quarta-feira, 27 de maio de 2009

Avião da TAM despencou 1 km durante turbulência em voo

O voo 8095 da TAM despencou quase um quilômetro enquanto atravessava uma zona de turbulência, meia hora antes de chegar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Vinte e duas pessoas ficaram feridas. A vigésima segunda é uma adolescente que desembarcou, viajou para Ribeirão Preto, no norte paulista, e, em casa, passou ma l. Ela teria sofrido fratura. Dois passageiros seguem internados, ambos com fraturas. (Veja fotos)

Passageiros voaram de seus assentos, foram atingidos pelas bagagens, bateram a cabeça no teto da aeronave e viram uma tripulação em pânico.

Especialistas apontam um fenômeno chamado de "turbulência em céu limpo" como a causa mais provável.

- O avião vem sendo sustentado por uma massa de ar constante. No caminho, ele encontra uma corrente de ar quente vindo de baixo para cima e perde o equilíbrio - explica Daniel Horsky, instrutor da escola de aviação CEAB.

Segundo ele, os pilotos são treinados para lidar com esse tipo de problema, que ocorre em cerca de 60 voos por ano no mundo.

A empresária Marilda Torres (foto) ficou ferida, com o olho completamente roxo, como se tivesse levado um soco. Ela contou que tinha levantado para levar uma bandeja até a aeromoça e quando voltou, sentiu a turbulência.

- Era como um elevador caindo bruscamente. Caí e vi minhas pernas voando. Lembro de ver uma mala passando por mim. E acho que uma das rodinhas bateu na minha cabeça. Tentei voltar até o assento, mas não consegui. Fui me arrastando pelo chão.

Marilda diz que rezou para tudo que é "anjo, santo, guias espirituais porque achou que o avião ia cair.

- Tinha certeza que o avião ia cair, explodir, matar todo mundo. Rezei para tudo que é anjo, santo, guias espirituais. Era todo mundo rezando no avião. Acho que passou minha vez (de morrer). Agora tenho mais uns cem anos pela frente - conta.

Segundo ela, quando o avião pousou todos queriam sair logo, mas tiveram de esperar pelos médicos.

- O atendimento foi péssimo. As aeromoças também estavam em pânico. A ambulância não chegava. Tivemos que ir de pé na parte de trás de uma van da Infraero. Tinha umas seis pessoas e até lixo no meio - contou.

Os passageiros do Airbus A330-200 afirmam que não foram avisados sobre a turbulência a tempo de colocar os cintos e muitos estavam em pé quando a aeronave começou a dar trancos. Depois do pouso, o comandante disse a eles que as correntes de ar não apareceram no radar e que houve uma perda de altitude de 600 a 900 metros.

- Foi uma cena dantesca - definiu o advogado Manoel Viana, de 29 anos. Manoel estava com o cinto atado e, por isso, feriu apenas a canela.

- Tinha gente no chão, sangrando. As pessoas gritavam: 'Vou morrer!'.

A empresária Marisa Bourg Garcia, 59 anos, afirmou que o marido - um dos dois feridos graves durante a turbulência - teve de esperar por uma hora e meia no chão do avião até ser removido . Socorrido ao Hospital Albert Eintein, Francisco Celestino Garcia, de 59 anos, teve de ser submetido a cirurgia no fêmur e teve ainda o ombro trincado. A outra vítima internada é a aposentada Ana Maria Bernardes de Lima, de 73 anos, que fraturou o fêmur e duas vértebras e está no hospital Oswaldo Cruz , onde deve ser submetida a cirurgia na quinta. Ela é diabética e tem problemas cardíacos.

Segundo Marisa, inicialmente, teria faltado maca para que ele fosse imobilizado. Depois, segundo explicou a filha do casal, poltronas do avião tiveram de ser removidas para que a maca pudesse ser movimentada sem agravar os ferimentos.

- Parecia um bando de bobos lá dentro. Não havia uma maca que fosse do tamanho do meu marido - afirmou Marisa.

A Infraero negou que a espera tenha sido grande e afirmou que o empresário se recusou a ser levado para um hospital público, como manda o protocolo de atendimento do posto médico do Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde o avião pousou. A versão da Infraero é que Garcia foi o primeiro a ser socorrido, logo após a abertura da porta da aeronave porque estava caído no chão.

- A frase que disseram para ele foi: "vamos tirar primeiro os mais graves". Até então, eles não tinham ideia da gravidade dos ferimentos dele. Mas ele esperou numa boa. O problema é que ele estava entre os bancos, quando foram retirá-lo perceberam que teriam de remover os assentos. Isso demorou bastante. O outro problema é que meu pai é muito alto e não tinha maca para o tamanho - disse Alline Garcia Cury, filha do casal.

Fontes: Gio Mendes e Tiago Dantas (Diário de S.Paulo) via O Globo - Foto: Ricardo Bakker (Diário de S.Paulo)

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