terça-feira, 25 de novembro de 2025

Um ano após pegar fogo, avião que levava carga dos Correios será desmontado

Avião da Total Linhas Aéreas que pegou fogo durante voo em 2024 (Imagem: Alexandre Saconi)
Em 9 de novembro de 2024, quase acontecia uma tragédia sobre os céus de São Paulo. Por poucos instantes, uma avião cargueiro com destino ao aeroporto de Guarulhos não pegava fogo nos céus, correndo o risco de cair sobre áreas densamente povoadas.

Hoje, um ano após o fato, o avião que foi tomado pelas chamas logo após pousar está parado em uma área restrita do aeroporto e começará a ser desmontado nos próximos dias segundo a operadora.

O acidente


No dia 8 de novembro de 2024, o avião Boeing 737-400 de matrícula PS-TLB, pertencente à Total Linhas Aéreas, decolou do aeroporto de Vitória com destino a Guarulhos, em São Paulo. A bordo, uma carga dos Correios, que contratou a empresa aérea para realizar algumas de suas rotas aéreas de entregas.

A previsão era de que o voo durasse cerca de uma hora e meia, pousando em um horário onde o aeroporto não estaria tão movimentado. Quando sobrevoavam a cidade de São José dos Campos, faltando poucos quilômetros para o destino, um alarme de fumaça soou na cabine.

Ele partiu de detectores instalados no compartimento de carga principal do avião, que estava voando a cerca de 11 km de altitude. Diante do cenário, os pilotos pediram para realizar um pouso de emergência em Guarulhos, que era o aeroporto mais viável naquele momento.

Avião da Total ainda na pista após incêndio ocorrido em 2024: Aeronave teve perda total (Imagem: Reprodução)
A fuselagem do avião foi aberta pelas chamas durante o voo, enquanto os pilotos lutavam para conseguir pousar em segurança diante dos diversos avisos de perigo que surgiam nos painéis da aeronave.

Minutos depois, os pilotos conseguiram pousar e saíram pelas janelas da cabine de comando, já que a parte traseira do avião estava tomada pelas chamas. Imediatamente, os bombeiros do aeroporto, que já estavam de prontidão, realizaram o combate ao incêndio, exterminando as chamas.

O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão ligado à FAB (Força Aérea Brasileira), iniciou as investigações no mesmo dia, liberando a aeronave e a pista logo depois.

A polêmica


Embora a investigação oficial sobre as causas da queda ainda estejam em andamento, acredita-se que o incêndio tenha sido iniciado por baterias eletrônicas que estavam sendo transportadas. Essa hipótese, entretanto, ainda deverá ser confirmada.

Sobre o transporte de itens de risco, há uma disputa de responsabilidades: quem deveria saber o que estava sendo transportado e garantir a segurança?

Questionado pelo UOL, os Correios responderam que "realizam diariamente procedimentos de fiscalização da carga, para identificar e separar objetos considerados perigosos para o transporte". Ainda complementam que, "Em 50 anos de existência do transporte aéreo de carga, esse foi o primeiro acidente grave envolvendo aeronave a transporte de carga dos Correios".

Os pacotes postais são entregues fechados para as transportadoras, que se incubem de realizar o transporte. Quanto à responsabilidade de fiscalizar a carga, se a empresa aérea teria autorização para isso, já que é crime violar correspondência alheia, os Correios enviaram a seguinte resposta:

"Conforme o Código Brasileiro de Aeronáutica, o operador aéreo tem total autonomia para recusar o transporte de determinado objeto, caso entenda que represente risco à segurança operacional ou que não esteja em conformidade com as normas aplicáveis. Portanto, mesmo não podendo violar a embalagem, em virtude do sigilo postal, a empresa aérea pode recusar o transporte daquela embalagem".

O proprietário da empresa, Paulo Almada, em entrevista ao UOL, questionou qual a sua real capacidade de fiscalização, já que está lidando com itens entregues pelos Correios. "Como que eu posso fazer isso [fiscalizar as encomendas], sendo que tudo é feito no centro de distribuição deles [os Correios]. Eu sou obrigado a receber o palete de acordo com o que eles fazem", questiona o executivo.

Qual o destino da aeronave?


A aeronave está em uma área restrita do aeroporto de Guarulhos, entre o pátio de operações VIP e a Base Aérea, do lado oposto do terminal de passageiros. Segundo Almada, ela começará a ser desmontada nos próximos dias.

Avião da Total Linhas Aéreas no aeroporto de Guarulhos: Empresa continuou operação com outras aeronaves mesmo após outra aeronave ter pego fogo durante voo (Imagem: Alexandre Saconi)
Após o seguro ter sido pago, o empresário adquiriu os restos salvados da aeronave, já que ainda há diversas partes úteis, como os motores e os aviônicos, que podem ser usados em outros aviões da companhia. O valor da negociação não foi revelado.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

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