Arslanian era responsável por apurar causas do acidente que matou 228 pessoas; ele se aposentou após críticas
O homem que dirigia o Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil (BEA), da França, Paul-Louis Arslanian, não comanda mais a tarefa de elucidar a tragédia do voo Air France 447. No momento em que as críticas ao trabalho de apuração que comandava eram mais veementes, o engenheiro anunciou sua aposentadoria. Em seu lugar, caberá ao também engenheiro Jean-Paul Troadec, de 60 anos, explicar o acidente com a aeronave que fazia a rota Rio-Paris, em 31 de maio, assim como as 228 mortes causadas pela queda.
A substituição foi anunciada em uma discreta nota oficial publicada no site do BEA. Em breves dois parágrafos, o texto informa apenas que Paul-Louis Arslanian aposenta-se, mas "continuará a colaborar com o BEA, a pedido de Dominique Bussereau, secretário de Estado dos Transportes".
A mudança no órgão francês veio à tona no momento em que as críticas ao trabalho de investigação das causas do acidente com o voo AF 447 são mais fortes. Desde seu primeiro pronunciamento após o acidente, Arslanian previu uma investigação "longa e difícil" e minimizou a importância do congelamento dos pitots - sondas cujos dados são essenciais para orientar a tripulação e os sistemas eletrônicos de navegação.
Em julho, quando da publicação do primeiro relatório parcial sobre o acidente, seu assessor imediato, Alain Bouillard, chefe de investigações do BEA, definiu os pitots como "um elemento, mas não a causa" da queda.
Essa versão acabou enfraquecida por sucessivas decisões técnicas tomadas na Europa e nos Estados Unidos pelos órgãos de segurança da aviação civil, que proibiram o uso dos pitots fabricados pela Thales Avionics - medidas que reforçaram as suspeitas sobre a eficiência das peças.
No último dia 4, um estudo produzido por dois pilotos veteranos, Gérard Arnoux, também presidente do Sindicato de Pilotos da Air France, e Henri Marnet-Cornus, apontaram as falhas dos pitots como a única origem do acidente do Airbus A330.
A acusação, que recebeu destaque na mídia francesa, também recriminava os órgãos de aviação civil por não terem tomado providências diante das falhas, recorrentes desde 2008, dos sensores feitos pela Thales Avionics.
No dia seguinte, a aposentadoria de Arslanian foi decidida. O Estado tentou em vão entrevistá-lo em diferentes oportunidades. Em seu lugar, a porta-voz do BEA, Marine Del Bono, respondeu ontem que as críticas e a substituição no comando do órgão não têm relação. "Não existe vínculo algum entre a decisão de Arslanian e o acidente. A lei francesa autoriza a aposentadoria aos 65 anos, idade que ele alcançou", justificou, reiterando: "O secretário dos Transportes pediu que ele continue colaborando nas investigações."
Especialistas do site de aviação Eurocockpit afirmam que Arslanian foi afastado das funções. Já Gérard Arnoux, um dos maiores críticos ao trabalho do BEA, não é tão taxativo. "Talvez ele tivesse o direito de continuar a trabalhar após atingir os 65 anos. E talvez alguém não tenha desejado isso", disse.
Fonte: Andrei Netto (O Estado de S. Paulo)
O homem que dirigia o Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil (BEA), da França, Paul-Louis Arslanian, não comanda mais a tarefa de elucidar a tragédia do voo Air France 447. No momento em que as críticas ao trabalho de apuração que comandava eram mais veementes, o engenheiro anunciou sua aposentadoria. Em seu lugar, caberá ao também engenheiro Jean-Paul Troadec, de 60 anos, explicar o acidente com a aeronave que fazia a rota Rio-Paris, em 31 de maio, assim como as 228 mortes causadas pela queda.
A substituição foi anunciada em uma discreta nota oficial publicada no site do BEA. Em breves dois parágrafos, o texto informa apenas que Paul-Louis Arslanian aposenta-se, mas "continuará a colaborar com o BEA, a pedido de Dominique Bussereau, secretário de Estado dos Transportes".
A mudança no órgão francês veio à tona no momento em que as críticas ao trabalho de investigação das causas do acidente com o voo AF 447 são mais fortes. Desde seu primeiro pronunciamento após o acidente, Arslanian previu uma investigação "longa e difícil" e minimizou a importância do congelamento dos pitots - sondas cujos dados são essenciais para orientar a tripulação e os sistemas eletrônicos de navegação.
Em julho, quando da publicação do primeiro relatório parcial sobre o acidente, seu assessor imediato, Alain Bouillard, chefe de investigações do BEA, definiu os pitots como "um elemento, mas não a causa" da queda.
Essa versão acabou enfraquecida por sucessivas decisões técnicas tomadas na Europa e nos Estados Unidos pelos órgãos de segurança da aviação civil, que proibiram o uso dos pitots fabricados pela Thales Avionics - medidas que reforçaram as suspeitas sobre a eficiência das peças.
No último dia 4, um estudo produzido por dois pilotos veteranos, Gérard Arnoux, também presidente do Sindicato de Pilotos da Air France, e Henri Marnet-Cornus, apontaram as falhas dos pitots como a única origem do acidente do Airbus A330.
A acusação, que recebeu destaque na mídia francesa, também recriminava os órgãos de aviação civil por não terem tomado providências diante das falhas, recorrentes desde 2008, dos sensores feitos pela Thales Avionics.
No dia seguinte, a aposentadoria de Arslanian foi decidida. O Estado tentou em vão entrevistá-lo em diferentes oportunidades. Em seu lugar, a porta-voz do BEA, Marine Del Bono, respondeu ontem que as críticas e a substituição no comando do órgão não têm relação. "Não existe vínculo algum entre a decisão de Arslanian e o acidente. A lei francesa autoriza a aposentadoria aos 65 anos, idade que ele alcançou", justificou, reiterando: "O secretário dos Transportes pediu que ele continue colaborando nas investigações."
Especialistas do site de aviação Eurocockpit afirmam que Arslanian foi afastado das funções. Já Gérard Arnoux, um dos maiores críticos ao trabalho do BEA, não é tão taxativo. "Talvez ele tivesse o direito de continuar a trabalhar após atingir os 65 anos. E talvez alguém não tenha desejado isso", disse.
Fonte: Andrei Netto (O Estado de S. Paulo)
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