Nas ruas, no entanto, a realidade é outra. Milhares de haitianos carregam malas improvisadas sobre as cabeças orientados pelos soldados brasileiros da tropa de paz da ONU.
"A segurança ainda é nossa obrigação", afirma o capitão Ítalo Monsores, do grupamento de Fuzileiros Navais. "O resto está sendo engolido pelos americanos pouco a pouco".
A população, ainda aturdida pela violência do terremoto que devastou a capital haitiana, tem plena consciência disso. À porta da embaixada americana, um prédio forte que nada sofreu com o abalo sísmico de uma semana atrás, centenas de pessoas imploram por alimentos guardados no pátio externo do edifício. Outra parte ainda tem esperança de ganhar um refúgio, concedido com parcimômia pelo governo americano.
"Só hoje consegui uma liberação deles", diz com um sorriso largo no rosto Jean-Marie Bertrand, que estava abrigada ao lado da pista de pouso do aeroporto até o começo da tarde. Ela conta que até conseguir ser acolhida pelos americanos, ainda vasculhava pela filha desaparecida nos escombros de sua casa. "É o meu país, mas não consigo mais viver aqui".
Tropas numerosas
Na segunda-feira, o presidente americano Barack Obama anunciou que 10 mil homens estariam disponíveis para desembarcar em Porto Príncipe nas próximas horas. A informação não é confirmada por nenhum membro do destacamento americano, mas parte desse número já estaria a bordo do porta-aviões USS Vison, que se encontra na costa da capital haitiana.
O contingente causa espanto aos militares brasileiros. Com o aumento no número de tropas, aprovado nesta terça-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, o número de militares da tropa de paz no Haiti deverá crescer para 12 mil homens. Hoje, ele é de pouco mais de 9 mil.
"É só andar pelas ruas da cidade para ver que os americanos estão tomando conta de alguns pontos estratégicos", diz um diplomata brasileiro que desembarcou há poucos dias em Porto Príncipe. "Esse número é inadmissível até sob o ponto de vista logístico. Isso aqui não é o Iraque".
Fonte: Gustavo Gantois (iG) - Foto: AP
Um comentário:
Espero que Mister Obama não "engula" o Haití no estrito sentido da palavra...Obama, Sarkozi et caterva são todos farinhas do mesmo saco, enquanto duvido que saibam o nome do premier da Suécia...Espero que o Sr.Lula reflita na história da insensatez humana, documentada fartamente de Tróia ao Afeganistão.
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