Apesar da violência do acidente, três pessoas sobreviveram. O advogado Flávio Goulart conversou com o DC, mas não dá longas entrevistas. Ele estava sentado ao lado dos dois sócios e um deles teria comentado que achava que o avião iria cair.
A reportagem localizou ainda a sobrevivente Marlene Moreira, de 52 anos, que mora em Florianópolis e aceitou dar entrevista. O ex-marido dela, Cleber Moreira, que também sobreviveu, vive no Rio Grande do Sul, mas não fala sobre o assunto. No acidente, eles perderam um filho de três anos.
Diário Catarinense – O que a senhora lembra ainda do acidente?
Marlene Moreira – Lembro de tudo. Isso não vai passar nunca.
DC – A senhora vinha de onde?
Marlene – Tucuruí, no Pará. A gente trabalhava na Camargo Correa e estava vindo passar dez dias em Bagé (RS) porque iríamos para a Venezuela e ficaríamos dois anos sem visitar ninguém. Então a empresa deu de prêmio a viagem.
DC – Como a senhora estava no avião instantes antes do acidente?
Marlene – Eu estava acordada. Meu marido e meu filho, dormindo. Estávamos bem no meio do avião.
DC – Houve alguma pane?
Marlene – Nada, nada, nada. Eu já tinha visto as luzes de Florianópolis. Tinha outro avião da Varig taxiando no aeroporto. Aí eles pediram que a gente desse mais uma volta. Chovia muito e o vento era muito forte. Eu desconfio que nesse meio tempo o piloto se perdeu. Houve um comentário na época que não seria o comandante quem estava pilotando o avião.
DC – A senhora desmaiou?
Marlene – Eu não perdi a consciência. Houve o primeiro impacto, em segundos explodiu. Ele bateu subindo. A percepção que o piloto teve foi visual. Na visão ele deu um grito que vai bater e tentou subir.
DC – O piloto falou isso?
Marlene – Não sei como. Tinha que arremeter, né? Lembro de barulhos. A gente não sente dor. Mas tu não sente medo, não se assusta.
DC – Onde a senhora parou?
Marlene – Não sobrou nada. Só a cauda do avião. Tive 15 fraturas.
DC – O resgate demorou muito?
Marlene – Caiu às nove horas da noite e o helicóptero só desceu uma e meia da manhã. Fui a última a ser socorrida dos sobreviventes. O Flávio (Flávio Barreto, outro sobrevivente) gritava muito. Era pânico pelo que estava vendo. Eu não tinha noção do que acontecia. Esperava achar pessoas do jeito que tinha visto no avião. Comecei a caminhar atrás do meu filho e não encontrei, apenas o pai dele (Cleber Moreira). Tava desmaiado com ferro na cabeça, a perna comida pelo fogo, todo queimado. Ele acordou e não acreditou no que houve.
DC – E a sua vida depois?
Marlene – Fiquei dois meses em coma e perdi a visão de um olho. Agora brigo para me aposentar. Procurei ter uma vida normal. Mas é uma coisa que não se esquece nunca.
DC – Acredita que sobreviveu graças a um milagre?
Marlene – Milagre não sei. Não era a hora. Como vou atribuir que Deus fez uma coisa que levou o meu filho e me deixou?
DC – A senhora anda de avião?
Marlene – Sim. Não tem mais risco depois disso né? (risos).
Fonte: Diário Catarinense - Foto: Daniel Conzi
A reportagem localizou ainda a sobrevivente Marlene Moreira, de 52 anos, que mora em Florianópolis e aceitou dar entrevista. O ex-marido dela, Cleber Moreira, que também sobreviveu, vive no Rio Grande do Sul, mas não fala sobre o assunto. No acidente, eles perderam um filho de três anos.
Diário Catarinense – O que a senhora lembra ainda do acidente?
Marlene Moreira – Lembro de tudo. Isso não vai passar nunca.
DC – A senhora vinha de onde?
Marlene – Tucuruí, no Pará. A gente trabalhava na Camargo Correa e estava vindo passar dez dias em Bagé (RS) porque iríamos para a Venezuela e ficaríamos dois anos sem visitar ninguém. Então a empresa deu de prêmio a viagem.
DC – Como a senhora estava no avião instantes antes do acidente?
Marlene – Eu estava acordada. Meu marido e meu filho, dormindo. Estávamos bem no meio do avião.
DC – Houve alguma pane?
Marlene – Nada, nada, nada. Eu já tinha visto as luzes de Florianópolis. Tinha outro avião da Varig taxiando no aeroporto. Aí eles pediram que a gente desse mais uma volta. Chovia muito e o vento era muito forte. Eu desconfio que nesse meio tempo o piloto se perdeu. Houve um comentário na época que não seria o comandante quem estava pilotando o avião.
DC – A senhora desmaiou?
Marlene – Eu não perdi a consciência. Houve o primeiro impacto, em segundos explodiu. Ele bateu subindo. A percepção que o piloto teve foi visual. Na visão ele deu um grito que vai bater e tentou subir.
DC – O piloto falou isso?
Marlene – Não sei como. Tinha que arremeter, né? Lembro de barulhos. A gente não sente dor. Mas tu não sente medo, não se assusta.
DC – Onde a senhora parou?
Marlene – Não sobrou nada. Só a cauda do avião. Tive 15 fraturas.
DC – O resgate demorou muito?
Marlene – Caiu às nove horas da noite e o helicóptero só desceu uma e meia da manhã. Fui a última a ser socorrida dos sobreviventes. O Flávio (Flávio Barreto, outro sobrevivente) gritava muito. Era pânico pelo que estava vendo. Eu não tinha noção do que acontecia. Esperava achar pessoas do jeito que tinha visto no avião. Comecei a caminhar atrás do meu filho e não encontrei, apenas o pai dele (Cleber Moreira). Tava desmaiado com ferro na cabeça, a perna comida pelo fogo, todo queimado. Ele acordou e não acreditou no que houve.
DC – E a sua vida depois?
Marlene – Fiquei dois meses em coma e perdi a visão de um olho. Agora brigo para me aposentar. Procurei ter uma vida normal. Mas é uma coisa que não se esquece nunca.
DC – Acredita que sobreviveu graças a um milagre?
Marlene – Milagre não sei. Não era a hora. Como vou atribuir que Deus fez uma coisa que levou o meu filho e me deixou?
DC – A senhora anda de avião?
Marlene – Sim. Não tem mais risco depois disso né? (risos).
Fonte: Diário Catarinense - Foto: Daniel Conzi
Um comentário:
Saudades da minha mãe.
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