sábado, 16 de abril de 2022

Documento secreto lança luz sobre morte de secretário-geral da ONU em 1961 em acidente aéreo

O ex-secretário-geral da ONU Dag Hammarskjold em 7.ago.1953 (Foto: Sam Falk/The New York Times)
Um documento classificado como "altamente secreto", que foi obtido por um jornalista francês e ao qual a AFP teve acesso, revela que um movimento clandestino contrário à independência da Argélia havia condenado à morte o então secretário-geral da ONU, o sueco Dag Hammarskjöld, falecido em 1961 em condições não esclarecidas, após a queda do avião em que viajava pela África. 
Seis décadas depois de sua morte, o mistério permanece. A ONU tem a previsão de publicar até o fim de setembro um aguardado relatório, que é o resultado de uma nova investigação iniciada em 2015-2016, após a descoberta de novos documentos.

No entanto, o escritor e jornalista francês Maurin Picard, autor do livro "Ils ont tué Monsieur H" ("Mataram o senhor H", em tradução livre), descobriu recentemente uma cópia de uma carta da Organização Armada Secreta (OAS), um movimento paramilitar de extrema-direita, nos expedientes do ex-secretário francês de Assuntos Africanos e Malgaxes (relativos a Madagascar) no Arquivo Nacional da França. 

A reprodução da carta, à qual a AFP teve acesso, mostra que ela estava destinada ao finado secretário-geral da ONU, tem impressa uma letra "H" azul dentro de um círculo e o carimbo "altamente secreto" estampado em vermelho. Nela, a política de descolonização geral do diplomata sueco é denunciada abertamente. 

Datado em Paris no final de julho de 1961, o documento garante que o "comitê diretor da OAS" havia "condenado à morte" Hammarskjöld por sua política de descolonização, depois de constatar que era "urgente acabar com sua intromissão nefasta" nos assuntos mundiais. "Esta sentença, de acordo com a justiça e a equidade, será executada o mais rápido possível", diz a carta sem rodeios.

Em 18 de setembro de 1961, o avião no qual viajava Dag Hammarskjöld caiu no que era na época a Rodésia do Norte (atual Zâmbia), quando estava prestes a negociar um cessar-fogo em Katanga, uma república não reconhecida a nível internacional e rica em minerais. O diplomata sueco acabou falecendo, aos 56 anos, junto com as outras 15 pessoas que o acompanhavam na viagem.

(Foto AP via BBC)
A província de Katanga, no território da atual República Democrática do Congo, havia se proclamado como um Estado independente em julho de 1960, após o fim do antigo Congo belga. 

Até agora, as investigações sobre a morte de Hammarskjöld se debruçavam sobre a hipótese de um ataque aéreo. Em 2019, os investigadores lamentaram a falta de colaboração de Estados Unidos, Reino Unido e África do Sul para esclarecer o caso.

Via AFP/UOL

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