Segundo os registros das autoridades internacionais, mais de 90 aeronaves já ficaram danificadas até hoje depois de terem passado por nuvens de cinzas vulcânicas. Os custos associados a este problema, entre 1982 e 2000, data do último levantamento, foram estimados em 200 milhões de euros.
Para evitar aumentos nessa estatística, milhares de aviões ficaram em terra nos últimos dias, em toda a Europa, devido à propagação das cinzas emitidas pela erupção de um vulcão no glaciar islandês Eyjafjallajoekull - mais conhecido como E15, devido ao nome virtualmente impronunciável pelos não-islandeses.
Nuvens de cinzas vulcânicas
As erupções vulcânicas arremessam para a atmosfera grandes quantidades de cinzas e gases, como o dióxido de enxofre, que atingem a altitude dos voos comerciais.
Quando um avião passa por uma nuvem de cinzas vulcânicas, as partículas entram nos motores a jato, o que pode provocar uma falha no motor.
As cinzas podem ainda danificar gravemente os materiais das aeronaves, bloquear os sensores, limitar a visão dos pilotos e estragar as janelas da cabine, as luzes de aterrissagem e partes das asas e da cauda.
Turbina de um avião 747 da British Airways, que carregava 248 passageiros e que ficou danificada ao passar por uma nuvem de cinzas vulcânicas em 1982. Os motores travaram e só voltaram a funcionar quando o avião alcançou o ar limpo abaixo da nuvem de cinzas vulcânicas.[Imagem: British Airways/Captain Eric Moody]
Monitoramento dos vulcões
Todos os anos há cerca de 60 erupções vulcânicas em todo o mundo. O monitoramento em terra é feito em um número limitado de vulcões. De fato, a maior parte dos vulcões, principalmente aqueles em localidades mais remotas, não são monitorados com regularidade.
Por isso, as medições por satélite, em tempo real, de dióxido de enxofre (SO2) e aerossóis, são essenciais para avaliar, em nível global, o impacto das erupções vulcânicas tanto sobre o controle do tráfego aéreo como para a segurança do público em geral.
De forma a assegurar que os riscos vulcânicos cheguem ao conhecimento dos controladores de voo, a Europa criou os Centros de Aconselhamento em Cinzas Vulcânicas (VAACs), estabelecidos em 1995 para reunir informações relativas às nuvens de cinzas vulcânicas, avaliando o eventual risco para a aviação.
Como forma de auxiliar os VAACs nas suas tarefas, a Agência Espacial Europeia (ESA) criou o Serviço de Suporte ao Controle da Aviação (SACS), enviando emails com alertas, em tempo real, relativos aos níveis de SO2 na atmosfera. Para cada alerta, é gerado um mapa em torno do pico de SO2 que desencadeou o alerta.
Além de ser enviada para os VAACs, esta informação - obtida a partir do instrumento SCIAMACHY, no Envisat, da ESA, GOME-2 e IASI, no MetOp, OMI no EOS-Aura e AIRS, no Aqua - é enviada também para unidades de observação vulcanológica, organizações de cuidados de saúde, cientistas, etc.
Perigos dos vulcões para os aviões
O atual episódio do vulcão da Islândia mostrou que as autoridades precisam de dados mais precisos acerca da altitude alcançada pelas colunas de cinzas vulcânicas.
Além disso, a previsão do movimento dessas nuvens é essencial para determinar se os aviões podem passar em segurança por cima ou por baixo delas.
Por isso, a ESA anunciou a criação de um novo serviço, o Suporte à Aviação para o Escape às Cinzas Vulcânicas (SAVAA), que visa montar um sistema de monitoramento capaz de integrar dados de satélites e de medições meteorológicas de forma a calcular a altura das emissões, usando a trajetória das nuvens e a chamada modelação inversa.
Além disso, o projeto SAVAA fornecerá dados complementares aos alertas de SO2 dos SACS, através de avisos da ocorrência de cinzas vulcânicas para os VAACs baseados em medições de satélites na faixa do infravermelho.
Fonte: Site Inovação Tecnológica
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