sexta-feira, 16 de julho de 2010

Atropelamento livra suspeito da explosão de avião da TAM em 1997

Em julho de 1997, engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos morreu após ser ejetado da aeronave

Um atropelamento é o motivo para que a explosão em um Fokker 100 da TAM em 1997, que causou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos, siga sem condenados e sem esperança de solução 13 anos depois.

Técnicos avaliam rombo causado por bomba na fuselagem do avião da TAM, em julho de 1997

O avião Fokker 100, prefixo PT-WHK, que fazia a rota Vitória-São Paulo, sofreu uma explosão no ar 23 minutos antes do horário previsto para pousar no Aeroporto de Congonhas, em 9 de julho de 1997. O estouro provocou um rombo de cerca de 3 metros na fuselagem da aeronave, fazendo com que Campos, de 38 anos, fosse arremessado para fora.

O engenheiro despencou de uma altura de 2,4 mil metros, e seu corpo foi encontrado por uma agricultora em uma fazenda na cidade de Suzano, a 35 km de São Paulo. Dentro da aeronave, os outros 54 passageiros e 5 tripulantes viveram momentos de terror até que, quase por milagre, o comandante Humberto Angel Scarel conseguiu fazer em segurança um pouso de emergência em São Paulo.

No mesmo mês, a Polícia Federal indiciou o professor Leonardo Teodoro de Castro, então com 58 anos, um dos passageiros, como o autor da explosão. Como base do indiciamento, a polícia apontou os depoimentos contraditórios do professor, o fato de ele ter feito 13 seguros de vida dias antes da explosão e a presença, em sua casa, de um par de luvas com vestígios químicos idênticos aos da bomba.

Mas, como explicou ao iG Tales Castelo Branco, advogado de Castro, o professor nunca poderá responder pela acusação de homicídio e de 58 tentativas. Três dias depois da explosão, ele foi atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro, na zona sul da capital paulista, sofreu graves lesões e ficou mais de cem dias internado. À época, a polícia chegou a cogitar a possibilidade de tentativa de suicídio, o que o advogado nega: “Foi um acidente comum, uma desgraça.”

Até 2009, a cada dois anos o professor era submetido a testes para avaliar o nível de atividade mental e se teria condições de ser julgado. Mas, segundo Castelo Branco, no ano passado o processo foi suspenso definitivamente. “O último exame demonstrou que o quadro dele não tem nenhuma possibilidade de modificação e ele foi declarado integralmente incapaz”, afirmou.

Atualmente, o professor vive em Divinópolis (MG) na companhia de uma irmã e de uma empregada. Segundo Castelo Branco, a família quer esquecer o que aconteceu. “É um incômodo essa história, um sofrimento atroz.” O advogado também diz que torcia para que Castro pudesse responder à acusação. “Seria melhor se ele estivesse bom, que tivesse enfrentado o processo e hoje (estivesse) absolvido”, afirmou.

Procurada pelo iG, a TAM informou que a aeronave foi recuperada por engenheiros da própria Fokker e voltou a voar no início de 1998, mas, desde maio de 2008, não está mais na empresa porque a companhia suspendeu as operações com aviões desse modelo. A companhia aérea afirmou também que pagou indenização aos familiares do engenheiro Fernando Campos, mas não quis divulgar o valor.

Fonte: Lecticia Maggi (iG) - Foto: AE

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