Essa acusação consta de um relatório desse Comitê divulgado nesta segunda-feira em Kigali, capital de Ruanda.
"Os peritos da balística mostraram efetivamente que o míssil que atingiu a asa direita do avião presidencial foi lançado do campo militar de Kanombe situado na proximidade do aeroporto de Kigali", frisou o responsável ruandês, defendendo que, os então membros influentes do Hutu Power em Ruanda, são responsáveis pela morte de Habyarimana.
Falando segunda-feira em Kigali durante a apresentação oficial do relatório, o ministro ruandês da Justiça, Tharcisse Karugarama, declarou do seu lado que os resultados desse inquérito demonstram que o assassinato de Habyarimana foi um ato "premeditado e executado" pelos próximos colaboradores do ex-presidente ruandês.
"Este relatório é uma compilação de testemunhos que esclarecem esse atentado (contra o avião presidencial) (...) É para mostrar que esse atentado não tem nada a ver com o desencadeamento do genocídio", declarou Karugarama, afirmando que esse relatório é uma coleção dos testemunhos recolhidos junto às diversas "testemunhas oculares" que viram o atentado.
Questionado pela imprensa sobre o lugar onde estaria a caixa-preta do avião de Habyrimana, o presidente da comissão ruandesa, Jean Mutsinzi, afirmou que os autores do atentado são "os primeiros a saber" onde está escondida esta peça do avião presidencial ruandês.
"Há evidência que o míssil que abateu o avião presidencial na proximidade do aeroporto de Kigali foi lançado a partir do vizinho campo militar de Kanombe", declarou Mutsinzi defendendo que naquela época o Exército francês garantia treinos para combatentes das ex-Forças Armadas Ruandesas (ex-FAR).
Segundo ele, os testemunhos recolhidos (no inquérito) provam que as ex-Forças Armadas Ruandesas e as tropas francesas cercaram imediatamente o local da queda para "impedir" outras pessoas de ter acesso ao lugar.
"Todos os testemunhos (contidos neste relatório) estão baseados nas pesquisas científicas realizadas junto de pessoas e de outros peritos que viveram durante esse período", declarou Mutsinzi, defendendo que apenas o Exército francês e a guarda presidencial de Habyrimana podem "revelar" o lugar onde está a caixa-preta do avião Falcon 50.
"Por sua vez, a ministra ruandesa dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Regional, Louise Mushikiwabo, desafiou qualquer pessoa a contrariar os testemunhos contidos no relatório.
Entre as testemunhas interrogadas durante o inquérito, figuram nomeadamente ex-membros da guarda presidencial de Habyrimana, oficiais das ex-FAR, agentes do aeroporto internacional de Kigali bem como peritos estrangeiros que viviam em Ruanda na época do atentado, segundo a mesma fonte.
Esta publicação ruandesa foi divulgada enquanto, em novembro de 2006, o juiz antiterrorista francês Jean-Louis Bruguière emitiu mandados de captura internacionais contra nove personalidades ruandesas no quadro de outro inquérito sobre o atentado contra o avião presidencial ruandês.
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O atentado
O avião presidencial Dassault Falcon 50, prefixo 9XR-NN (presente do Premiê francês Jacques Chirac) havia decolado do Aeroporto Internacional Dar Es Salaam (DAR/HTDA), na Tanzânia, retornando ao Aeroporto de Kigali (KGL/HRYR), em Ruanda, com 12 pessoas a bordo, sendo três tripulantes e nove passageiros, entre eles o presidente de Ruanda Juvénal Habyarimana e o presidente do Burundi Cyprien Ntaryamira. O Falcon 50 foi atingido por um míssil quando estava na aproximação final para o Aeroporto de Kigali. Ambos os presidentes estavam retornando de uma reunião na Tanzânia, onde foram estudar formas de implementar um acordo de criação de um governo de transição em Ruanda, destinado a entrar em vigor até que eleições multipartidárias fossem realizadas. Todos os 12 ocupantes do avião morreram.
Fonte: baseado em notícia da Panapres, com adaptação de linguagem e inclusão de dados históricos e do avião.