terça-feira, 25 de julho de 2023

Gelo em asa de avião cancela voos: Isso é normal? Quais os riscos?

Asa de avião com gelo: Fenômeno impede decolagem até o derretimento ou o degelo
(Imagem: Flickr/Cory W. Watts)
Em 15 de julho, uma onda de frio causou a formação de gelo nas asas de sete aviões que passaram a noite no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba (PR).

O que aconteceu?


Temperatura ficou em 1 ºC. O registro foi feito na madrugada, no Afonso Pena. A baixa temperatura favoreceu a formação do gelo nas superfícies das aeronaves.

Vôos foram suspensos. A medida foi adotada para garantir a segurança dos passageiros e tripulação.

Houve atrasos de até quatro horas. Os embarques só foram liberados às 8h45, mas havia voo programado para 5h35 que não decolou na hora.

Isso já ocorreu no Brasil?


Sim, mas não é comum. No ano passado, o mesmo problema aconteceu no mesmo lugar. As medidas tomadas foram as mesmas: esperar que o avião tivesse suas superfícies descongeladas pelo calor do dia.

Este fenômeno ocorre mais em aeroportos da América do Norte e Europa. As temperaturas destes locais são mais baixas que as do Brasil. Além disso, outros fatores precisam estar associados ao frio para ocorrer o fenômeno.

O que causa?


Uma série de fatores precisam estar presentes. São eles: temperatura externa baixa; umidade do ar alta; vento.

Quais os riscos?


No solo, não há riscos. Basta esperar o descongelamento.

Em voo, pode até causar uma queda. A formação de gelo pode afetar alguns sistemas de segurança da aeronave.

A movimentação das superfícies de controle ficam impedidas. Com isso, o avião não consegue se direcionar e corrigir a posição no ar, podendo cair.

Aerodinâmica original pode ser alterada. Se a formação de gelo ocorrer em outras áreas da asa, ela pode perder sua estabilidade. Assim, também deixa de sustentar o avião.

Formação de gelo durante o voo pode interferir nos instrumentos. Foi isso que aconteceu no voo 447 da Air France, que caiu no oceano Atlântico em junho de 2009 enquanto fazia a rota entre o Rio de Janeiro e Paris. Segundo o relatório, sondas de Pitot do avião foram obstruídas por cristais de gelo. Elas são responsáveis por, entre outros, informar a velocidade do avião.

Há mecanismos para evitar congelamento durante o voo. Nas sondas de Pitot, há uma resistência que aquece sua entrada, evitando a formação de cristais de gelo. Nas asas, pode haver um sistema de circulação de ar, que evita o congelamento.

Pilotos também podem desviar de nuvens. Outra alternativa é mudar de altitude para evitar condições onde o gelo é formado.

O que fazer?


Alguns aeroportos possuem sistemas de degelo de aeronaves. São equipamentos que banham o avião com um líquido anticongelante antes de cada decolagem.

No Brasil, entretanto, isso não seria necessário. A quantidade de vezes em que as operações são paralisadas por motivo de congelamento é muito baixa. O preço repassado aos passageiros para custear o equipamento seria muito alto em comparação com o uso.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo) - Fontes: Alexandre Faro Kaperaviczus, coordenador do curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi-Morumbi e autor da Editora Espaço Aéreo; Documentação disponibilizada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e pela FAB (Força Aérea Brasileira)

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