-18. O caça da Boeing é o mais testado em ação e o preferido dos pilotos. É mais barato que o Rafale, mas oferece menos transferência tecnológica. Mesmo assim, a Embraer diz, internamente, que o pior parceiro seria a Dassault.
Ou seja: caso a escolha seja mesmo pelo francês, fica claro que todos os demais atores envolvidos no processo gastaram tempo e (muito) dinheiro apenas para fazer parte de um circo de cartas marcadas. Se a escolha seria meramente política, já que de acordo com a Aeronáutica, o Rafale não é o melhor nem técnica, nem financeiramente, a FAB não precisaria gastar tanta tinta e papel para preparar um relatório de 30 000 páginas, Saab e Boeing não precisariam enviar equipes, promover testes, contratar assessores e consultores.
A dificuldade em escolher um modelo para montar uma nova frota de caças supersônicos não é nova. O governo passado, ao ver o tamanho do problema e a proximidade do fim do mandato, deixou a escolha para o presidente atual. Depois de quase oito anos, Lula se vê na mesma situação. Talvez a melhor atitude seja copiar a de seu antecessor e entregar a decisão pra o próximo presidente.
Fonte: Marcelo Onaga (Primeiro Lugar - Portal Exame)
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