Flaps (ou flapes) de avião são, em uma linguagem bem simples, uma espécie de extensão das asas e servem para dar maior sustentação à aeronave, especialmente em velocidades mais baixas. Eles têm uma importância enorme para auxiliar nas decolagens e, principalmente, proporcionar aterrissagens seguras.
O comandante Paulo Alonso, consultor técnico da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), explicou que essas superfícies de hipersustentação do avião são instaladas na parte de trás da asa e ficam embutidas durante voos de cruzeiro, pois não são necessárias para sustentação neste cenário específico.
Flaps devem funcionar durante a decolagem e o pouso de um avião (Imagem: Lakob Chuck/Envato/CC) |
No caso das decolagens, os flaps funcionam como equalizadores para produzir a melhor combinação entre sustentação máxima e mínimo arrasto. Desta forma, o avião percorrerá a menor distância necessária em solo antes de atingir a velocidade necessária para sair do chão.
A função dos flaps nas aterrissagens começa já na fase de aproximação para o pouso. Neste momento, os passageiros sentem os freios aerodinâmicos trabalhando e a sensação de o corpo ser empurrado para a frente. Em entrevista ao site Airway, Alberto Correnti, diretor de Operações da Gol, explicou o fenômeno.
Segundo o executivo da companhia aérea, durante a aterrissagem os flaps são estendidos ao máximo, em um posicionamento que "alonga a asa" e produz dois efeitos, que são os aumentos de sustentação e de arrasto. Isso, de acordo com Correnti, “provoca diminuição de velocidade e variação de altitude controlada”.
Quando surgiram os flaps?
Os dados históricos à respeito de alguns fatos envolvendo a aviação apresentam versões distintas, e um deles aponta para a invenção dos flaps se originando em 1908, graças ao francês Henri Farman. Ele teria inventado o chamado flap de ponta de fuga, que hoje é conhecido como aileron, um dispositivo diferente do flap tradicional.
A ideia de usar os flaps como forma de aumentar a sustentação e diminuir a velocidade da aeronave, porém, apareceu com mais clareza em 1914, na Royal Aircraft Factory, da Grã-Bretanha. O projeto, no entanto, acabou não emplacando comercialmente e ficou na gaveta por mais algum tempo.
Em 1916, finalmente os flaps passaram a ser utilizados em aviões. Isso aconteceu porque a Fairey Aviation Company resolveu fazer uma série de modificações em um Fairey Hamble Baby. O toque final, porém, chegou em 1920, ano em que Harlan Davey Fowler, que prestava serviço para o Exército dos Estados Unidos, criou o flap de Fowler, ou aba de Fowler, dando início aos flaps que conhecemos hoje.
Flaps têm importância fundamental no pouso e na decolagem do avião (Imagem: Varyapigu/Envato/CC) |
Todo avião tem flaps?
A resposta curta e objetiva para quem quer saber se todo avião tem flaps é “sim”. Desde a aeronave pequena até o maior jato do mundo, todas possuem o dispositivo, pois ele é imprescindível para dar sustentação e ajudar na segurança em momentos cruciais do voo, como pouso e decolagem.
O cenário, porém, pode mudar. Principalmente se os princípios aplicados pela BAE Systems em 2019 conseguirem ser expandidos para aeronaves maiores. Na ocasião, a empresa britânica divulgou que um avião construído sem flaps em parceria com a Cranfield University conseguiu, com sucesso, efetuar um voo completo.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, o avião, do tipo drone, chamava-se Magma e era capaz de soprar ar do motor, em velocidade supersônica, por pequenos buracos nas asas, e em diferentes direções. Isso substituiu, segundo a BAE Systems, a função executada pelos flaps.
Os engenheiros da empresa britânica chegaram a afirmar que a tecnologia será revolucionária, pois deixará os aviões “leves, baratos e confiáveis”. Por enquanto, porém, quase quatro anos depois da experiência, nenhum outro avanço significativo foi divulgado pela BAE a respeito do Magma.
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