Mailson fazia cursos de pilotagem há um ano e deixa filho.
Segundo testemunha, piloto buscava um lugar para amortecer a queda.
Irmão de Mailson Rocha Lopes, de 24 anos, o capitão da Polícia Militar Mauro Rocha Lopes esteve no Instituto Médico Legal (IML) no início da tarde desta quarta-feira (11) para acompanhar a perícia no corpo do irmão, que morreu em um acidente de helicóptero nesta manhã.
A aeronave
Robinson R22 Beta, prefixo
PT-HOL, operada pela
GO Air (Master Escola de Aviação Civil), utilizada em voos de instrução, caiu sobre um galpão na Água Branca, na Zona Oeste da capital paulista às 10h20. O helicóptero havia partido do Campo de Marte, na Zona Norte. De acordo com o registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Mailson era piloto comercial. E o outro integrante da aeronave, Denis Franklin Tomasi, de 32 anos, era piloto privado.
Mailson, que deixa um filho de 5 anos, havia iniciado cursos de pilotagem há cerca de um ano e há dois meses era instrutor da Go Air. De acordo com o irmão, ele dava aulas no momento do acidente.
“É muito triste. Ele era tão jovem, estava começando tudo agora. Tinha um filho de 5 anos que acabou de fazer aniversário. Mas acredito que tenha sido uma fatalidade. Ele comentava que as aeronaves passavam por manutenção dentro dos prazos determinados. Só que o helicóptero é uma máquina, pode falhar”, afirmou Mauro.
Ainda muito abalado com a perda do irmão, o capitão da PM aguarda definições da família para determinar o local e o horário do velório do irmão.
Os corpos de Mailson e de Denis deram entrada no IML no início da tarde e aguardam perícia para a liberação.
Traumatismo
Segundo o comandante do 4º Grupamento do Corpo de Bombeiros, José Luiz Borges, os ocupantes da aeronave sofreram politraumatismo. Com a queda, um buraco foi aberto no telhado. A cauda da aeronave se partiu e ficou do lado de fora do galpão. A aeronave pertence à Master Escola de Aviação Civil, que também é conhecida como Go Air.
Ao G1, a empresa confirmou apenas que se tratava de um voo de instrução.
Ainda não há informações sobre as causas do acidente nem se o piloto alertou à torre de comando sobre algum problema antes da colisão.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Paca de Lima, e vizinhos afirmam que no galpão onde aconteceu a queda funciona uma empresa de bobinas de metal.
No momento do acidente, ninguém estava no local e não houve feridos. Lima diz que a estrutura do galpão não foi comprometida e deve ser liberado logo após a remoção dos corpos e o trabalho da perícia.
Barulho
Testemunhas que viram a queda do helicóptero disseram que a aeronave fazia barulho forte e que o piloto “parecia buscar algum lugar para amortecer a queda”.
O vendedor Sérgio Antônio de Souza, de 47 anos, que trabalhava em uma loja de motos aquáticas ao lado do local do acidente, viu o momento em que a aeronave começou a cair. “A hélice de cima estava perdendo velocidade e ele estava caindo com muita velocidade. Parecia que ele estava procurando algum lugar para amortecer a queda”, disse. O impacto, no entanto, foi muito forte.
Já o motorista João Gaspar aguardava no galpão para carregar seu caminhão. No momento em que deixava o veículo para ir até a portaria, ele escutou o barulho da aeronave perdendo força. “Eu olhei para cima e ele já estava caindo. Nós viemos para portaria e ele acabou de cair”, declarou. Segundo ele, o motor do helicóptero já tinha parado uma vez antes da queda, mas o piloto conseguiu retomar o controle. A aeronave só caiu quando o motor falhou pela segunda vez. Logo depois da queda, ele entrou no galpão e conseguiu ver um dos ocupantes ainda respirando.
Edijani Santos, de 47 anos, é vizinha do galpão há 8 anos. “Um susto enorme quando ouvi. Estava assistindo à TV quando ouvi um estrondo. Logo pensei que era um carro em alta velocidade, mas não ouvi nenhum grito pedindo socorro. Minha casa chegou a tremer. Estou aliviada porque minha casa é muito próxima. Ainda estou tremendo. Imagina se estivesse acontecido aqui? Não estaria aqui falando com você (repórter)”, declarou a dona de casa logo após o fato.
Outro acidente
Em 27 de abril de 2006, uma aeronave da Eletropaulo fazia inspeção de fios elétricos e caiu na rua do Curtume deixando três pessoas mortas.
Fontes: Nathália Duarte e Juliana Cardilli (G1) / iG / Terra