terça-feira, 20 de julho de 2021

Por que nem todos os aviões têm coletes salva-vidas a bordo?

Demonstração de segurança é feita por comissários antes de um voo, com explicação
sobre uso do colete salva-vidas (Foto: Divulgação/Edward J. Welker)
Em voos comerciais, durante as instruções de segurança feitas pelas comissários, é comum ouvir a frase "em caso de pouso na água, utilize o colete salva-vidas que fica localizado embaixo do seu assento". Em outras situações, esse discurso muda, falando para se utilizar o assento da poltrona, que é flutuante.

Afinal, há alguma diferença entre os dois? Por que alguns aviões não têm coletes salva-vidas, podendo ser operados apenas com o assento flutuante?

Qual dos dois?


A escolha entre um ou outro não tem nada a ver com economia, mas, sim, com o local onde o avião irá voar. Segundo normas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os aviões que irão ser operados sobre grandes extensões de água devem estar equipados com coletes salva-vidas para cada ocupante do avião.

Por grande extensão de água, entende-se o sobrevoo de um ponto a mais de 370 km da terra firme mais próxima, segundo a agência. Nesse caso, o modelo do colete deve ainda conter lâmpada localizadora, que facilita encontrar as pessoas quando estão na água.

Em outras operações sobre a água, podem ser disponibilizados diferentes dispositivos de flutuação para cada um de seus ocupantes, como os assentos flutuantes.

Por isso, se você for voar dentro do Brasil, seu avião, praticamente, não será obrigado a conter um colete salva-vidas.

Ainda é possível que o avião não precise de nenhum elemento flutuante, desde que seja comprovado que a extensão de água sobre a qual o avião vai operar não é de tamanho e profundidade que requeiram tais equipamentos para sobrevivência dos ocupantes no caso de um pouso na água, segundo a Anac.

Colete vs. assento flutuante


Assentos de alguns aviões podem ser usado como flutuadores caso o pouso seja feito na água (Foto: Dana Lane)
O colete salva-vidas apresenta algumas vantagens em relação ao assento flutuante. Ele consegue manter a pessoa boiando por mais tempo, além de deixar a cabeça do passageiro acima do nível da água sem que ele precise se esforçar.

O assento flutuante, por sua vez, depende da agilidade do passageiro em seu manuseio, que deverá mantê-lo abraçado e tomar cuidado para não afundar no mar, rio ou outra extensão de água.

Em ambos os casos, o pouso na água ainda representa outro risco: o tempo para o resgate. Quanto mais tempo a pessoa fica na água, mais risco tem de desenvolver uma hipotermia, que é uma redução da temperatura do corpo para abaixo dos 36,5º C.

Nessa situação, há confusão mental e desorientação da pessoa, sendo fundamental que o resgate ocorra o mais rápido possível.

Outros equipamentos


A Anac também determina que os aviões que irão sobrevoar longas extensões de água devem conter outros equipamentos além do colete. É preciso que cada avião tenha em locais de fácil acesso:
  • Botes salva-vidas que comportem todos os ocupantes do avião
  • Pelo menos um sinalizador pirotécnico (que emite luz e calor) para cada bote
  • Um transmissor localizador de emergência

Conjunto de sobrevivência


Por isso, é sempre importante prestar atenção nas orientações de segurança que os comissários realizam no começo de cada voo. Ninguém quer ser pego de surpresa em caso de emergência e ficar procurando um colete sendo que o avião pode ter, apenas, o assento flutuante ou outro equipamento similar.

Por Alexandre Saconi (UOL)

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