Nas próximas semanas, a Embraer entrega o primeiro Phenom 100, considerado o mais luxuoso jatinho de sua categoria. Com crise e tudo, a fila de espera por um desses vai até 2013
Foto: Feira de aviação executiva: vendas de cerca de 200 bilhões de dólares nos próximos dez anos
Entre os aviões produzidos pela Embraer, fabricante brasileira de reconhecimento mundial, poucos foram tão aguardados como o Phenom 100. Desenvolvido nas pranchetas, nos túneis de vento e nos hangares da empresa, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, o jatinho demorou mais de três anos para ficar pronto e os primeiros modelos serão finalmente entregues nas próximas semanas. A expectativa em torno do Phenom 100 não se deve somente ao tempo de espera para sua conclusão, e sim a uma condição pouco comum a produtos desenvolvidos no Brasil. O jato da Embraer é considerado pelas publicações especializadas e pela bíblia do luxo mundial, a revista Robb Report, como o melhor e mais luxuoso de sua categoria. Entre os very light jets, os pesos-pena da aviação executiva, o Phenom 100 é aquele que oferece mais espaço, mais conforto e um grau de personalização inédito entre seus pares. Graças em parte a essas credenciais, já foram vendidas quase 600 unidades do jatinho e a fila de espera, mesmo com as incertezas do cenário econômico, já está em 2013. Ou seja: quem quiser um desses terá de esperar mais quatro anos.
EXAME foi até a sede da Embraer, em São José dos Campos, para conhecer mais detalhes da aeronave. Dentro do avião, fica mais fácil compreender por que ele vem causando frisson na clientela de luxo. Produzido sob encomenda, o Phenom é um dos poucos aviões de pequeno porte que permitem ao proprietário escolher cores e materiais que serão usados na cabine de passageiros. Se o cliente quiser, por exemplo, as poltronas podem ser estofadas com couro de ovelha. E os metais de maçanetas e poltronas podem vir banhados a ouro, um tipo de adorno que tem feito sucesso entre os compradores do Oriente Médio. Além disso, na configuração mais luxuosa, o Phenom 100 traz alguns mimos que ajudam a viagem a passar mais depressa. O avião pode ser equipado com sistema de telefonia por satélite, internet, monitores de vídeo para cada poltrona e ar-condicionado com controle de temperatura variável para cada área da cabine. A competitividade da Embraer nesse mercado é uma conjunção desses atributos. Na configuração mais simples, o Phenom custa 3,4 milhões de dólares, cerca de 500 000 dólares a mais que seu principal concorrente, o Cessna Mustang. Mas é 1 milhão de dólares mais barato do que o CJ1, também da americana Cessna, que oferece conforto semelhante, mas está em uma categoria acima. Com a inclusão de todos os acessórios disponíveis, o preço aumenta em 500 000 dólares.
Por dentro do Phenom 100
Nos próximos dez anos, o setor de aviação executiva global deve faturar algo como 200 bilhões de dólares. Mesmo com o aprofundamento da crise, essa estimativa não foi revista. As coisas podem mudar? Sim. Mas a Embraer ainda acredita que esse mercado, impulsionado pela globalização e pela necessidade cada vez maior de mobilidade por parte dos executivos, cresça mais do que o hoje combalido setor de aviação civil. A empresa investiu cerca de 235 milhões de dólares no desenvolvimento do Phenom 100 e de seu irmão maior, o Phenom 300, com previsão de lançamento para 2009. O interior da cabine do Phenom 100, por exemplo, foi projetado em parceria com a divisão de design da montadora alemã BMW. A idéia era garantir o melhor aproveitamento possível de sua área interna. Enquanto alguns concorrentes mal conseguem acomodar três pessoas, o Phenom 100 tem cabine para quatro passageiros, com espaço suficiente para esticar as pernas, banheiro privativo, minibar e compartimento de bagagem capaz de transportar dois pares de esquis e 12 malas". Usando materiais mais leves e ocupando todos os cantos possíveis, a Embraer conseguiu uma cabine alta para esse tipo de aeronave, com cerca de 1 metro e meio de altura. Não chega a ser uma altura fantástica, mas é muito menos claustrofóbico que seus concorrentes, o Cessna Mustang e o Eclipse 500.
Na aviação executiva, a parte tecnológica exerce hoje um papel crucial - por proporcionar mais segurança ou mais conforto. Diferentemente da maioria das fabricantes de pequenos jatos, a Embraer domina a tecnologia de grandes aeronaves e equipou o Phenom 100 com o que há de mais avançado no mercado. A começar por seu sistema de navegação, que permite ao piloto uma visualização virtual em três dimensões do espaço a seu redor, mesmo em condições adversas, como chuva intensa ou neblina forte. A aplicação de recursos usados nos jatos comerciais também permitiu que a autonomia do Phenom ultrapassasse 3 horas e meia de vôo, o suficiente para ir de São Paulo a Buenos Aires ou de Nova York a Miami. Com velocidade superior a 700 quilômetros por hora e a uma altitude de 12 500 metros, o jato voa acima das nuvens, o que diminui o risco de turbulência. Graças ao moderno sistema de navegação, ele pode pousar em pistas relativamente curtas, uma característica fundamental para quem usa o jatinho para ir a pequenas cidades ou a fazendas. Para percursos mais longos, no entanto, é melhor procurar outro avião. Uma viagem até Nova York, por exemplo, exigiria cinco escalas e demoraria mais tempo do que um vôo de carreira. "Ele definitivamente não foi feito para esse fim", diz Luiz Carlos Affonso, vice-presidente da área de aviação executiva da Embraer.
O posicionamento do Phenom 100 como very light jet revela um aprendizado com os problemas enfrentados pelo Legacy, o primeiro avião executivo da Embraer. Quando foi lançado, o Legacy era apresentado aos potenciais compradores como um jato muito mais barato do que seus concorrentes na categoria dos super mid-size. Os aviões dessa classe têm autonomia para viagens longas, espaço para mais de 15 pessoas e, dependendo da configuração, podem vir equipados com um sofá que vira cama de casal. Um Legacy custava cerca de 24 milhões de dólares, ante os mais de 30 milhões dos rivais da Bombardier e da Cessna, por exemplo. O apelo de ser o mais barato, porém, causou um sério dano de imagem. O Legacy passou a ser visto como um jato de segunda categoria. "Isso foi corrigido, seu interior foi redesenhado e ele foi reposicionado", diz Affonso. As lições foram estendidas também para a área de vendas. Enquanto as instalações da divisão de aviação executiva de Bombardier, Gulfstream e Dassault são superluxuosas, a área de jatos corporativos da Embraer em São José dos Campos mantém a cultura espartana da empresa. Diante da expressão de decepção de alguns clientes, a Embraer decidiu investir 50 milhões de dólares em uma unidade que será inaugurada em 2010 na Flórida, nos Estados Unidos. Lá, os clientes poderão escolher o acabamento das aeronaves, visitar modelos em tamanho real, negociar condições de pagamento e retirar seus jatos. Tudo em um ambiente de sofisticação.
Fonte: Portal Exame - Foto: Divulgação
Foto: Feira de aviação executiva: vendas de cerca de 200 bilhões de dólares nos próximos dez anos
Entre os aviões produzidos pela Embraer, fabricante brasileira de reconhecimento mundial, poucos foram tão aguardados como o Phenom 100. Desenvolvido nas pranchetas, nos túneis de vento e nos hangares da empresa, em São José dos Campos, no interior de São Paulo, o jatinho demorou mais de três anos para ficar pronto e os primeiros modelos serão finalmente entregues nas próximas semanas. A expectativa em torno do Phenom 100 não se deve somente ao tempo de espera para sua conclusão, e sim a uma condição pouco comum a produtos desenvolvidos no Brasil. O jato da Embraer é considerado pelas publicações especializadas e pela bíblia do luxo mundial, a revista Robb Report, como o melhor e mais luxuoso de sua categoria. Entre os very light jets, os pesos-pena da aviação executiva, o Phenom 100 é aquele que oferece mais espaço, mais conforto e um grau de personalização inédito entre seus pares. Graças em parte a essas credenciais, já foram vendidas quase 600 unidades do jatinho e a fila de espera, mesmo com as incertezas do cenário econômico, já está em 2013. Ou seja: quem quiser um desses terá de esperar mais quatro anos.
EXAME foi até a sede da Embraer, em São José dos Campos, para conhecer mais detalhes da aeronave. Dentro do avião, fica mais fácil compreender por que ele vem causando frisson na clientela de luxo. Produzido sob encomenda, o Phenom é um dos poucos aviões de pequeno porte que permitem ao proprietário escolher cores e materiais que serão usados na cabine de passageiros. Se o cliente quiser, por exemplo, as poltronas podem ser estofadas com couro de ovelha. E os metais de maçanetas e poltronas podem vir banhados a ouro, um tipo de adorno que tem feito sucesso entre os compradores do Oriente Médio. Além disso, na configuração mais luxuosa, o Phenom 100 traz alguns mimos que ajudam a viagem a passar mais depressa. O avião pode ser equipado com sistema de telefonia por satélite, internet, monitores de vídeo para cada poltrona e ar-condicionado com controle de temperatura variável para cada área da cabine. A competitividade da Embraer nesse mercado é uma conjunção desses atributos. Na configuração mais simples, o Phenom custa 3,4 milhões de dólares, cerca de 500 000 dólares a mais que seu principal concorrente, o Cessna Mustang. Mas é 1 milhão de dólares mais barato do que o CJ1, também da americana Cessna, que oferece conforto semelhante, mas está em uma categoria acima. Com a inclusão de todos os acessórios disponíveis, o preço aumenta em 500 000 dólares.
Por dentro do Phenom 100
Nos próximos dez anos, o setor de aviação executiva global deve faturar algo como 200 bilhões de dólares. Mesmo com o aprofundamento da crise, essa estimativa não foi revista. As coisas podem mudar? Sim. Mas a Embraer ainda acredita que esse mercado, impulsionado pela globalização e pela necessidade cada vez maior de mobilidade por parte dos executivos, cresça mais do que o hoje combalido setor de aviação civil. A empresa investiu cerca de 235 milhões de dólares no desenvolvimento do Phenom 100 e de seu irmão maior, o Phenom 300, com previsão de lançamento para 2009. O interior da cabine do Phenom 100, por exemplo, foi projetado em parceria com a divisão de design da montadora alemã BMW. A idéia era garantir o melhor aproveitamento possível de sua área interna. Enquanto alguns concorrentes mal conseguem acomodar três pessoas, o Phenom 100 tem cabine para quatro passageiros, com espaço suficiente para esticar as pernas, banheiro privativo, minibar e compartimento de bagagem capaz de transportar dois pares de esquis e 12 malas". Usando materiais mais leves e ocupando todos os cantos possíveis, a Embraer conseguiu uma cabine alta para esse tipo de aeronave, com cerca de 1 metro e meio de altura. Não chega a ser uma altura fantástica, mas é muito menos claustrofóbico que seus concorrentes, o Cessna Mustang e o Eclipse 500.
Na aviação executiva, a parte tecnológica exerce hoje um papel crucial - por proporcionar mais segurança ou mais conforto. Diferentemente da maioria das fabricantes de pequenos jatos, a Embraer domina a tecnologia de grandes aeronaves e equipou o Phenom 100 com o que há de mais avançado no mercado. A começar por seu sistema de navegação, que permite ao piloto uma visualização virtual em três dimensões do espaço a seu redor, mesmo em condições adversas, como chuva intensa ou neblina forte. A aplicação de recursos usados nos jatos comerciais também permitiu que a autonomia do Phenom ultrapassasse 3 horas e meia de vôo, o suficiente para ir de São Paulo a Buenos Aires ou de Nova York a Miami. Com velocidade superior a 700 quilômetros por hora e a uma altitude de 12 500 metros, o jato voa acima das nuvens, o que diminui o risco de turbulência. Graças ao moderno sistema de navegação, ele pode pousar em pistas relativamente curtas, uma característica fundamental para quem usa o jatinho para ir a pequenas cidades ou a fazendas. Para percursos mais longos, no entanto, é melhor procurar outro avião. Uma viagem até Nova York, por exemplo, exigiria cinco escalas e demoraria mais tempo do que um vôo de carreira. "Ele definitivamente não foi feito para esse fim", diz Luiz Carlos Affonso, vice-presidente da área de aviação executiva da Embraer.
O posicionamento do Phenom 100 como very light jet revela um aprendizado com os problemas enfrentados pelo Legacy, o primeiro avião executivo da Embraer. Quando foi lançado, o Legacy era apresentado aos potenciais compradores como um jato muito mais barato do que seus concorrentes na categoria dos super mid-size. Os aviões dessa classe têm autonomia para viagens longas, espaço para mais de 15 pessoas e, dependendo da configuração, podem vir equipados com um sofá que vira cama de casal. Um Legacy custava cerca de 24 milhões de dólares, ante os mais de 30 milhões dos rivais da Bombardier e da Cessna, por exemplo. O apelo de ser o mais barato, porém, causou um sério dano de imagem. O Legacy passou a ser visto como um jato de segunda categoria. "Isso foi corrigido, seu interior foi redesenhado e ele foi reposicionado", diz Affonso. As lições foram estendidas também para a área de vendas. Enquanto as instalações da divisão de aviação executiva de Bombardier, Gulfstream e Dassault são superluxuosas, a área de jatos corporativos da Embraer em São José dos Campos mantém a cultura espartana da empresa. Diante da expressão de decepção de alguns clientes, a Embraer decidiu investir 50 milhões de dólares em uma unidade que será inaugurada em 2010 na Flórida, nos Estados Unidos. Lá, os clientes poderão escolher o acabamento das aeronaves, visitar modelos em tamanho real, negociar condições de pagamento e retirar seus jatos. Tudo em um ambiente de sofisticação.
Fonte: Portal Exame - Foto: Divulgação
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