sábado, 13 de abril de 2024

Boeing aposta em avião de asa ultrafina para reduzir poluição

Executivo diz que companhia será transparente com órgão americano sobre avião que perdeu porta em voo.

X-66, da Boeing (Imagem: Divulgação)
Na corrida das companhias aéreas e fabricantes para reduzir as emissões de carbono, a Boeing aposta em um avião de asa ultrafina que pode tornar a viagem mais rápida e cortar o consumo de combustível em até 30%. A companhia levou o esboço do projeto para um evento do setor em Santiago, no Chile.

A iniciativa, feita em parceria com a Nasa e anunciada no ano passado, ainda é um protótipo. Neste ano, a Boeing avançou no projeto e anunciou atualizações para o design e para o plano de construção da aeronave. O avião, chamado de X-66, será feito a partir de modificações em um jato MD-90.

A expectativa é que os testes em solo e em voo comecem em 2028. Segundo Otávio Cavalett, que está à frente da área de políticas públicas e parcerias em sustentabilidade da empresa para América Latina, se o protótipo funcionar, a tecnologia deve ser incorporada pela aviação comercial. Ele diz que a asa mais fina não é usada hoje nesse segmento.

Além de mais finas do que nos modelos tradicionalmente usados na indústria, as asas também serão mais longas, garantindo estabilidade aerodinâmica. Com sistema de propulsão e materiais otimizados para o projeto, o consumo de combustível seria 30% menor do que o normal. Por serem muito longas, as asas terão um suporte.

"O que queremos fazer é aprender por meio de um investimento forte nesse tipo de tecnologia, que pode ser incorporada em um próximo programa [para aeronaves comerciais]", diz Landon Loomis, presidente da Boeing para América Latina.

A aeronave, de corredor único, faz parte dos esforços para que o setor nos Estados Unidos alcance a descarbonização até 2050.

Hoje, a principal aposta do setor para cortar as emissões de carbono é o SAF (combustível sustentável de aviação). O volume usado em voos, no entanto, ainda é muito baixo. No ano passado, a quantidade produzida no mundo foi de aproximadamente 600 milhões de litros, segundo a Iata (associação internacional do setor). O número correspondeu a somente 0,2% do uso global de combustível pela indústria.

O SAF, sozinho, não conseguiria zerar as emissões de carbono da aviação, segundo representantes do setor. O combustível reduz em até 80% a poluição das aeronaves. Nesta quarta-feira (10), no evento da Iata no Chile, Sergey Paltsev, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), apresentou estudo que aponta necessidade de melhorar a eficiência operacional e pensar outras alternativas para descarbonização.

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