As aeronaves sobrevoaram as praias numa distância que variou de 150 a 1,2 mil metros do nível do mar. Na areia, a impressão em alguns momentos era de que os aviões estavam bem próximos ao chão ou iam bater entre si.
Pelo rádio, no entanto, os pilotos se comunicavam para fazer as acrobacias, previamente ensaiadas. “Temos comunicação durante o voo, senão seria um strike”, brinca o piloto Carlos Edo, comandante do espetáculo. “Fazemos isso há muitos anos. A gente não inventa nada no voo. Tudo que a gente faz já foi hiper conversado e treinado.”
A empresária Karla Ribeiro da Silva, de Curitiba, não tinha visto nada parecido. “Estava tomando sol e os aviões vieram voando bem baixo.” Para administradora Mina Maria Mainardi, o espetáculo lhe lembrou a infância. “Sou filha de militar e morei muitos anos na base aérea. Eu via a Esquadrilha da Fumaça”, afirma.
A história no ar
O espetáculo foi feito com aeronaves North American T-6, que foram utilizadas nos treinamentos dos pilotos de caça durante a Segunda Guerra Mundial e fizeram parte da Esquadrilha da Fumaça de 1952 até 1976. “Depois da guerra, a força aérea americana desativou eles, que foram doados para forças aéreas aliadas. Não sabemos se os nossos participaram das batalhas”, afirma Edo.
Uma das aeronaves é o Albatroz, que tem a característica de pousar no mar. Com o mar agitado de Caiobá, os organizadores descartaram logo a possibilidade de fazer o show na água.
O Albatroz é o único na América Latina, afirma Carlos Edo. O avião foi fabricado em 1949 em pouca escala, comparado a outros aviões da Segunda Guerra. Outro motivo para a escassez nos dias atuais é o trabalho na manutenção e seu alto custo. No Brasil, a aeronave atuou no esquadrão de busca e salvamento.
Caindo do céu
O espetáculo foi encerrado em grande estilo: com shows de paraquedismo, em Caiobá. Seis paraquedistas, cinco deles de Curitiba, saltaram do Albatroz. No pouso foram recepcionados com palmas dos veranistas e pedidos para tirar foto. Foi um momento de entusiasmo para quem não faz do paraquedismo sua principal profissão. Silvestre Labick Júnior, por exemplo, é professor universitário em Curitiba. O colega dele Rogério Caggiano é consultor em segurança na capital.
Entre os paraquedistas estava a esposa do comandante Edo, Mônica Camargo de Pinho Edo. Ela salta há 32 anos e diz que gostou do visual de Caiobá. O tempo bom também foi comemorado, assim como a participação dos veranistas. “Acho que todo mundo tem essa vontade de explorar o céu.”
As aeronaves que invadiram o Litoral fazem parte da Esquadrilha Oi, que promove uma ação promocional da empresa de telefonia. O grupo já se apresentou em praia do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e no Paraná. O próximo destino é o Litoral de São Paulo.
Fonte: Bruna Maestri Walter (Gazeta do Povo) - Fotos: Daniel Castellano/Gazeta do Povo