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| Motor de caça MiG-15 adaptado para limpar neve e secar pista de aeroportos na Rússia (Imagem: Reprodução) |
Na Rússia, principalmente na região gelada da Sibéria, é comum ver caminhões equipados com motores retirados de aviões em operação no inverno. Essas máquinas inusitadas são capazes de limpar pistas de aeroportos em poucos minutos, lançando jatos de ar quente sobre a neve e o gelo, deixando-as prontas para o uso.
O que pouca gente imagina é que muitas dessas peças vieram de motores de caças MiG-15 aposentados, que foi lançado no fim da década de 1940. Esse caça foi um dos primeiros jatos a ser produzido em larga escala na União Soviética, acumulando milhares de unidades.
Quando ele começou a sair de serviço, restaram muitos motores em estoque, que ganharam uma nova função longe do campo de batalha. Hoje, apenas a Coreia do Norte possui MiGs-15 em serviço, mas são poucas unidades e apenas para treinamento.
Soprador a jato
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| Motor de caça soviético é adaptado em veículo para limpar neve e secar pista de aeroporto (Imagem: Rostec) |
Os motores Klimov VK-1, do MiG-15, são derivados do motor britânico Rolls-Royce Nene. Eles foram adaptados em caminhões pesados de seis rodas, sendo instalados na carroceria. O bico de exaustão é direcionado para baixo e para trás, projetando o jato quente diretamente contra a superfície da pista coberta de neve.
Ao ser acionado, o motor sopra ar superaquecido, que pode chegar a 600°C e ser expelido em alta velocidade, derretendo e empurrando a neve em instantes. Esse sistema é muito eficiente, pois a neve é jogada para longe e as camadas de gelo são derretidas sem que seja necessário raspar ou danificar a pista.
Entre as principais vantagens desse sistema está a velocidade, já que uma área que exigiria várias horas de trabalho de máquinas de limpeza tradicionais pode ser liberada em poucos minutos, e com mais eficiência, já que derrete até a camada de gelo aderida à superfície. Outro benefício é ajudar preservar a superfície da pista, sem arranhar o asfalto ou comprometer as marcações e luzes de orientação.
Para isso, os sopradores a jato consomem enormes quantidades de combustível e geram níveis altíssimos de ruído, afinal, eram de jatos. Além disso, produzem grande emissão de gases poluentes, um desafio para aeroportos que buscam reduzir seu impacto ambiental.
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| Veículo com motor de caça adaptado limpa o convés do porta-aviões russo Almirante Kuznetsov (Imagem: Rostec) |
De onde veio a inspiração
A prática de reaproveitar motores militares surgiu nos anos 1960, quando a União Soviética tinha abundância de peças aeronáuticas em depósitos. Em vez de descartar milhares de motores e turbinas ainda operacionais, engenheiros buscaram aplicações civis.
Além do uso em aeroportos, locomotivas e veículos ferroviários de manutenção já foram equipados com motores a jato para desobstruir trilhos cobertos de neve.
Outros casos
Não foi apenas a União Soviética que percebeu a utilidade de motores e turbinas fora do padrão. Nos EUA, algumas pistas de corrida da Nascar (Associação Nacional de Corridas de Stock Car) contam com veículos adaptados com turbinas aeronáuticas, conhecidas como jet dryers.
Elas servem para secar o asfalto após chuva ou para derreter gelo. Até hoje, versões modernizadas desses veículos ainda podem ser vistas em provas de automobilismo.
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)



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