sábado, 16 de abril de 2022

Preço das passagens aéreas afasta passageiros e muda comportamento

Segundo a ABEAR, Associação Brasileira das Empresas Aéreas, as passagens no Brasil estão caras principalmente porque o preço do querosene de aviação subiu 76,2% no ano passado pela Petrobrás. Além do reajuste de 18% este mês. O combustível é responsável por 35% dos custos do setor.

Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (Foto: Bianca Vendramini/CBN)
Viajar de avião está cada vez mais caro. A alta dos preços das passagens fez muita gente cancelar os deslocamentos ou trocar o meio de transporte. O que está por trás disso é a escalada no valor do querosene de aviação. As empresas aéreas pressionam por medidas para segurar os reajustes do combustível. Já a Petrobras informa que não pode mudar a política de preços.

Acostumada com a ponte aérea entre o Sudeste, o Nordeste e o Norte do Brasil há cerca de cinco anos, a fotógrafa e empresária Bruna Brandão, de Belo Horizonte, tem ficado impressionada com os preços das passagens de avião.

"Eu já fui muito para o Nordeste, mesmo fora de época eu ia muito para Pernambuco. Em temporada, que é mais caro, chegava a R$ 1,2 mil antes da pandemia. Hoje em dia você vai olhar passagem está tudo em R$ 2 mil, R$ 3 mil. Eu também estava no Pará agora para um trabalho. Dessa vez, o próprio trabalho pagou as passagens, mas eu via o valor que estava. Eu fui fotografar em Manaus, só ida estava mais de R$ 3 mil. É assustador".

Por causa dos valores altos, a Bruna acabou cancelando uma viagem de negócios da capital mineira para Paraíba. Ela é também produtora de cachaça e iria participar de um evento do setor na cidade de Areia.

"Os preços estão um pouco impraticáveis. Mais de R$ 3 mil. Acho que vai me prejudicar porque é um evento onde acontecem muitos contatos. Ali eu ia fazer alguns cursos. Tem um curso de sommelier que eu ia fazer que estava com vagas abertas e aqui o curso seria pago".

E mesmo quando dá para encontrar passagens aéreas mais baratas, às vezes o preço alto fica por conta das bagagens.

A podcaster, Ângela Goldstáin, moradora de São Paulo, tinha planos de fazer uma viagem de carro com o namorado por Minas Gerais. O custo pesado da gasolina inviabilizou o passeio. Daí a alternativa - uma viagem internacional - ficou até mais barata. Mas, para conseguir um preço bom, ela disse que o jeito vai ser espremer tudo na mala de mão.

"Me veio a ideia de Buenos Aires que está com um câmbio favorável para a gente. E aí eu achei a passagem de avião por R$ 1,3 mil - ida e volta. Só que esse preço era sem a bagagem. Para despachar uma mala vai custar mais de R$ 600. Eu vou levar umas roupas mais leves na mala, vai com um sapato mais pesado o pé, leva uma sandalinha na mala, e vai ser isso. Porque eu fiquei chocada com o preço para fazer o despacho da mala”.

Os relatos da Bruna e da Ângela são bastante representativos do que está acontecendo com os viajantes Brasil afora. O presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo, Roberto Nedélciu, explicou que muita gente acaba optando por outros meios de transporte para não ficar sem viajar.

"Muitos viajantes hoje estão procurando as agências e operadoras para comprar só a parte terrestre. A parte aérea está usando ou algum crédito, ou comprando por milhas, ou de outras formas quaisquer, para tentar baratear o custo da viagem".

O presidente da ABEAR, Eduardo Sanowicz, tenta negociar com o governo federal a criação de uma mesa de negociação para frear os preços das passagens.

"Nós entendemos que vários players têm suas verdades nesse assunto do combustível. Nós temos as nossas verdades, a Petrobrás, o governo, a ANAC, o Ministério das Minas e Energia, da Insfraestrutura, da Economia. Então, o que nós pedimos é para criar uma mesa permanente de debate para que cada um coloque seus temas e suas posições em relação ao tema do combustível. Afim de que a gente possa abrir todas as partes que compõem esse custo e entender aonde a gente pode diminuí-lo revê-lo e minimizá-lo".

Na última segunda-feira, representantes da aviação se reuniram com ministros para tratar do assunto. Ainda não há uma data para que as reuniões ocorram.

Além disso, a ABEAR reivindica que a Petrobras modifique o cálculo de composição dos preços do querosene de aviação. O combustível, derivado do petróleo, acompanha a política de preços internacional. Por isso, a guerra na Ucrânia agravou a situação.

A Petrobras respondeu que precisa manter esse formato para evitar um eventual desabastecimento desse tipo de combustível. A empresa afirmou ainda que os ajustes de preços seguem uma fórmula negociada com as distribuidoras de querosene para o setor.

Via Laura Marques (CBN)

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