Um atropelamento é o motivo para que a explosão em um Fokker 100 da TAM em 1997, que causou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos, siga sem condenados e sem esperança de solução 13 anos depois.
Técnicos avaliam rombo causado por bomba na fuselagem do avião da TAM, em julho de 1997
O avião Fokker 100, prefixo PT-WHK, que fazia a rota Vitória-São Paulo, sofreu uma explosão no ar 23 minutos antes do horário previsto para pousar no Aeroporto de Congonhas, em 9 de julho de 1997. O estouro provocou um rombo de cerca de 3 metros na fuselagem da aeronave, fazendo com que Campos, de 38 anos, fosse arremessado para fora.
O engenheiro despencou de uma altura de 2,4 mil metros, e seu corpo foi encontrado por uma agricultora em uma fazenda na cidade de Suzano, a 35 km de São Paulo. Dentro da aeronave, os outros 54 passageiros e 5 tripulantes viveram momentos de terror até que, quase por milagre, o comandante Humberto Angel Scarel conseguiu fazer em segurança um pouso de emergência em São Paulo.
No mesmo mês, a Polícia Federal indiciou o professor Leonardo Teodoro de Castro, então com 58 anos, um dos passageiros, como o autor da explosão. Como base do indiciamento, a polícia apontou os depoimentos contraditórios do professor, o fato de ele ter feito 13 seguros de vida dias antes da explosão e a presença, em sua casa, de um par de luvas com vestígios químicos idênticos aos da bomba.
Mas, como explicou ao iG Tales Castelo Branco, advogado de Castro, o professor nunca poderá responder pela acusação de homicídio e de 58 tentativas. Três dias depois da explosão, ele foi atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, sofreu graves lesões e ficou mais de cem dias internado. À época, a polícia chegou a cogitar a possibilidade de tentativa de suicídio, o que o advogado nega: “Foi um acidente comum, uma desgraça.”
Até 2009, a cada dois anos o professor era submetido a testes para avaliar o nível de atividade mental e se teria condições de ser julgado. Mas, segundo Castelo Branco, no ano passado o processo foi suspenso definitivamente. “O último exame demonstrou que o quadro dele não tem nenhuma possibilidade de modificação e ele foi declarado integralmente incapaz”, afirmou.
Atualmente, o professor vive em Divinópolis (MG) na companhia de uma irmã e de uma empregada. Segundo Castelo Branco, a família quer esquecer o que aconteceu. “É um incômodo essa história, um sofrimento atroz.” O advogado também diz que torcia para que Castro pudesse responder à acusação. “Seria melhor se ele estivesse bom, que tivesse enfrentado o processo e hoje (estivesse) absolvido”, afirmou.
Procurada pelo iG, a TAM informou que a aeronave foi recuperada por engenheiros da própria Fokker e voltou a voar no início de 1998, mas, desde maio de 2008, não está mais na empresa porque a companhia suspendeu as operações com aviões desse modelo. A companhia aérea afirmou também que pagou indenização aos familiares do engenheiro Fernando Campos, mas não quis divulgar o valor.
Fonte: Lecticia Maggi (iG) - Foto: AE
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