Segundo a instituição, a pista pode sim ter 2.535 metros, ao contrário do parecer do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), que diz que o espaço de decolagem pode chegar a, no máximo, 1.900 metros.
As informações da Infraero foram passadas ao senador Renato Casagrande, em uma reunião realizada ontem em Brasília.
Segundo o senador, os diretores de Engenharia, Jaime Parreira, e de Operações, Márcio Jordão, da Infraero, estarão no Estado, no dia 26, para falar sobre a ampliação do terminal. "A visita deles terá a intenção de esclarecer que o Aeroporto de Vitória tem condições de ser ampliado sem causar prejuízos", afirma Casagrande.
Os representantes da entidade vão analisar o cronograma das obras e também conversar com o Ministério Público Federal. O órgão é autor de uma ação civil contra a Infraero, União e Agência Nacional de Avião Civil (Anac) que visa a impedir o reinício da ampliação.
Para o senador, as obras não podem ser paralisadas. "Acho que o aeroporto tem um limite. Mas não podemos brincar com isso. As obras já começaram. Muito dinheiro foi aplicado. Não dá para voltar atrás, esquecer a expansão e pensar na construção de um novo aeroporto. A Infraero está buscando as respostas para as perguntas do Ministério Público Federal", explica.
Casagrande diz que agora não é o momento de mudar o foco para outras cidades. "Nada impede que, no futuro, novos aeroportos sejam construídos em outros municípios. Mas, agora, nós vamos batalhar pela continuidade do que foi planejado", conta.
Lelo Coimbra também deve participar da reunião com os técnicos da Infraero. O deputado federal acredita que qualquer movimento contrário a expansão do terminal vai enfraquecer as obras.
"Para construir um aeroporto são 12 anos de estudo, planejamento e obras. Já temos quase oito anos de trabalho no terminal de Vitória e ainda nada foi feito. Temos então que concentrar força nisso. Ir em outra direção vai atrasar ainda mais e o Espírito Santo precisa de um aeroporto maior", afirma.
Segundo ele, pensar na construção de outros aeroportos é perder o foco. "Quando eu era vice-governador do Estado, empresários tinham o interesse de construir um aeroporto em Guarapari. Seria necessário entrar com uma contrapartida. Ao mesmo tempo a Infraero nos apresentou uma proposta para a reformar o Eurico Salles.
Então, preferimos optar em transformar o que já existia. Hoje, existe um projeto para a Serra. Agora não dá para mudar. Podemos fazer parcerias com o setor privado para construir na Serra e em Guarapari outros terminais, mas isso é para daqui a dez e 20 anos", informa. (Com a colaboração de Abdo Filho)
Caminhos para o aeroporto
A Infraero pode bater o pé e fazer, mesmo com o parecer contrário do Decea, a construção e ampliação da pista do aeroporto.
O projeto do aeroporto na Serra pode efetivamente decolar e além de receber o terminal de cargas, anseio atual da prefeitura municipal, pode ter também um terminal para passageiros. Isso, claro, se não forem resolvidos os vários imbróglios que atrapalham as obras da capital.
A prefeitura da Serra assinou, na terça-feira, um contrato com a Planway, empresa de consultoria especializada na elaboração de projetos aeroportuários. Em 90 dias a empresa entrega um relatório dizendo se a área entre os balneários de Jacaraípe e Nova Almeida está apta para receber um terminal.
Para não ter limite de capacidade, a pista do novo aeroporto teria entre 2,4 Km e 3,5 Km. O terminal pode ser público, privado e até mesmo ser administrado por uma parceria público-privada.
Outra ideia para resolver o problema aeroportuário do Estado seria construir um terminal aéreo em Setiba, em Guarapari. A região já foi avaliada pela Organização Internacional da Aviação Civil e recebeu sinal verde.
Gastos para desapropriar áreas somam R$ 1 bilhão
As obras do aeroporto de Vitória estão caras e a população não acompanha progresso no cronograma de obras. A avaliação é do Procurador da República Carlos Fernando Mazzoco, que é autor da ação civil pública movida contra a União, a Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Além do que falta ser gasto com as obras do terminal aéreo, a União acumula dívidas com áreas que terão que ser desapropriadas para a continuidade das obras. O montante chega a R$ 1,2 bilhão.
"O projeto de ampliação custa em torno de R$ 400 milhões. Foram gastos até hoje mais de R$ 100 milhões. Só para a construção da pista ainda devem ser gastos mais R$ 100 milhões. Se considerar o valor que a União ainda precisa pagar de desapropriação de área, ainda falta mais de R$ 1 bilhão. Está muito caro para termos um aeroporto que não está cumprindo o cronograma de de obras", opinou ontem em entrevista à rádio CBN.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), ligado ao Comando da Aeronáutica, se manifestou, a pedido de Mazzoco, contra o tamanho proposto pela Infraero para a nova pista do aeroporto.
Entre prós e contras
"Agora não dá para chutar a canela"
Lelo Coimbra , Deputado federal
"Quando começou a negociação para as obras de expansão do aeroporto, pilotos se manifestaram contra. Segundo eles, o ângulo de pouso era inadequado. Mas eu não tenho competência para brincar com essa discussão. Penso que agora não dá para chutar a canela do que já está em curso. Não tem estudo do governo estadual, federal nem outro qualquer que diz que o Aeroporto Eurico Salles não tem condições de ser ampliado. Vamos trabalhar para que o projeto continue."
"Não vou desistir dessa ampliação"
Renato Casagrande , Senador
"As obras do aeroporto começaram erradas. Sem projeto algum. Eu estou cansado. O capixaba está cansado dessa demora. No entanto, não vou desistir dessa ampliação. Essa obra é de grande importância para o Estado. Desistir da reforma para a construção de aeroportos não é viável. Muito dinheiro já foi aplicado. Temos que pensar em novos aeroportos para o futuro, para atender as necessidades de crescimento do Espírito Santo."
"Sem aeroporto internacional"
Jaime Cabral , Ex-diretor do aeroporto de Guarapari
"Vitória não terá um aeroporto internacional. Para receber esse tipo de pouso, é necessário uma rampa imaginária de 15 quilômetros, com interferências de até 300 metros de altura. Mas nesse espaço tem o Mestre Álvaro, com 850 metros de altura. Em 2002, foi feito um estudo para a construção do aeroporto em Setiba, que pela localização seria ideal para receber voos internacionais. O projeto ganhou autorização da Organização Internacional de Viação Civil, mas não foi para a frente."
"Serra é local mais sensato"
André Rato , Propôs a ação civil pública aberta pelo MPF
"Está mais do que provado que a pista do Aeroporto de Vitória não pode ter mais de 1.900 metros, é inseguro. O Decea e a Infraero reconhecem que há problemas. Isso inviabiliza o terminal de cargas. O mais sensato seria levar o aeroporto para a Serra, onde já há um estudo sendo elaborado para a instalação de um terminal aeroportuário para cargas. Se teremos um aeroporto seguro para cargas, por quê não levar os passageiros para lá também?"
"Não queremos impedir obras"
Carlos Fernando Mazzoco , Procurador da República
"A gente não quer impedir as obras de ampliação do aeroporto de Vitória. A reforma tem que ser feita e a ampliação também. Só queremos que seja construído seguindo requisitos mínimos de segurança. Que seja construída a pista, desde que aprovado o projeto pela autoridade aeroportuária competente. Se é prevista a construção de um shopping no entorno do aeroporto e outras obras, é preciso saber se é viável a construção de uma pista tão grande."
Fonte: Mikaella Campos (Gazeta Online) - Foto: Divulgação
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quinta-feira, 15 de abril de 2010
Infraero não aceita reduzir tamanho da nova pista do Aeroporto de Vitória (ES)
A Infraero não admite modificar o projeto para a construção da nova pista do Aeroporto Eurico Salles e vai enviar dois técnicos a Vitória para avaliar as obras de ampliação.
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