Se tudo correr como planejado, por volta de 2014 os cientistas terão em mãos a primeira amostra da lua Fobos, de Marte, que, conforme descoberta recente, parece ser tão porosa quanto um queijo suíço.
O projeto é fazer com que a sonda pouse em Fobos, recolha amostras e traga-as de volta à Terra. Depois de coletada, a amostra será depositada em um contêiner que deverá descer em 2014, no Cazaquistão. [Imagem: NPO Lavochkin]Amostra da lua de Marte
Muito antes de a NASA desistir do projeto Constelação, para enviar novamente astronautas à Lua, os cientistas já afirmavam que as luas de Marte são um objetivo melhor do que a nossa Lua ou o próprio planeta Marte.
A Rússia está na frente nessa corrida, já estando na fase final de preparação de uma sonda robótica a ser enviada a Fobos, conhecida oficialmente como Phobos Sample Return (PSR), retorno de amostra de Fobos, em tradução livre. O projeto também é conhecido como Fobos-Grunt.
O projeto é fazer com que a sonda pouse em Fobos, recolha amostras e traga-as de volta à Terra. Depois de coletada, a amostra será depositada em um contêiner que deverá descer em 2014, no Cazaquistão.
A baixa gravidade torna Fobos um alvo muito atraente para missões espaciais. A velocidade de escape, apenas de 11 m/s não é muito maior do que a de um atleta velocista. Com isto, as manobras de pouso e decolagem são relativamente fáceis de executar e gastam muito pouco combustível.
Perfuratriz espacial
Nesta semana foi apresentada a perfuratriz responsável por fazer um furo na superfície de Fobos, capturando em seu interior aquilo que é conhecido pelos geólogos como "testemunho de sondagem", o material que é retirado por uma sonda de perfuração.
Batizada de Chomik, a palavra polonesa para hamster, a perfuratriz geológica será fabricada pelo Centro de Pesquisas Espaciais, em Varsóvia, na Polônia.
Mas, se a baixa gravidade é uma vantagem para pilotar uma nave, é um problema muito sério para quem deseja fazer um furo na superfície da lua.
Como toda ação tem uma reação, qualquer tentativa de inserir a sonda na superfície de Fobos exercerá um efeito de repulsão que tenderá a expulsar a nave em direção ao espaço.
A solução foi projetar a Chomik de forma a depender muito pouco do apoio da sonda, sendo capaz de agarrar-se à superfície e fazer o furo de forma autônoma.
Cientistas apresentaram a perfuratriz que irá fazer um furo na superfície da lua Fobos, de Marte, trazendo as amostras de volta à Terra. A sonda deverá ser lançada no ano que vem. [Imagem: CBK PAN]Fobos, de Marte
Fobos é a maior e a mais interna das duas luas de Marte. Trata-se de um corpo celeste pequeno e irregular - 27 × 22 × 18 km de dimensão e de baixa densidade (1,9 g/cm3).
Fobos orbita Marte a uma distância de apenas 9.400 km, cerca de 40 vezes mais perto do que a Lua da Terra.
Sua baixa densidade e sua órbita incomum levaram até mesmo à formulação de uma teoria, em meados do século XX, que sustentava que a lua poderia ser de fato um objeto artificial - hipoteticamente construído por alguma civilização marciana.
Hoje já se sabe que Phobos é um objeto natural, muito provavelmente de estrutura sólida e porosa.
Alguns cientistas acreditam que a lua se originou do cinturão de asteroides que fica entre Marte e Júpiter. Outra teoria sugere que Fobos não teria sido capturada por Marte, mas nasceu em órbita após o planeta ter-se formado, o que o colocaria na categoria de objeto celeste de segunda geração.
Os resultados da análise da amostra recolhida pela perfuratriz polonesa serão cruciais para resolver o mistério das origens de Fobos.
Missão a Fobos
De acordo com o plano em vigor, a missão Phobos Sample Return será lançada em novembro de 2011, a bordo de um foguete Zenit. A sonda atingirá a órbita de Marte cerca de um ano depois (11 meses).
O pouso em Fobos somente ocorrerá no início de 2013, tempo necessário para o correto ajuste de órbitas.
A decolagem de volta ocorrerá um mês depois, quando o módulo de reentrada contendo a cápsula com a amostra de solo começará seu retorno para a Terra.
A cápsula de reentrada, pesando 11 kg, deverá aterrissar no Cazaquistão em meados de 2014.
Fonte: Site Inovação Tecnológica